Nacional

«A vida pode ser muito f*dida». Carolina Deslandes fala sobre depressão

23 Maio, 2019

Num texto partilhado nas redes sociais, Carolina Deslandes reflete sobre a depressão e sobre a urgência de falar abertamente sobre essa doença.

Carolina Deslandes alerta para a urgência de falar sobre depressão. Num texto partilhado nas redes sociais, a cantora reflete sobre o facto de a tristeza «incomodar muita gente», sobre a falta de apoio por parte daqueles que estão «reféns dessa doença e desse estado», sobre como a «internet constrói vidas de mentira» e sobre a necessidade de respeitar «as feridas dos outros».

«Falar de tristeza incomoda muita gente. Assusta, é chato, não é apelativo nem dá vontade de ficar. Toda a gente é ‘tua mana’ quando apareces com bom ar, bem vestido, com a energia p’ra cima e vontade de brindar, mas quando estás na merda, triste demais para ir para a festa, cansada demais para fingir que está tudo bem, contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que vão dedicar o seu tempo a tirar-te do buraco mais fundo. Ninguém que falar de depressão, ninguém quer falar de solidão, isso é conversa negativa», começa por afirmar a companheira do músico Diogo Clemente.

Sem nunca especificar se se refere a si mesma, Deslandes, de 27 anos, aponta o dedo aos «julgadores» que dizem «’mas que razões é que tu tens para estar depressivo? Tens tudo na vida’». «Como se a depressão fosse uma escolha, como se fosse um ato de ingratidão com a vida, como se as pessoas não fossem reféns dessa doença e desse estado», avisa.

«Respeitem as feridas dos outros, porra. Respeitem as suas batalhas, dêem-lhes água em vez de ficarem a apontar para o deserto a gritarem que ele é interminável. A internet constrói vidas de mentira, e constrói a ilusão de que cada um pode dizer o que quer. É preciso muita sabedoria para saber gerir a liberdade de expressão e entender que magoar o outro gratuitamente não é uma expressão de liberdade, é só a constatação de que tu és prisioneiro de ti próprio. Do teu ego, das tuas merdas, da tua necessidade de denegrir o outro».

A terminar, a artista pede para que se fale de depressão «porque é urgente». «É urgente deixar que as pessoas possam procurar ajuda sem serem alvo de chacota. É urgente que as pessoas sintam que a vida delas INTERESSA. É urgente voltarmos a lembrar-nos de que somos pessoas de carne e osso e que a vida pode ser muito f*dida. Vamos falar de EMPATIA. E vamos falar de COMPAIXÃO. Se estás a ler isto, tu importas para alguém. Tu importas», conclui.

«Não conseguia explicar o porquê dela existir»

Deslandes tinha abordado a depressão, em maio de 2017, mas no caso de mulheres grávidas. Em maio de 2017, a mãe de Santiago, de dois anos, Benjamim, de um, e Guilherme, de cinco meses, dizia num texto intitulado Solidão, O Elefante da Sala, que não teve uma depressão pós-parto, mas que nem tudo é um «mar de rosas» no que toca à maternidade.

«A verdade é que todo o processo da gravidez e do nascimento do Santiago trouxeram momentos de felicidade extrema e alguns de tristeza. Tristeza essa que muitas vezes parecia tomar conta de tudo e que eu não conseguia explicar o porquê dela existir», explicou.

Leia mais aqui.

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais

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