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Dia do Pai: saiba como são os “novos pais” e conheça os 4 pilares para uma boa relação

19 Março, 2023

Dia do Pai

O papel do pai mudou ao longo do tempo. Hoje são mais presentes e não tão rígidos, estando conscientes do impacto que as ações na infância têm nos filhos.

O papel do pai na vida dos filhos mudou muito quando comparado com o das gerações anteriores. O facto de a mulher ter deixado de ser, apenas, cuidadora da casa e dos descendentes e apostar forte numa carreira contribuiu para isso.

“Hoje em dia, como ambos trabalham, existe uma maior divisão de tarefas e os pais mais novos são mais ativos e conscientes desta necessidade de partilharem a responsabilidade”, afirma a psicóloga clínica Diana Ferreira, acrescentando que o aumento dos divórcios e as consequentes guardas partilhadas, em que os miúdos dividem o tempo entre a casa de cada um dos progenitores também ajudou a estreitar estes laços com a figura paterna.

“Quando as crianças passam uns dias com o pai, ele sabe que precisa de dar-lhes atenção, caso contrário acaba por prejudicar o vínculo que tem com elas. Ou seja, se não passarem juntos tempo de qualidade, é normal que, no futuro, as crianças não estejam tão ligadas a ele a nível emocional.”

Novo pais não é tão punitivos

São vários os autores especializados em ciência psicológica que, ao longo dos tempos, têm feito referência aos quatro estilos parentais – condutas transmitidas pelos progenitores que têm impacto no desenvolvimento psicossocial da crianças. Desde os pais com uma postura mais autoritária aos negligentes, com pouco interesse pelos filhos, passando pelos permissivos, que receiam contrariar os descendentes, sem esquecer os democráticos, dispostos a negociar as regras.

“Antigamente, o que dominava a nível de modelo parental e forma de educar era muito o autoritário, em que os pais acabam por ter aquele papel mais ríspido e frio, às vezes, davam até uma palmada como forma de punição. Hoje, estando mais conscientes do impacto que todas essas ações de infância têm no desenvolvimento da criança, também da parte mental, os pais acabam por não ser tão punitivos e promovem o diálogo”, afirma Diana Ferreira.

Estilo autoritário

Os pais que se enquadram neste tipo esperam a obediência às regras sem qualquer tipo de questão por parte dos filhos, usando muitas vezes o medo para levarem a bom porto as suas intenções. Usam muitas vezes a expressão: “Quem manda aqui sou eu” ou “fazes assim porque quero”, não havendo espaço para troca de opiniões. Por norma, criam adultos com baixa autoestima, dificuldade em tomar decisões e de serem líderes.

Estilo democrático

Promovem a educação com firmeza, em que as regras são estabelecidas tendo em conta as necessidades dos filhos, estabelecendo o desenvolvimento da inteligência emocional da criança e promovendo a autonomia. Tendem a ser adultos responsáveis, que sabem impor as suas vontades e são participativos.

Estilo negligente

Neste caso, os filhos têm um papel secundário na vida dos pais, pois estes isentam-se de tomar qualquer responsabilidade. São ausentes, sem qualquer tipo de interesse pelos mais pequenos e cumprem apenas a satisfação de necessidades físicas, psicológicas sociais e intelectuais.

Estilo permissivo

Os pais são carinhosos, mas não estabelecem regras, evitam a punição e o controlo. Com esta tolerância, acabam por criar adultos que não sabem lidar com a frustração. Muitas vezes, nem sabem tomar decisões.

Disponibilidade para os adolescentes

“O ideal é o democrático, pois permite um equilíbrio entre regras e afeto. Se os pais conseguirem enquadrar-se neste estilo parental, as crianças sabem que não podem passar certos limites e, ao mesmo tempo, sentem o amor dos pais”, explica a Diana Ferreira, frisando que é frequente os educadores terem alguma dificuldade em definir limites de forma não autoritária. O fundamental é aprenderem a dialogar com as crianças. “É importante que os pais se coloquem de cócoras para ficarem ao nível dos mais novos enquanto falam, é uma forma de aproximação; devem adaptar a linguagem, porque as crianças, dependendo da idade, podem não conseguir entender o que eles querem dizer se falarem de forma muito adulta; devem ter paciência e conversar abertamente sobre emoções.”

No caso dos adolescentes, a postura deve ser idêntica. “É preciso algum apoio e disponibilidade emocional para que o adolescente possa falar sobre as suas angústias e preocupações, ao mesmo tempo que é importante o pai impor limites quando eles começam a querer sair à noite todos os fins de semana e têm apenas 13 anos”, refere a psicóloga, que acrescenta: “Eles podem ser crescidos a nível de aparência, mas ainda são muito novos de mentalidade.

Os pais devem ter consciência das fases da adolescência para conseguirem impor regras e não cederem sempre aos pedidos dos filhos quando eles ainda não estão na idade certa.” O pai herói existe no imaginário dos mais pequenos, mas essa imagem vai sendo desconstruída ao longo da adolescência, quando os filhos percebem que “são figuras reais”, mas ainda assim de referência. Para o bom ou para o mal.

Os 4 pilares para uma boa relação

➡ Estarem abertos ao diálogo, para que os filhos consigam ganhar a sua confiança e comunicar;
➡ Conseguirem ser assertivos para definirem as regras;
➡ Falarem sobre si próprios, pois se não o fizerem, vai ser mais difícil que os filhos também o façam. Quando eles estão a crescer, observam tudo e acabam por imitar o comportamento dos mais próximos. Se os pais são pessoas fechadas, que não demonstram emoções, vão contribuir para que a criança se torne um adolescente mais fechado e sem iniciativa para dizer que está triste ou se precisa de alguma coisa;
➡ O afeto é fundamental, assim como é importante os pais proporcionarem momentos ou atividades em que os filhos se sintam amados e importantes. O amor é essencial para o bom desenvolvimento mental da criança.

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Shutterstock

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