Nacional

Ator António Cordeiro pediu o divórcio quando soube que estava doente!

8 Novembro, 2019

Numa entrevista intimista, Helena Almeida, a mulher do ator António Cordeiro revela o dramático dia-a-dia que o casal vive desde que lhe foi diagnosticada uma Paralisia Supranuclear Progressiva.

Helena Almeida esteve presente esta quarta-feira, dia 8, no programa Júlia, da SIC, para falar da doença do marido, o ator António Cordeiro, que lhe tem condicionado a vida em todos os aspectos.

Numa entrevista intimista, Helena Almeida revela o dramático dia-a-dia que o casal vive desde que lhe foi diagnosticada uma Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP), uma doença rara degenerativa que não tem cura e que é muitas vezes confundida com o Parkinson.

Perante a grave situação, Helena assume o papel de cuidadora 24 horas por dia e embora o dia seja de luta e angustia, admite que a doença do marido não tem evoluído da forma como os médicos especulavam. «As coisas não estão melhores mas também não estão piores. Em geral, a doença começa a evoluir cada vez mais rápido a partir do segundo ano e o António já vai para três. A terapia tem ajudado muito».

Para já, o grande problema de António gira em torno das rotações de corpo. «O António sabe com se levantar e como se deitar para não cair. Eu tenho voz de comando e ele obedece a esse estimulo. O grande problema do António é ter de se virar», confessou, adiantando ainda que o homem deixou recentemente de falar por achar que a sua voz não é a mesma: «Está numa fase que não quer falar. Ele já me confidenciou que não fala porque não quer. Porque acredita que a sua voz está diferente. O António está a ter aquela atitude de falar com as mãos. Agora ele faz os gestos e eu viro-lhe as costas. Ou fala ou fala porque ele consegue.»

«Sinto-me desamparada»

Helena Almeida vive constantemente para o marido e por isso mesmo considera ser a «sombra» de António. «Eu não tenho vida. A minha vida gira em torno do António . Não há ninguém para ajudar. Sinto-me desamparada. O António caía 15 a 20 vezes por dia em casa. Ele vai à casa de banho e eu vou atrás tipo sombra», recordou, confessando ainda que decidiu tirar a carta de condução quando percebeu que as coisas não iriam melhorar: «Eu não tinha carta de condução há um ano e quatro meses. Foi preciso tirar a carta. Pensei: ‘faz-te à vida. Tinha aulas das 07h00 até as 09h00. Ele ficava deitado. Aí ficada tranquila.»

Helena agradece todo o apoio e admite que só tem «a agradecer». Principalmente a Vítor Canárias e João Cruz que ficaram com António para que ela conseguisse estar hoje presente no programa de Júlia Pinheiro. «Já telefonei uma data de vezes a perguntar se está tudo bem. Não estou descansada», confidenciou.

Os tempos iniciais não foram nada fáceis e Helena recordou as palavras de António no dia em que lhe foi diagnosticada a doença. «Está na hora de nos divorciarmos disse-me quando soube da doença. Mas eu não tenho jeito para abandonar o barco. Não vou abandonar nunca, a não ser que eu caia. Honestamente a gente esquece-se de nós. Às vezes a única vontade que tenho é ir embora por estar no limite. E depois penso: ‘vou embora e depois o que acontece?!’».

Helena sofreu paralisia facial

Helena cuida actualmente de três pessoas. O marido, António, a mãe e ainda do sogro. Um problema que faz com que fique sem saber o que fazer à vida quando precisa de ir com alguém ao hospital.

«Quando me vejo aflita, quando preciso de acompanhar outra pessoa eu entro em pânico. Não sei o que faça com a minha vida. Onde meto o António?», questionou a mulher que sofreu uma paralisia facial há nove anos.

«Eu já não tenho lágrimas. É viver um dia de cada vez. Amanhã logo se vê. Eu tive uma paralisia facial há nove anos. Neste momento eu tenho dores, estou com uma crise horrível mas não poso fazer a medicação porque o António precisa de mim e depois ficava sem capacidades para cuidar dele.»

Júlia Pinheiro ficou emocionada e, de imediato, aconselhou Helena a tirar umas horas para si. «Faça isso. Devia pensar seriamente em procurar ajuda». Uma opinião que foi de encontro com as palavras de Liliana Campos que entrou em direto para dar o seu testemunho uma vez que passou pelo papel de cuidadora. A mãe, já falecida, sofreu igualmente de uma doença degenerativa.

«Passei pelo mesmo mas em situações diferentes. Lamento imenso tudo isto. Sei que a tarefa é muito dura, muito solitária. Mas vou-lhe pedir: ‘não se esqueça de si. Trate de si nem que seja uma hora por dia. Qualquer coisa que a faça desligar das outras 23 horas. É muito difícil desligar mas depois é que percebemos o quão é importante esse tempo para nós. Peço a Deus que vos abençoe e que vos ajude. Eu estou aqui», disse.

Leia ainda: António Cordeiro anda de colete e capacete em casa por causa da doença!

Texto: Márcia Alves; Fotos: Reprodução Instagram

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