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Estado de saúde de Cláudio de «Casados» agrava-se. Ex-concorrente fala das limitações que enfrenta

13 Agosto, 2019

A função renal de Cláudio de Casados à Primeira Vista, da SIC, agravou-se. Com os rins a funcionar abaixo dos 15%, o madeirense abre o coração ao nosso site.

Cláudio Mendes, 38 anos, sofre de insuficiência renal crónica, doença que leva a uma progressiva perda de funcionamento dos rins. O seu estado agravou-se nos últimos dias. Com estes órgãos a funcionar «bem abaixo» dos 15%, o madeirense é obrigado a fazer diálise em casa, pelo menos três vezes por dia. Aguarda há quatro anos e meio um transplante – ficará com três rins -, o que espera que aconteça «antes de estar num estado degradado».

Uma alimentação regrada e limitações no que diz respeito à ingestão de água são apenas alguns dos cuidados básicos que tem. Mas se a doença tem efeitos secundários negativos, como a hipertensão, o tratamento também tem impactos menos positivos, como a perda das capacidades sexuais.

Numa conversa franca e sem rodeios, o ex-concorrente de Casados à Primeira Vista, da SIC, fala do seu quotidiano, das suas esperanças, do apoio da namorada, Raquel Pereira, dos amigos e da família. Aborda ainda do risco de vida que, assume, está sempre presente.

«Estou em lista de espera para um transplante renal»

O Cláudio vive uma altura mais complicada e utilizou as redes sociais para pedir desculpa às «pessoas que têm sido vítimas» do seu «mau momento». O que é que se passa?
É a minha situação da saúde. Nas últimas análises, alguns valores decaíram e a eficiência dialítica também. Uma das soluções é aumentar o número de tratamentos diários, ou seja, passar de três para quatro. Se isto se vir a confirmar, será uma nova fase de adaptação. Foi pedido um exame ao coração por causa da hipertensão, para verificar se existiam alterações, mas felizmente o exame não mostrou alterações significativas. Com pensamento positivo tudo se vai recompor.

Estamos a falar da sua doença, insuficiente renal crónica.
Sim.

A que se refere quando diz que esse agravamento do estado de saúde implica uma nova adaptação?
Adaptação porque fazer quatro tratamentos irá mexer com as rotinas diárias. Terei que arranjar maneira de continuar a trabalhar, treinar e fazer os tratamentos ao mesmo tempo.

Neste momento faz três vezes ao dia, é isso?
Sim.

E faz em casa?
Sim, faço diálise peritoneal [que substitui uma parte da função renal que se perdeu]. Sou eu o responsável pelo meu tratamento.

Não há mais soluções?
Há o transplante renal. Estou em lista de espera. Mas continuo a espera que esse dia chegue e que o telefone toque. Já tenho este problema desde 2011 e faço diálise desde 2015.

Durante as gravações de Casados à Primeira Vista também fazia diálise? 
Sim, também. Fazia tratamentos três vezes por dia.

Está à espera de transplante há quanto tempo?
Estou a espera há sete anos, mas em lista ativa estou há quatro e meio.

«Ainda conseguimos ter uma vida sexual dentro do normal»

Em que medida esta doença lhe condiciona o dia a dia?
Neste momento, enquanto faço diálise, tento manter-me o mais ativo possível e levar uma vida o mais normal possível também. Mas existem sempre algumas limitações nos horários dos tratamentos. Tenho que estar em casa.

Isso condiciona-o no que diz respeito a fazer planos para o futuro?
Apenas na medida em que não posso programar nada com muita antecedência ou fazer mudanças repentinas, pois posso ser chamado a qualquer momento para o transplante. Há que encontrar um equilíbrio entre as expectativas e o momento que estou a viver. Os planos é viver o dia a dia e aproveitar o melhor que a vida nós dá.

E que consequências tem a diálise para si? Acarreta problemas secundários, ou não?
A diálise obriga a ter cuidados com a alimentação e limitações com a ingestão de água. A evolução da doença leva à perda de energia, degradação das articulações e dos ossos e, a nível hormonal, também causa alterações. Um dos problemas secundários é a hipertensão, que se não for bem controlada pode causar problemas no coração. Mas acho que manter a actividade física ajuda a atenuar esses sintomas. Por isso tento manter-me o mais ativo possível.

A diálise provoca também problemas a nível sexual. Sente isso?
Sim, influencia mais nuns casos do que em outros. É um processo de adaptação e aceitação. Ficar frustrado e revoltado não ajuda.

Mas como lidou o Cláudio com todas essas consequências? Ter problemas a nível íntimo pode provocar uma baixa auto-estima.
No meu caso não tive uma consequência acentuada. Felizmente teve alguma influência, mas pouco… Na hemodiálise [remoção do líquido e substâncias tóxicas do sangue] é que se nota muito, pois até se pode deixar de urinar e perder por completo a vida sexual. No caso da diálise peritoneal, como é um processo mais fisiológico, não existe essa degradação acentuada.

Ou seja, a vida sexual do Cláudio e da sua namorada não foi afetada.
Não foi. Para já, ainda conseguimos ter uma vida sexual dentro do normal.

Quando diz «para já» significa que pode deixar de a ter?
Sim, pode acontecer com o tempo, pois a doença vai evoluindo. Mas tenho esperança em ser transplantado antes de estar num estado degradado.

«Existe sempre risco de vida»

Há tempo limite para permanecer na lista de espera dos transplantes?
Ficamos até ser encontrado um órgão compatível ou então saímos de lista quando já não existem condições para suportar um transplante.

E esse transplante será para os dois rins?
Não, não. É apenas de um rim, pois uma pessoa vive bem com um rim. Assim sendo, um dador cadáver doa os rins para dois doentes.

Retiram os dois e fica apenas com um?
Não, não retiram nenhum e transplantam mais um.

Então, depois do transplante ficará com três rins, é isso?
Sim, os rins que tenho não funcionam bem. A sua função está bem abaixo dos 15% e quando se chega aos 15 começamos a diálise. Depois do transplante continuamos com os dois rins nativos e com o terceiro que foi transplantado.

Nessa altura, deixará de fazer diálise?
Sim, quando for feito o transplante já não há necessidade de realizar diálise.

E os dois rins nativos vão ficar sempre a funcionar abaixo dos 15%?
Não. Podem ir perdendo função, mas a tendência é estabilizar.

Se perderam função, terá de os retirar ou podem ficar no organismo mesmo não funcionando?
Podem ficar no organismo, desde que não provoquem infeções. Normalmente ficam sempre. Só no caso de pessoas que têm muitas infeções é são retirados, mas é raro. Felizmente, a ciência tem evoluído muito e na área da saúde também, o que nós dá esperança.

Situações como aquela em que se encontra agora colocam em risco a sua vida?
Existe sempre risco de vida, mas desde que tenhamos os cuidados com a alimentação, a ingestão de líquidos, com a medicação e cumpramos os tratamentos, esses riscos são minimizados.

«Já conversámos sobre casamento»

A sua namorada terá certamente uma importância extrema nesta fase. O casamento está para breve?
Ela tem sido muito importante e admiro muito a capacidade de ela entender tudo e de me apoiar. Em relação ao casamento, já conversámos sobre esse assunto, mas acho que não devíamos apressar. Queremos que a relação cresça ainda mais e quando chegar o momento certo então avançar para o casamento.

Que conselhos pode deixar a quem passa pelo mesmo?
O conselho que gostaria de deixar é que existe mais vida para além dos tratamentos. É importante aceitar a doença e fazer os possíveis para se adaptar a ela e levar uma vida o mais normal possível mantendo-se ativo. E, claro, sempre com pensamento positivo.

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais

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