Nacional

Greve da Plural «vai estragar a vida a muitas pessoas». Novelas da TVI estão em risco

4 Dezembro, 2018

Trabalhadores do Grupo Plural Entertainment entram esta terça-feira, e até 10 de dezembro, em greve às horas extraordinárias. As gravações de «Valor da Vida» e «A Teia», da TVI, devem ser afetadas.

Começa esta terça-feira a greve de trabalhadores do Grupo Plural Entertainment (GPE), que integra a Media Capital. Até 10 de dezembro, não farão horas extraordinárias, reivindicando «melhores condições de trabalho», anunciou ontem o Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), em comunicado emitido no seu site oficial.

«É simples, as telenovelas e outros programas não são feitos nos gabinetes das administrações, são feitos pelas mãos destes trabalhadores, e é por causa do seu trabalho que os espectadores ligam a televisão. São eles que precisam de ser valorizados e respeitados», lê-se na nota, que pede «a redução do Período Normal de Trabalho, que atualmente atinge as 11 horas, durante a maioria dos dias da semana, do mês e do ano».

Luís Cunha Velho, diretor-geral do GPE, disse esta segunda-feira à Maria, à margem da apresentação de Dança com as Estrelas, estar «tranquilo» quanto ao impacto que esta paragem pode ter em «Valor da Vida» e «A Teia», as duas novelas atualmente em gravações. «Os planos vão-se manter. Não estou a diminuir a importância que a greve tem. É perfeitamente normal e legítimo. Estamos em democracia. Mas vamos acabar as ficções nas datas previstas», garantiu.

O responsável frisou ainda que «a Plural está, como sempre esteve, de braços abertos para conversar com todos os trabalhadores e com os sindicatos». «Continuamos a fazê-lo calmamente, com tranquilidade, abertura, espírito criativo e, portanto, tudo está a correr normalmente», acrescentou.

Recorde-se que o CENA-STE acusa a produtora de ter «falhado o prazo de entrega formal de uma proposta que fosse ao encontro das reivindicações apresentadas».

«Não sabemos com o que podemos contar»

A tranquilidade de Cunha Velho não se reflete no ambiente de trabalho que se vive em Bucelas, onde decorrem as filmagens da ficção emitida pela TVI. São 130 os trabalhadores que integram os quadros da empresa, aos quais acrescem os que trabalham a recibos verdes e os contratados por projeto, enumera André Albuquerque, do CENA-STE, citado pelo Dinheiro Vivo. São essencialmente estes, apurou a Maria, os mais «assustados» com esta greve.

«Há quem seja contratado para trabalhar por um determinado período de tempo. Quem está nestas condições na equipa de Valor da Vida tinha, até agora, pensado que as gravações desta novela iam terminar a 22 de dezembro e refizeram as suas vidas para depois disso. Tudo estava encaminhado nesse sentido. Isto da greve vai estragar a vida a muitas dessas pessoas», conta fonte da produção ao nosso site.

«Alguns tinham as suas agendas feitas para depois desse dia e agora, com esta greve e com o esticar das gravações, não sabemos com o que podemos contar», explica ainda.

A primeira a lançar achas para a fogueira foi Ana Sofia Martins, aquando da entrega de um Emmy Internacional a «Ouro Verde». «Ganhámos um Emmy! Que sensação boa termos o nosso trabalho reconhecido. Quando digo nosso, não é só o das pessoas que aparecem na TV… Até porque sem os técnicos não somos absolutamente nada. Técnicos esses que são explorados a nível salarial e psicológico. Que trabalham 12 horas por dia, a contratos temporários, ou a recibos, sem segurança», escreveu no seu Facebook.

Veja ainda: TVI pede calma a Rita Pereira

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Divulgação TVI

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