Família e Carreira

Mãe de 2 Estrelinhas: «Peguei nas minhas filhas para morrerem nos meus braços»

16 Outubro, 2018

«Às vezes imaginamos como seria se vocês estivessem cá connosco. Fazemos isso muitas vezes. O papá questiona muitas vezes como seriam as vossas carinhas.»

«Às vezes imaginamos como seria se vocês estivessem cá connosco. Fazemos isso muitas vezes. O papá questiona muitas vezes como seriam as vossas carinhas. Acho que ele gostava que fossem giras como ele. Quando vivemos algum momento mais marcante nas nossas vidas, imaginamos sempre como seria vivido se vocês ali estivessem. É inevitável. Vocês farão parte da nossa vida para sempre.»

Este é um excerto de um dos textos de Sara Calão, autora do blogue Mãe de Duas Estrelinhas. É uma espécie de «cantinho especial» onde a jovem de 31 anos desabafa sobre a perda das suas filhas, em 2017. Uma complicação na gravidez levou Sara de urgência para o hospital. Maria Leonor e Maria Rui acabaram por nascer aos seis meses de gestação. Viveram poucas semanas e a jovem não esquece cada minuto difícil que passou. Nem ela nem o marido, Bruno Roxo, de 33 anos.

Em entrevista ao site Crescer, Sara confessa que nunca mais foi a mesma pessoa, nem o marido. Mas a vontade de voltar a tentar engravidar é muita. «O sonho de ser mãe existiu sempre. Foi uma coisa que sempre quis. Sempre gostei de crianças. Foram umas filhas muito desejadas», começa por contar-nos. «Tive uma gravidez muito tranquila. Apenas muito sono e pouco apetite nos primeiros meses. Mas às 21 semanas fui parar às urgências com muitas dores nas costas, julgava eu por ter dormido mal. Foi-me diagnosticada uma infeção renal. Fiquei internada cinco dias. Estava tudo bem com as bebés, mas o colo do útero já estava a encurtar. Na véspera de fazer as 24 semanas fui novamente para as urgências com uma perda.»

O início do pesadelo

Foi aí que começou o pesadelo. As primeiras perdas de sangue deixaram o casal em pânico. «Nos dias que antecederam o internamento, andava com imensas dores nas ancas que me estavam a deixar desconfortável e não me deixavam dormir. Pensei que seria o corpo a adaptar-se a gravidez. No dia em que fui internada estava mesmo incomodada com as dores e já era quase meia noite quando fui a casa de banho e notei uma perda com uns laivos de sangue. O medo apoderou-se de nós e fomos logo para o hospital. Quando estava na sala de espera voltei a ter nova perda. Mas quando fui para a consulta de triagem a médica que me observou foi pouco correta e inicialmente desvalorizou a situação. Quando fui fazer o CTG, as enfermeiras viram logo que estava com contrações e, em ecografia, foi observado que estava com o colo do útero muito curto. E entrei para a zona da sala de partos já de cadeira de rodas sem me poder levantar. Foram-me logo administradas medicações para parar as contrações e injeções para a maturação dos pulmões das bebés», recorda aquela que começou a pensar no pior.

«Foi muito assustador, porque os cenários foram logo todos colocados. As bebés eram pequeninas, era muito cedo para nascerem e poderiam ter muitas complicações. A prioridade foi parar as contrações, o que aconteceu durante a noite e manhã. As coisas foram acalmando e fui levada para o piso do internamento.»

Desde que Sara foi internada, os médicos nunca omitiram os riscos. Todos os cenários foram colocados. «Nunca nos deram falsas esperanças…»

Leia o testemunho completo aqui!

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