Saúde e Bem-Estar

O seu filho não distingue algumas cores? Atenção! Pode ser daltónico!

10 Abril, 2018

cores

Identificar as cores é uma situação básica para qualquer ser humano. Pelo menos é assim que grande parte pensa. Mas este pensamento está errado.

Há quem olhe para um azul e não veja essa cor como o comum dos mortais. E a isso não se chama preguiça, nos mais pequenos, ou distração, nos mais crescidos. A esta perturbação chamamos daltonismo. E como se caracteriza, afinal de contas, um daltónico?

«É uma pessoa que tem um défice que pode ir desde o chamado daltonismo relativo, em que há apenas uma cor em que ele tem mais dificuldades, até a um daltonismo radical. Nesse caso ele vê o mundo, passo a expressão, entre o branco e o preto, cinzas», começa por explicar o Professor Doutor Eugénio Leite, oftalmologista e diretor clínico das Clínicas Leite. 

«Normalmente, grande parte destas situações são daltonismos relativos, que é o vermelho, azul e verde. É um destes eixos que está afetado. Tem a ver essencialmente com os recetores. Os cones e os bastonetes. Basicamente não nos interessa os bastonetes, interessam-nos os cones, que são o fotorecetor que vão identificar a cor. Depois há aqui as combinações de cor. Obviamente são combinações das cores básicas. E se um destes eixos está afetado, a pessoa até vê o mundo com algumas cores, mas aquela cor, o vermelho, não vai ver. Ou seja, vai ter dificuldade em identificar», continua.

Esta deficiência (sim, o daltonismo é uma deficiência!) representa «cerca de oito por cento no caso dos homens e é menor no caso das mulheres, porque está ligado ao cromossoma X, o que significa cerca de um por cento». E se pensa que a qualquer momento pode ficar com este problema, desengane-se, porque o daltonismo nasce connosco e é hereditário. «Nós nascemos daltónicos e depois há um conjunto de causas que pode levar ao aparecimento do daltonismo, por alteração precisamente dos fotorecetores. Digamos que há aqui duas modalidades: é uma doença hereditária, mas também há patologia que dá este tipo de situação», acrescenta o Professor Eugénio Leite.

Muita atenção aos sinais que o seu filho lhe dá

Se o seu filho, recorrentemente tiver dificuldade em identificar as cores, fique alerta. Por vezes não se trata de preguiça, ele pode é não ver as cores da mesma forma. «Felizmente não são muitos os casos, mas tenho alguns identificados. Mas lá está! Foi porque os professores na escola, quando começaram a ensinar as cores, se aperceberam. Eles fazem aquele primeiro rastreio empírico, em que detetam que a criança identifica o lápis vermelho, porque aquele lápis tem lá uma marca, mas não identificam pela cor. E começam a mostrar dificuldades nalgumas cores. Normalmente as crianças têm uma capacidade de adaptação tremenda. Ajustam o seu mundo àquilo que veem e funcionam», explica.

Para além de ter conversado com especialistas, quisemos também ouvir «o outro lado». Afonso Rodrigues tem dez anos e é daltónico. Os pais começaram a achar estranho a dificuldade que tinha em identificar as cores.

«Com cerca de quatro anos, numa altura em que é normal as crianças já conhecerem e distinguirem bem as cores, apercebi-me que o Afonso, volta e meia, me perguntava as cores de alguns lápis. O mesmo se passava na escola, onde a educadora me chegou a dizer que ele ainda não sabia as cores. Eu achei isso estranho, uma vez que o Afonso sempre foi uma criança esperta e muito desenvolta a falar. No entanto, achei por bem ir com ele a uma consulta de oftalmologia – por uma questão também de rotina – e questionar a médica acerca dessa situação. Ela fez-lhe os testes que são feitos para se descobrir o daltonismo e, sem grandes precisões, adiantou-me que o Afonso tinha uma grande probabilidade de ser daltónico… Mais ainda quando tenho já um caso na família e esta doença é hereditária», conta Rita Leal, mãe do pequeno Afonso

Leia o artigo completo aqui!

Texto: Andreia Costinha de Miranda

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