Nacional

Manuel Luís Goucha assume papel que era de Cristina Ferreira no Você na TV!

7 Setembro, 2019

Manuel Luís Goucha admite que assumiu o papel de Cristina na dupla Maria e Goucha, revela que tem mais pontos em comum com Maria e conta o que mudou desde a saída da agora estrela da SIC.

Manuel Luís Goucha, que está nomeado nos Troféus Impala de Televisão 2019 como melhor apresentador, sente-se um homem realizado na profissão. E nem a crescente perda e audiências de Você na TV!, e agora, de Masterchef (que teve a sua pior estreia de sempre), ambos da TVI, o faz baixar os braços.

Em entrevista exclusiva, Goucha conta como tem enfrentado a perda de audiências, explica que se sente culpado pelas comparações que se fazem entre Maria Cerqueira Gomes e Cristina Ferreira, ele próprio compara as duas e admite que podia ter ficado a apresentar matutino do canal de Queluz de Baixo sozinho.

Mais, o apresentador admite que, na dupla Manel e Maria, é ele quem assume o papel que Cristina Ferreira tinha quando fazia dupla com ele.

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Entrevista a Manuel Luís Goucha

Como tem encarado esta perda de audiências?

Encaro isso com naturalidade. Em televisão passa-se de bestial a besta muito depressa. Já ganhei, já perdi…  Não me deixo melindrar com esse tipo de coisas, ora se perde ora de ganha. O que seria se alguém perdesse sempre?

O empenho e entusiasmo é o mesmo?

É muito tranquilo, não deixo de fazer televisão com o mesmo empenho e felicidade, com a mesma alegria de sempre. O problema é sempre a solução, temos é de tentar equilibrar. Durante 14 anos ganhámos. Durante oito anos a Júlia (Pinheiro) não ganhou uma única manhã… alguém a viu sem garra? E lá estava ela, haveria dias com o programa melhor do que o nosso. É natural em televisão. Temos é de ir luta e tentar reverter com criatividade. Estou muito esperançado com 2020. Não digo que seja a reviravolta, mas há programas muito interessantes.

Isto é muito interessante como exercício de humildade… Quando se ganha muito descansamos à sombra da bananeira. Às vezes é bom para nos fazer pensar e reequacionar. Estamos a ir à luta. Tivemos momentos menos bons como o concurso de culinária que nos atirou para o terceiro lugar, por exemplo. Agora estamos em segundo, estamos melhor. Acredito muito nesta nova equipa.

Filipa Garnel (nova diretora de programas da TVI) recebeu duras criticas…

Mas não se pode esperar que uma direção entre e que mude o canal em 15 dias, leva três meses no mínimo. Acredito muito na Felipa. Atenção, agradeço muito a anterior direção. O Bruno Santos confiou em mim…

Cristina disse que tinha sido ela a construir o Você Na TV!

O que eu sempre disse e o que ela terá dito é que muitas das ideias do Você na TV eram ideias dela. A Cristina tem a capacidade brilhante de embrulhar um tema. Ela sempre disse que é preciso, em televisão, mostrar um tema como se nunca tivesse sido dado. Já falámos de todos os temas em televisão, mas é preciso  sabermos embrulhar como se fosse a primeira vez. O talento da Cristina sempre esteve lá. Eu cresci com a Cristina e a Cristina cresceu comigo. Esta dupla não se repete, éramos uma dupla a sério….

Disse em janeiro que era preciso tempo para haver entrosamento entre o Manel e a Maria… Como está a dupla agora?

Estamos numa fase muito tranquila  de bom entrosamento. Acho que a Maria… Sinto-me um bocadinho culpado porque eu fiz força para ela vir… Podia ter optado por ter ficado sozinho. Talvez tenha sido um bocadinho de comodismo da minha parte não ter ficado, porque vinha de um ano em que fiz muitos programas sozinho – fui contabilizar e estive um mês com a Cristina.

A Cristina saiu em agosto e eu vinha de quatro meses sozinho. Não me arrependo minimamente de fazer dupla. Agora a dupla Maria e Goucha foi comparada à dupla Cristina e Goucha. Quase que me sinto culpado e tenho de a defender. Penso que agora as pessoas já perceberam. A Maria só pode ser comparada com a Maria. Acho muito injusto e cruel a comparação Cristina e Maria. Ela não é comparável à Cristina. Como a Cristina não é Catarina Furtado.

Mas era inevitável essa comparação…

Não tenho pachorra para me vitimizar, mas claro que há um conjunto de capas muito violentas que ajudam a criar uma opinião. Mas isto faz parte do jogo, é cruel, é duro.. mas é assim que uma pessoa cresce. Nós sempre nos demos muito bem, mas acho que hoje as pessoas já entendem esta dupla de outra forma… São dinâmicas completamente diferentes.

Em que sentido?

A Cristina não começa comigo, já tinha passado pela RTP, começa como jornalista…  A Maria vinha do Porto Canal tem um maneira mais tranquila, mais «menineira» de fazer televisão. A Maria entrou no mundo da televisão sem querer… Não estou a minorizar o Porto Canal, mas é um canal regional. A Maria entrou no mundo da televisão em janeiro, tem 8 meses de televisão a sério, e já lhe foram confiados programas de A Tua Cara Não Me é Estranha.

Ela é muito tranquila.  Ela é uma mulher de televisão, tem uma boa base emocional e muito sólida, tem  a família, os pais… Houve coisas que foram ditas que eram totalmente mentira… que ela se estava a separar, era tudo mentira.

A Maria sabe lidar muito bem com o que dizem dela. Ela, tal como o Cláudio (Ramos) passou a beneficiar disso (de fazerem dupla com Goucha e Cristina). Passaram a ser figuras apetecíveis. Eu às vezes ficava surpreendido com a forma como ela reagia ao que lia sobre ela e dizia-lhe «é impressionante como não vais à baixo…».

Mudou a forma de fazer televisão com a Maria?

Talvez. Inicialmente era capaz de não dar muito espaço à Maria… mas as redes socias que além do lado abjeto que têm, alertaram-me que eu não deixava brilhar a Maria. E eu percebi. Às vezes fazia isso para a proteger, mas mudei isso. Hoje é mais 50/50. Mas não mudei muito. Tenho o meu jeito de fazer televisão muito baseado em trabalho de casa. Podem não gostar, mas eu mantenho muito essa matriz. Não falo de nada no programa que eu não saiba. Foi muito fácil adaptar-me à Maria.

Foi mais desafiante adaptar-se à Maria ou à Cristina?

Talvez tenha sido mais desafiante adaptar-me à Cristina, ela era mais diferente de mim.  Em termos pessoais tenho mais pontos em comum com a Maria.  Temos gostos parecidos em muitas coisas. Nas coisas mais simples como gostar de gengibre cristalizado, não gostar de sair à noite (a Cristina também não).

Mas não podemos comparar. A autenticidade da Cristina dava… A Cristina hoje é uma mulher adulta que se sofisticou, à sua custa, e não a podemos comparar com o que era há 16 anos. A Cristina desconstruiu-me. Agora sou eu que desconstruo a Maria.

Por que diz isso?

Alguém dizia que eu e a Maria éramos dois elegantes, mas isso não tem a ver com roupa. Tem a ver com a forma de estar, de falar… Nesta dupla sinto que sou a Cristina que é tentar desconstruir a Maria. Sou eu que tento desconstruir, procuro o mais brejeirote, o mais provocador… Isto era o papel que a Cristina assumia na dupla.

A Cristina mudou a forma de fazer televisão na SIC?

Vejo muito pouco. Há-de haver franjas do público que é o mesmo dos dois programas. Se calhar tem a ver com a fase em que a Cristina estará… os desafios que se colocam a uma Cristina são diferentes… é importante haver mundo num apresentador e a Cristina de hoje tem muito mais mundo.

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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Divulgação TVI

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