Amor e Sexo

Tuppersex! As novas reuniões que ensinam a usar brinquedos sexuais

2 Dezembro, 2019

práticas sexuais diário de Maria

É no conforto do lar que muitas mulheres preferem reunir-se para testar brinquedos sexuais. Além de aprendizagem, as tuppersex servem também de entretenimento.

A revista Maria tem-se mostrado, ao longo destes 41 anos, uma revista inovadora, com temas que estão sempre na vanguarda e que suscitam interesse nas nossas leitoras.

Há duas décadas as mulheres reuniam-se em casa umas das outras para verem demonstrações de produtos da Tupperware, lembra-se? Anos mais tarde, surgiram as reuniões dos robôs de cozinha, mas atualmente o que está a dar são as tuppersex.

Tratam-se de reuniões onde se junta um pequeno grupo de mulheres numa casa e onde se realiza, com a ajuda de uma assessora, uma demonstração das últimas novidades dos brinquedos sexuais, lingerie e cosmética sensual, acompanhando a mesma com dicas de utilização e conselhos de saúde sexual.

Normalmente, a apresentação consiste num formato divertido, proporcionando às mulheres animação, para além da aprendizagem. O negócio está a crescer bastante em Portugal, sendo que as sex shops já eram! A Maleta Vermelha é a empresa pioneira deste conceito, atuando no mercado português há cerca de 14 anos.

«Fazemos uma demonstração de produtos eróticos de uma forma elegante, educativa e bastante lúdica», começa por explicar Cláudia Sousa, uma das mulheres que gere o negócio e que também faz espetáculos de stand up comedy sobre o tema.

«Isto porque é mais fácil e cómodo para as senhoras falarem de sexo num ambiente privado, ou seja, na intimidade das suas casas e na companhia das amigas que conhecem bem», continua.

«Muitas [mulheres] nunca tiveram um orgasmo»

Contrariamente ao que se possa pensar, nestas reuniões não é obrigatório comprar. «A ideia aqui não é vender produtos. O que é essencial é que as mulheres se divirtam por duas horas (média que se demora em casa de cada cliente) e que oiçam algumas dicas sobre coisas que podem fazer com os companheiros», salienta Cláudia Sousa.

Na Maleta Vermelha, assim como na maior parte das empresas que fornecem este serviço, há sim um custo por reunião, que varia consoante a deslocação que a assessora terá de fazer. No entanto, e se for um grupo de oito pessoas, o preço situa-se entre os 6 e os 7,5 euros por cliente.

Nestas reuniões, o que fica nítido de perceber para as assessoras é que as nossas mulheres, afinal, percebem muito pouco sobre sexo. Cláudia Sousa destaca: «Aquilo que para mim me parece óbvio, lógico e de entendimento geral, não o é de todo nesta área! Ainda neste fim de semana tive uma reunião com mulheres de 50 anos. E no final disserem-me: «Aprendi mais nestas duas horas do que na minha vida inteira. Isso demonstra o quão essencial é o nosso trabalho.»

Veja também: Brinquedos sexuais não substituem um homem!

A gerente da Maleta Vermelha vai mais longe e esclarece que o orgasmo ainda é tema tabu para muitas: «Em 11 anos de trabalho, concluo que muitas mulheres nunca tiveram um orgasmo, não sabem qual é a sensação do orgasmo e nem se masturbam. E aquilo que acabamos por fazer é incentivar a que vivam melhor a sua sexualidade e que ganhem alguma independência. Acima de tudo, que percebam que não é proibido, não é antinatura conhecer o seu corpo.»

Patrícia Silva, da My Secret (outra empresa do ramo), corrobora esta versão e que muitas vezes vê nestas reuniões: «Por incrível que pareça, ainda há muitas mulheres que nunca se masturbaram. Faz-lhes confusão meter uma mãozinha lá em baixo para lhes dar prazer…»

As mulheres que frequentam as reuniões de tuppersex têm entre os 25 e os 50 anos. Quanto à demonstração dos produtos, as clientes podem experimentá-los in loco, no entanto, isto não vale para tudo, como salienta Cláudia Sousa: «Experimentam o sabor de alguns produtos, como por exemplo um lubrificante que tenha sabor, um óleo comestível, uma pintura corporal, uma espuma de massagem que costuma ser um êxito nas reuniões. Agora, os vibradores são colocados na mão e não são para enfiar em lado nenhum (risos).»

Os brinquedos com mais saída são os ligados à parte da cosmética, «porque é o que pode ser usado a dois. Normalmente, não compram só para elas, compram para o casal».

«Homens são mais inseguros»

Quando o conceito de tuppersex surgiu, em meados de 2006, as reuniões cingiam-se apenas a um grupo de mulheres. No entanto, e a pensar nas necessidades do público masculino, as empresas alargaram o negócio aos homens.

E foi a pensar nisto que a Maleta Vermelha e outras empresas, como a My Secret, começaram a oferecer reuniões mistas (onde participam casais) ou só estritamente masculinas (chamadas de maleta negra). Estas últimas (cujas faixas etárias rondam os 30 e 40 anos) são em menor número que as femininas (cerca de 10% das totais) e, no caso da Maleta Vermelha, são feitos, não por uma assessora, mas sim por um Essenciais para o seu dia.

Na opinião de Cláudia Sousa, isto acontece porque os homens ainda têm um pensamento muito machista: «Eles são mais inseguros que as mulheres. E acham que nenhum outro homem tem algo para lhes ensinar. Além de que pensam que o assessor deve ser gay e, por isso, partem do princípio que um gay não tem nada para lhes ensinar.»

E como é que eles reagem à demonstração de produtos, questionamos nós. Neste sentido, a gerente da Maleta Vermelha explica: «Estão mais à defesa e são mais engraçados. Isto porque costumam utilizar mais o humor para disfarçar as suas inseguranças.»

No entanto, e tal como as mulheres procuram saber, junto da assessora, «quais as melhores posições para se atingir o orgasmo», também os homens demonstram particular interesse em saber de que maneira podem satisfazer melhor as suas companheiras.

Veja também: Eles também são inseguros! Estes são os medos que os homens não revelam na hora do sexo
Texto: Redação Maria | Fotos: Pixabay

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