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Entrevista com Diana Chaves: “Caso quando tiver de ser. Sofro zero com pressões exteriores”

2 Abril, 2023

Diana Chaves está há dois anos e meio a apresentar Casa Feliz e sente-se bem no lugar que ocupa, apesar de sofrer com as histórias que chegam ao programa. No entanto, reforça que “as pessoas acham sempre que sou frágil, mas não sou”.

Aos 41 anos, Diana Chaves sente-se bem na apresentação de Casa Feliz, mas revela que teve de pedir ajuda à irmã médica para gerir alguns casos do programa das manhãs. Renovou contrato com a SIC no final de 2022.

É o triunfo como apresentadora?
Em termos de trabalho é impossível dissociar um ano do outro. Tem sido, para mim, que caí aqui de paraquedas e nunca tinha feito nada dentro deste registo, uma evolução e crescimento.

Foi difícil?
Foi muito difícil por razões óbvias, tive de aprender em direto, com tudo o que isso implica. Aprender a lidar com os temas, como fazer, não sabia nada. Tive de aprender com toda a gente a ver e isso deixou-me mais vulnerável, se calhar. Não que eu tenha sentido isso, porque eu fiz sempre o meu melhor e sou muito alheada das opiniões.

As pessoas compreenderam?
Fazendo esta retrospetiva, eu consigo entender que houve empatia em relação a mim, davam-me força em vez de me criticarem. E isso encorajou-me. É engraçado ver essa perspetiva, porque não acontece muito. É de valorizar. Não é fácil estar na mira, com todos os olhos postos em nós e estarmos mais vulneráveis a aprender.

 
Quando olha para trás, como vê a Diana Chaves de início?
Não sou a mesma. Tenho muito mais prática , sobretudo no direto. Já tinha feito antes, mas é diferente. Aqui há temas completamente novos, díspares, uma pessoa nunca sabe o que pode acontecer numa conversa com alguém que está mais vulnerável. Muitas vezes, nós também não conseguimos falar. Achamos que uma conversa não nos vai emocionar e que o tema não nos afeta tanto, mas de repente não conseguimos e estamos em direto. Nesse sentido, e por serem muitas horas, acabamos por ter um curso intensivo. E hoje sinto-me muito mais capaz, segura, sobretudo consigo aproveitar, que era coisa que não conseguia no início.

“Não tenho medo de falhar” afirma Diana Chaves

Já não há nervos?
Já não vinha muito nervosa. Eu sou uma pessoa muito calma nestas ocasiões, contrariamente ao que seria expectável. Não sei se é pelo meu passado de atleta de alta competição. Temos de nos focar. Eu sou uma pessoa empática e tenho empatia pelos outros, mas consigo pensar, mentalizar-me que o que tiver de ser, será, se correr mal, correu. As pessoas acham sempre que eu sou delicada e muito frágil, mas eu não sou. Eu sou meiga e tenho empatia, mas não sou frágil. Não tenho medo de falhar e acho que isso torna as coisas mais fáceis. Eu sabia que ia falhar, não havia como, todos os dias e muitas horas. Isso deixa-me tranquila. Claro que ter o João ao meu lado ajuda e tira-me esse peso.

 
Como gere os temas que são abordados no programa? Consegue desligar?
Isso foi o mais difícil para mim. Mais do que as questões técnicas, foi gerir as emoções. Havia dias em que eu não queria ouvir estas histórias, não queria saber destes casos. Essa foi a maior luta para mim, porque não conseguia sair daqui e esquecer-me do que tinha ouvido na primeira pessoa. Nas conversas, as pessoas estão a dar-nos o seu testemunho, supervulneráveis e, muitas vezes, desesperadas, e desses casos não consigo desligar, ainda hoje.

 
O que faz para conseguir gerir?
Nós temos que preparar o programa, saber os convidados no dia anterior. Os temas piores, para mim, são as doenças, sobretudo nas crianças, por isso eu arranjei uma estratégia. Não leio à noite, sei o que é, mas não quero saber pormenores e ficar com isso na cabeça. Preparo tudo o resto e esses temas eu deixo para de manhã, e depois… eu até pedi ajuda à minha irmã, que é médica de cuidados paliativos, e ela ajudou-me com algumas técnicas que eles usam. Tenho conseguido melhorar bastante.

“Não sofro por antecipação”

Gostava de voltar à representação?
Sim, se for conciliável. Eu não sofro por antecipação e nem estou sempre a pensar que queria fazer aquilo. Nunca fui e não quero ser. Porque isso cria ansiedade nas pessoas e estão sempre insatisfeitas. Eu não sou assim, estou bem aqui. Quando fiz o Casados foi cansativo, mas são coisas que eu adoro, são coisas pontuais. Se aparecer, ótimo e vamos tentar fazer o melhor e aproveitar o máximo, se não, estou aqui, estou ótima.

 
Mas não sente saudades de representar?
Claro que houve projetos que eu adorei fazer, mas não consigo sofrer por isso. É como a questão do casamento, quando é que me caso? Quando casar, quando tiver de ser, será. Sou eterna noiva porquê? Tenho 41 anos, calma. Sofro zero com pressões exteriores.

 
Como consegue esse equilíbrio?
Para mim, é uma coisa normalíssima. Sempre fui assim. Acho que tem muito a ver com a morte da minha mãe. Eu percebi muito cedo, cedo demais, que o momento tem de ser aproveitado e eu cresci sempre a pensar nisso e a ser feliz com as pequenas coisas. E eu fui muito feliz, apesar da tragédia. E sou feliz todos os dias, acho que tem mesmo a ver com isso. Hoje, que sou adulta, olho para trás e vejo que é a forma correta. Cada um sabe de si, não sou de criticar, apesar de às vezes o fazer. Vou a um concerto ou a um espetáculo e estou a ver, não estou a filmar.

 

Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Instagram

 

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