Família e Carreira

Superar uma relação: Guia para um divórcio mais feliz

22 Janeiro, 2020

A história de amor chegou ao fim e o vazio instala-se. Mas nem tudo está perdido. A psicóloga explica como tornar o período cinzento em cor-de-rosa novamente.

Quando se trocam alianças, jura-se amor eterno, acredita-se que é até que a morte nos separe, mas o convívio diário mostra a muitos casais que, afinal, o final não vem só com o término da vida.

Os risos transformam- se em lágrimas, os carinhos em agressões verbais, o desejo em aversão e o amor em desprezo. É o
fim da história que um dia foi cor-de-rosa. O cinzento predomina e chega-se ao divórcio.

«E não viveram felizes para sempre… é a moderna forma de reescrever casamentos. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2013 indicam a existência de 22 500 casamentos dissolvidos por divórcio nesse ano, entre pessoas do sexo oposto, em Portugal», começa por explicar a psicóloga clínica e investigadora Patrícia Januário.

Os motivos para tal desfecho são vários. «Traços de personalidade divergentes, monotonia, alterações familiares, traição, infertilidade, insatisfação sexual, maus-tratos físicos e/ou psicológicos, entre outros», continua a especialista.

Depois do divórcio, a mulher, e o homem também, passa por um período difícil, que Patrícia Januário classifica de normal: «Dificuldade em se concentrar, zangada, irritada e/ou reativa, mais sensível, com alterações de humor, como se estivesse ‘anestesiada’, ambivalente incompreendida, frustrada, com falta de energia, como se quisesse ‘desaparecer’, culpa e remorso por coisas que não disse ou não fez», descreve.

Fazer o luto

Mas, afinal, como se supera? «É preciso fazer o luto, processo necessário e fundamental para preencher o vazio deixado por uma perda significativa», responde, acrescentando que todos os processos de luto têm váriasfases. «A negação, pois não acredita que é real; a raiva, porque há revolta pela situação lhe estar a acontecer; a negociação, quando começa a pôr a hipótese de que o divórcio é real e, por isso, tem de adotar comportamentos novos; a depressão, que passa pela tomada de consciência que é definitivo; e a aceitação, quando atinge paz e serenidade, recuperação do projeto de vida individual», explica.

Mas nem sempre é linear e “pode haver avanços e recuos ao longo destas fases”, como nos diz Patrícia Januário, alertando: «Para não se tornar patológico, tem de se atingir a fase de aceitação», sublinha.

«O que mudar»

A psicóloga e investigadora dá algumas dicas de como superar um divórcio com menos sofrimento.

«Respeite a necessidade de ficar sozinha, expresse as suas emoções, seja tristeza ou raiva, retome projetos pessoais, reorganize a rede de amigos, restabeleça o contacto com a família de origem, reorganize o novo espaço onde habita e invista noutra área de interesse geradora de bem-estar, como, por exemplo, o exercício físico», aconselha.

Em qualquer uma das fases, «o papel do psicólogo é fundamental para identificar a fase de luto em que o paciente se encontra, promover a vivência e a expressão de emoções e pensamentos que estejam a ser evitados e colaborar na reorganização da vida individual… Este processo de mudança pode acontecer de forma lenta, pois requer a superação de obstáculos psicológicos, sociais, legais e económicos», afirma.

Mas Patrícia Januária acredita que nem tudo está perdido e que ainda «há histórias de encantar… O ser humano é social, logo, uma das suas necessidades básicas será sempre amar e ser amado, nas mais diversas formas», termina.

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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: iStock

 

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