Nacional

Jerónimo de Sousa revela detalhes da sua infância difícil e deixa Cristina Ferreira comovida

16 Janeiro, 2020

Jerónimo de Sousa esteve n'O Programa da Cristina, na SIC, e falou das dificuldades que viveu na sua infância que deixaram Cristina comovida.

Jerónimo de Sousa, para além de líder do PCP, é o mais antigo deputado da Assembleia da República e, aos 72 anos, garante que não pretende abandonar a carreira política nos próximos anos.

Em conversa com Cristina Ferreira, esta quinta-feira, dia 16 de janeiro, na SIC, o secretário geral do PCP revelou que não pretende afastar-se da política. «Não conte com isso, Cristina!», respondeu.

Quando confrontado com o aproximar do congresso do partido (agendado para novembro) e com uma possível sucessão, Jerónimo de Sousa responde com a frase que, em novembro de 2019, já havia dito numa entrevista à TSF. «A questão do secretário geral não vai ser um problema no congresso. E mais não digo!», afirma.

Jerónimo de Sousa não confirma se continuará ou não no cargo de secretário-geral e adianta que poderá assumir outra posição, mantendo-se ativo na vida do partido. «Nesta vida nada é eterno. Posso quanto muito alterar responsabilidades mas não altero o rumo».

Jerónimo de Sousa é secretário-geral do Partido Comunista Português, desde 2004, tendo sucedido a Carlos Carvalhal.

A infância de pobreza e salário de «900 e tal euros»

Nascido em Periscoxe, concelho de Santa Iria da Azóia (no final da década de 1940 uma região essencialmente industrial e rural), Jerónimo de Sousa era o mais novo de 6 irmãos.

Nascido numa família pobre, o deputado comunista conta que «não valia a pena sonhar» com um futuro diferente. «As condições económicas levavam a que os pais desejassem que os filhos fossem rapidamente para a fábrica», conta.

Apesar das dificuldades económicas, o jovem Jerónimo, por incentivo do professor da escola primária, acabou por seguir os estudos. Uma vida de sacrifícios para um adolescente, dividido entre a vida na fábrica e a rotina da escola.

«Tinha de ir para a escola para Vila Franca de Xira. Fazia 3 quilómetros a pé até à fábrica e, ao fim do dia, ia para Vila Franca. eu saía às 17h30, tinha de ir a ate à Póvoa de Santa Iria, fazia as aulas e chegava a casa à 1 da manhã», recorda.

O preconceito de não ser «igual» aos outros políticos

O preconceito por não ser igual aos demais políticos acompanhou-o desde o primeiro dia em que entrou no palácio de São Bento, em 1975. «Chega um velho contínuo, ainda da assembleia nacional, e disse ‘faz favor, senhor doutor’. Eu disse ‘nao sou doutor’. ‘Ai desculpe, senhor engenheiro’», recorda o metalúrgico, contando ainda que os seus pares questionavam as suas capacidades intelectuais.

«Nas primeiras intervenções também tive a mesma reação de outros deputados de outras bancadas: ‘quem é que lhe escreveu o discurso?’».

O líder do PCP conta ainda que continua a ter o mesmo salário e que doa o restante para a estrutura partidária. «Nós temos uma lei que diz que o deputado não pode ser beneficiado nem prejudicado. Continuo a levar 900 e tal euros para casa. O restante é para o partido. É um compromisso de honra que temos», explica.

O elogio de Cristina Ferreira

Num registo mais sereno do que é habitual, Cristina Ferreira terminou a entrevista com um elogio que deixou o secretário geral do PCP emocionado.

«Nós nunca nos tínhamos cruzado assim. Acho que se percebeu, pela sua serenidade, pelo seu povo, porque é que gostam tanto de si. Há pessoas que são uma instituição e acho que tem de ter essa noção. Dentro do percurso político do nosso país, tem de ter essa noção, que é uma instituição».

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Texto: Raquel Costa | Fotos: Reprodução Redes Sociais e Arquivo Impala

 

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