Apesar de ainda jovem, Laura Dutra é já um nome em destaque na ficção nacional. A atriz não duvida que quer representar “até ao fim da vida” e, para tal, não descura uma aventura além-fronteiras na sua carreira profissional.
Como foi mudar a personagem de Ana Vaz, de Nazaré, para esta?
Esta é uma personagem mais leve e mais leviana. Nunca tinha feito um registo mais cómico, foi a primeira vez e revelou-se um grande desafio. A maior preocupação foi tentar que a personagem não caísse no ridículo e acho que consegui.
Baseou-se em alguém?
Fiz um trabalho de campo com a Thais de Campos, que é atriz e diretora de atores brasileira, e fizemos uma pesquisa de personagem para enquadrá-la. Vi muito a Avenida Brasil, principalmente a parte das cabeleireiras, revi essa novela, porque elas também são assim, mulheres da terra, do povo, mas que sabem cuidar-se.
A Guida tem alguma coisa de si?
Muito pouco, pelas unhas de gel, os saltos altos e os anéis. Ela é muito excêntrica, muito sonhadora, eu sou mais “pés na terra”, mais focada. Ela tem o coração na boca e é genuinamente bonita, é uma pessoa do bem. Eu não estou a dizer que sou do mal, mas tenho mais noção das coisas. E ela é mais cabeça-no-ar, vive em Marte, eu vivo na Terra. Também nunca tinha estado ruiva, sempre fui mais loirinha, mas foi bom mudar.
E em termos de vaidade?
Também sou muito mais descomplicada. Gosto é de andar de fato de treino e ténis. Já ela não dispensa o estojo de maquilhagem, que leva para todo o lado. Anda sempre em bom.
Família brasileira
Quando a Laura olha para a Júlia Palha, pensa que um dia também gostava de ser protagonista de uma novela?
Não sei se tenho essa ambição. Vejo-a sempre cheia de cenas por dia e não sei como aguenta. Gosto do que faço, mas gosto de ter outras coisas paralelas que não sejam só ligadas à representação, como aprender francês, tocar um instrumento. Porém, claro que se houvesse um convite iria ponderar.
Com um irmão também ator (Lucas Dutra), como é que os seus pais reagiram?
Sempre nos apoiaram e nunca nos limitaram em relação a nada. Desde que não passemos fome, se formos felizes está tudo bem.
E como é lá em casa quando passam as vossas novelas? (O irmão da atriz integra o elenco da novela Bem Me Quer.)
Os meus pais não veem muita televisão e novelas, o que acaba por ser bom. A minha mãe acompanha mais, começa pela do meu irmão e acaba na minha, que passa mais tarde.
Os seus pais são brasileiros, mas nasceu cá?
Sim, eles vieram para Portugal há mais de 30 anos. A minha mãe veio fazer a faculdade e ficaram por cá. Tenho a família toda no Brasil e agora não tenho ido tanto visitá-los por causa da pandemia, mas de três em três anos costumamos ir lá.
E nos assuntos do coração, espera encontrar um príncipe encantado como a Guida?
Sim, procuro o meu príncipe encantado, não sei quando, mas virá. Se calhar não vou procurar tão incessantemente como ela, mas cada uma vai encontrar o que lhe pertence.
“Nunca fui fã de carne”
Foi há quatro anos que a atriz decidiu abandonar o consumo de carne. “Foi fácil, pois nunca fui muito fã de carne e sempre me interroguei sobre o processo da vaca que estava a comer. Peixe já como pouco e sinto-me bem, nunca passei mal. A comida vegetariana é um universo gigante que só tem de ser mais explorado”, diz.
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Texto: Mário Rui Santos
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