Sempre que regressa à Bela Vida, em Festa é Festa, João Maria traz algo na manga e pouco dinheiro no bolso. Cortejar quem ele acha que pode ajudá-lo é sempre o truque mais fácil. Josefa depressa cai na conversa dele, até porque é outra deslumbrada por viver à custa de um companheiro. No entanto, o pai de Ana Carolina é surpreendido pela chegada da namorada, Joana, à aldeia, situação que deixa Corcovada ainda mais perplexa.
Ela não tem outro remédio senão albergar a jovem, mas também percebe que o neto está a mentir-lhe. Por isso, a amiga de Manel diverte-se a observar o casal, pois sabe que isso os deixa desconfortáveis. Ao jantar, ela convida Quina para se sentar à mesa com eles, porque está muito curiosa para saber mais sobre a visitante. “Ó dona Curcubanda, mas tem algum jeito eu sentar-me agora à mesa? Vou comer para a cozinha que lá é que eu estou bem. Cada macaca no seu galho, não é verdade?”, afirma com ar tímido a empregada, enquanto todos tentam convencê-la a partilhar a refeição com eles. “É uma questão de educação, Quina”, explica a patroa, apontando para Joana. “Temos uma nova convidada cá em casa, temos de estar todos aqui para lhe dar as boas-vindas”, acrescenta.
Festa é Festa: “Deixe a moça encher o bandulho”
A companheira de João Maria não consegue disfarçar o nervosismo. Corcovada esboça um sorriso e prossegue com o seu discurso provocador. “Para isso já é tarde, filha. Uma pessoa nova cá em casa é garantia de que muda tudo.” Nesse momento dirige-se ao neto: “Nunca me tinhas dito que tinhas uma namorada tão bonita. Aliás, nem nunca me tinhas dito que tinhas uma namorada”. Ele engole em seco e adianta que queria fazer surpresa. “E que rica surpresa. Joana, não é?”, acrescenta a dona da casa, pedindo a Quina que se sente. Para evitar falar, a jovem começa a comer e enche a boca com a sofreguidão de quem não via comida há que tempos – pelo menos, comida farta e deliciosa como aquela. “A moça não consegue falar de boca cheia, dona Corcovada”, atira Manel, divertido.
“Estava esganada, coitadinha. Não percebo esta gente fina, tanta finura dá-lhes para o jejum, até mete aflição.” João Maria está incomodado com os modos da namorada à mesa e pede-lhe para parar de comer. “Deixe a moça encher o bandulho à vontade. Ainda ali tenho mais uma tachada de favas, se for preciso!”, afirma Quina.
Joana limpa a boca e quando se prepara para falar, o namorado interrompe-a e inventa uma história para provar que ela é boa pessoa. “A melhor maneira de descrever a Joana é dizendo que está aqui a futura mãe dos meus filhos.” Todos ficam estáticos, até Joana, com exceção de Corcovada, que já percebeu que há ali esquema. Mantendo a pose, ela pica o neto e faz-se de desentendida. “Olhe, João Maria, fico muito contente que esteja a pensar em casar novamente, está mais do que na hora.” O casal dá um rápido e desajeitado beijo nos lábios e os presentes ficam com a clara sensação de que aquilo não é verdadeiro.
Ana Carolina percebe as intenções do pai
A jovem também percebe que as intenções do pai não são as melhores. “Um almoço não basta para falar de todas as virtudes da Joana”, continua João Maria, dando um exemplo da bondade da namorada. “Um dia, ela viu um sem-abrigo a tremer de frio e tirou o casaco haute couture para dar ao pobre homem. Infelizmente, o homem vestia três números acima e a esmola ficou sem efeito. Mas a intenção estava lá.” A filha diz com um ar irónico: “Pois, contado ninguém acredita, até parece inventado, não é?”.
Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Divulgação TVI
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