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Entrevista a Sofia Alves: “Ter uma neta na novela é um grande desafio para mim”

5 Novembro, 2022

Em contagem decrescente para os 50 anos, Sofia Alves está em grande forma. Admite que gosta de comer, tem jeito para fazer compotas e vê na simplicidade o segredo para estar em paz.

Ao longo dos 44 anos de existência da revista Maria, Sofia Alves já protagonizou várias capas, nas quais abordou temas pessoais e profissionais. Não há muito tempo, a atriz garantiu que não voltaria às novelas tão cedo. Queria parar e dedicar-se ao teatro. Daniel Oliveira seduziu-a com um papel tentador e ela mudou de ideias ao perceber o desafio que tinha em mãos com a Teresa de Sangue Oculto, da SIC.

Para abraçar este papel, a artista abdica dos fins de semana, mas, sempre que pode, sai de Lisboa em direção à Beira Alta, zona onde tem casa. Gosta do silêncio e da Natureza, “dois grandes bálsamos para a vida”, de apanhar fruta e fazer compotas, do tempo em família, e tem a certeza de que Celso Cleto, o homem com quem casou há duas décadas, é a sua “alma gémea”. Quase a chegar aos 50 anos (que fará em setembro de 2023), Sofia não se assusta com este número redondo, boicota o exercício físico e admite que se perde com “queijos e enchidos”.

A novidade de ser avó

Depois de ter gravado A Serra, afirmou que iria afastar-se durante uns tempos da ficção? O que a levou a mudar de ideias?

Depois de termos gravado a novela A Serra, tinha decidido que ia parar e apenas me dedicaria ao teatro. E assim fiz, comecei com a peça Um amor de Família no final do ano de 2021 e, a meio, surgiu a sedução do Daniel Oliveira, que eu muito respeito. O papel também era muito interessante. Depois de algumas reuniões, conseguimos conjugar as datas de outros compromissos com as das gravações, e aceitei fazer a novela. Não tenho fins de semana livres, o espetáculo continua em digressão nacional e assim vai continuar durante 2023.

A história de gémeas não é nova para si…

Não, o que é realmente uma novidade para mim, e está a acontecer-me no ano em que que faço 30 anos de carreira, é o facto de fazer de avó. Ter uma neta na novela é um grande desafio para mim.

O que lhe dá mais gozo na sua personagem?

A Teresa é uma mulher honesta e lutadora, que teve um percalço na vida e pagou uma fatura de um exílio de 30 anos em Londres. O choque emocional: 30 anos depois, descobre que uma das suas filhas, afinal, não estava morta, como lhe tinha sido dito… E, depois, todo o plano que ela vai conseguir conceber para acertar contas com muita gente. É, de facto, a vingança de uma mãe.

Como é contracenar com a Sara Matos?

A Sara é uma atriz cheia de talento, com entrega total à profissão, e isso é muito bom. É muito generosa com todos os colegas, e estamos unidas neste projeto para fazer dele um êxito.

O que lhe falta fazer a nível profissional?

Cada projeto é um desafio, e quando não o sinto assim, não o aceito. Evidentemente que existem sempre projetos que um ator gostaria de fazer. E eu tenho algumas coisas, tanto em teatro como em televisão. Vamos ver…

As suas compotas são um sucesso na família

Falou que não tem fins de semana. O que faz para fugir à rotina do dia-a-dia?

Gosto de sair de Lisboa e ir ao encontro da Natureza, pois há sempre alguma coisa para descobrir. Na minha Beira Alta, tudo acontece com muita tranquilidade.

Tem uma quinta em Viseu. Gosta da vida no campo?

Sim, temos uma casa em Viseu porque temos descendência ali. Cada vez mais faz sentido a nossa aposta, que já tem 15 anos.

É o silêncio ou o contacto com a Natureza que mais a atrai?

O silêncio, sem dúvida, acompanhado da Natureza são dois grandes bálsamos para a vida. Adoro e fazem-me muita falta.

Mas cultiva coisas? Mete a mão na terra, por assim dizer?

Sim, tento ajudar (risos), mas sou mais rápida a colher o que a Natureza deu. Adoro apanhar fruta e depois fazer compotas: as de figo, morango, tomate e mirtilos são um sucesso na família. Também faço marmelada e geleia.

Tem cuidado com a alimentação?

Como um pouco de tudo e adoro comer (risos), perco-me com queijos e enchidos, todo o tipo de pão… resumindo, uma desgraça.

Pratica algum exercício físico regular para se manter em forma?

Nada… Um pouco de caminhada durante a semana junto à praia em Oeiras, mas não posso dizer que seja um exercício regular para manter a forma.

O ano passado, teve um percalço de saúde… Já se encontra recuperada?

Sim, graças a Deus. Como é público, fiz uma histerectomia [remoção do útero, ovários e trompas, em simultâneo]. Foi radical, mas sinto-me bem. Claro que veio uma menopausa precoce, aos 47 anos.

Continua a sofrer com os efeitos secundários?

Sim, infelizmente para nós, mulheres, é um processo algo violento. Mas tenho conseguido melhorar o meu dia-a-dia.

Em tempos, disse que tinha medo da solidão. Pensa nisso à medida que envelhece?

Tento não pensar muito. Todos temos medo de perder quem amamos.

Vai a caminho dos 50. Assusta-a este número?

Não me assusta o número, assusta-me a dignidade com que se vai para o envelhecimento… Estes meus últimos 20 anos voaram.

Como acha que pode envelhecer com dignidade?

Essa pergunta é a grande questão do que é a vida para o ser humano… Não sei o que dizer. Ninguém está livre de uma doença… tirando isso e a morte, a simplicidade na vida é, para mim, o grande segredo da dignidade para estar em paz.

Intervenções estéticas estão fora de questão?

Não tenho nada contra, mas não me vejo a fazer, salvo por questões de saúde.

Acredita que o Celso é a sua alma gémea?

Tenho a certeza! Quando se é muito feliz com a pessoa que escolhemos, com o tempo, é difícil encontrar frases curtas. Eu vivo para ele e ele vive para mim. Todos os dias são de encantamento e de enamoramento como há 20 anos. E estes últimos 20 anos voaram …

Há um ano foi avó de Martim. Como tem sido a experiência?

Foi muito bom e espero que a família cresça mais (risos). Adoro ser a avó Sofia.

É uma mãe muito protetora para o Guilherme?

Com 21 anos, ele está a traçar o seu caminho, vamos ver como são as suas decisões. O mundo está em grande agitação social e económica, e os jovens são sempre as primeiras vítimas. Estou e estarei sempre ao lado do meu filho nas suas opções. Tenho muito orgulho nele. É um homem lindo por dentro e por fora.

Do que precisa para ser feliz?

Preciso de muito pouco para ser feliz. As coisas mais importantes não têm preço: bons amigos por perto da família, muito amor e muita saúde.

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Tito Calado e Arquivo Impala

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