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Fernanda Serrano: Divórcio, novo namorado, filhos, Amar Demais e covid-19. Entrevista exclusiva

7 Novembro, 2020

Numa entrevista intimista, Fernanda Serrano fala sem rodeios sobre os altos e baixos da sua vida e ainda sobre morte. Sobre o namorado, nem uma palavra.

Prestes a fazer 47 anos, a 15 de novembro, Fernanda Serrano atravessa uma excelente fase a nível pessoal e profissional. Para a atriz, o segredo para chegar a esta idade aparentando ter muito menos passa por comer bem, dormir melhor e rir muito. Vive a vida com prazer, principalmente depois de ter enfrentado um cancro e uma separação.

Sem amargura, Fernanda fala de quase tudo, numa entrevista intimista. Em relação ao namorado, Ricardo Pereira, prefere manter este assunto na esfera privada.

Na novela Amar Demais, interpreta Vanda, uma mulher que não olha a meios para atingir os fins. Onde e em quem se inspirou?

Em ninguém que conheça. Existe a referencia maior que é o escrito e desenhado pela autora, Maria João Costa, ainda um exercício feito aquando da troca de ideias inicial ao que obviamente damos continuidade durante todo o período de gravações. Nesta sequência, existe também  o senso comum e o trabalho até um pouco por vezes solitário do ator, que busca o que achar necessário para esta construção, que a meu ver e neste caso em concreto, tem sido divertida, porem complexa. Não gosto, nunca gostei de clichés, de bonecos, gosto de pessoas, o que torna este tipo de percursos únicos.

Quais são os principais desafios desta personagem?

O que referenciei agora mesmo, o facto de não ser um cliché. Logo, não é totalmente boa, nem totalmente uma santa. É uma espertalhaça como tantas que por ai há, aos pacotes. No entanto, tem os seus momentos de confidencia, de tristeza, de amor, de desamor, de entreajuda, é uma feminista assumida, o que de certa forma me agrada. Nos momentos cruciais, defende sempre primeiro mulheres. Entendo-a como uma sobrevivente nata. Tenho o terrível defeito de defender sempre as minhas personagens. Até ao fim. Como se fossem minha pertença. Que acabam por ser, inevitavelmente.

A sua personagem faz lembrar o caso com Paula Brito e Costa, na Raríssimas. Como olha para toda essa polémica?

Não olho. Tenho a minha opinião a propósito do pouco que sei, do que se depreendeu e nada mais. A minha personagem é ficção.

Até onde é que vai por amor?

Até ao fim do mundo.

A novela Amar Demais sofreu duas baixas, com a morte de Pedro Lima e de Fernanda Lapa. Como se gere tudo isto a ter que continuar a gravar?

Como se gere a vida. Com momentos de luto, de sentimento de perda irrecuperável, com a sensação  de andar em frente, de não parar. Continuar. Continuar é viver. É levantar. É aprender. É o que os actores fazem. Continuar com o espectáculo. Show must go on. Por mais que soframos. E acreditem que é assim sempre. Todos os dias da nossa vida.

Onde e como foi buscar forças?  Recorda-se do momento em que soube da notícia?

Não. Recordo apenas a última cena que o Pedro gravou, que coincidentemente foi comigo, na sexta feira ao final do dia. Ficou-me gravada na memória. E ficará. Bem como a nossa amizade.

Sendo uma mulher que já sobreviveu ao cancro, que mensagem deixa a quem se sente sem forças para continuar a lutar?

Não gosto de fazer disto bandeira. Nunca o fiz. Sou uma mulher de uma só palavra, o que já vai sendo raro, bem sei. Mas a verdade é que já o fiz em dois únicos momentos e assunto encerrado. A melhor, a mais verdadeira e importante mensagem que se pode transmitir  sempre, é a de que nunca se pode desistir de viver. Nunca.

Como Fernanda Serrano lida com a covid-19

Voltámos ao estado de Calamidade devido à covid-19. Sendo a Fernanda uma pessoa de risco, o que tem feito para se proteger e aos seus?

Sou uma pessoa tanto de risco, como qualquer um de nós. Tenho um sistema imunitário fortalecido, alimento-me saudavelmente, faço exercício qb, tenho uma vida nada sedentária, sou muitíssimo activa, enérgica, tomo todas as precauções possíveis, cumpro as regras que nos são solicitadas e não tenho comportamentos de risco, logo, estou no campo normal de jogo, como todos deveríamos estar. Acaba por ser uma roleta russa involuntária. Cumprir à risca tudo e fazer cumprir aos meus. Mas é uma sorte diária. Sem dúvida. A ver se passa. Rápido e sem demais estúpidos danos colaterais.

Tendo que ir trabalhar todos os dias, que medidas toma?

As já conhecidas por todos e com cuidados acrescidos, pois num estúdio de gravação somos ainda alguns. Somos muito testados, conscienciosos e praticamente não temos vida social, o que nestas circunstancias infelizmente ajuda. Custa-me bastante não fazermos os habituais convívios em alguns fins de semana, seja entre colegas, pois este projecto em específico permitiria esse tipo de momentos (somos um muito unido e coeso grupo de trabalho),  seja em família ou amigos. Será até do que sinto mais falta, cozinhar para 20,30…Abraçar os meus pais. Ver os meus pais a abraçar os netos. Aguardarei por melhores tempos- adiante se verá.

Mas esta novela tem um elenco único. E em boa verdade, nota-se. O público percebe. Percebe sempre o que é verdadeiro, genuíno.

Quantos testes já teve de fazer? Lembra-se ou já perdeu a conta? 

Penso que nove. Ou dez.

Os seus filhos voltaram à escola como todos as crianças e adolescentes no país. Como vê este regresso?

Sim regressaram. Temos todos de nos reajustar a uma nova realidade. Nunca mais o Mundo será como o que conhecemos anteriormente, é preciso entender e fazer entender. Por mais que nos custe crer. Tentamos todos, dentro das actuais circunstancias, voltar a uma quase normalidade. E para bem de todos. Só a Caetana não foi ainda. Se tenho a feliz possibilidade de a ter em casa com os avós, protegida desta fase estranha, assim continuarei até conseguir. Até novidades felizes chegarem. Assim esperamos todos.

Quais sãos os principais medos e como os contorna? 

Tenho os medos cada vez mais mundanos e normais e sobretudo de mãe. Tento gerir a ansiedade de ter um filho a entrar na adolescência, uma outra princesa na pré adolescência, e duas ainda “no ninho”. Penso estar a fornecer diariamente ferramentas importantes para que os meus 4 amores, sejam fortes, sérios, conscientes e responsáveis. Sou muito presente e falamos todos e entre todos, muito. A vida deles, será comigo por perto, ao lado, atrás, como entenderem, mas sabem todos eles, que poderão sempre contar comigo. Para tudo.

O que mudou na sua vida desde o dia 16 de março (data de confinamento)?

Curiosamente, ou não, para mim, começou a 12 de Março. Nesse dia fui literalmente buscar filhos, sem grandes explicações no momento, para não os assustar e ja não sairam mais, ate desconfinamento. Foi estranho, exigente, para todos. Fez-nos valorizar o dia-a-dia que temos. A rotina. A liberdade. A não esquecer.

A Fernanda ganhou um novo brilho no olhar. Pode dizer-se que o culpado é Ricardo Pereira?

Não responde.

É ele que a tem deixado em forma?

Não responde.

É fácil voltar a amar ou a apaixonar-se aos 46 anos e com quatro filhos?

Não responde.

 

Há muitas mulheres que ficam num casamento infeliz só por causa dos filhos e por conformismo. Que conselhos dá a estas mulheres para voltarem a ser felizes?

Que sejam felizes. Que não deixem passar o tempo. Ele não volta atrás. Nunca mais.

Sente que por ter já passado por tanto na vida (questões de saúde, perda de pessoas que lhe são queridas, divórcio…) se tornou capaz de enfrentar tudo e todos?

Não tenho delírios tontos desses. Tenho é cada vez mais medos de situações que fogem ao meu domínio, ao meu controlo. Existem momentos estúpidos na vida, que por vezes nos passam a perna. Ou tentam. Andar atento, alerta, com um sorriso na face, com muito amor, amigos e família unida à mistura, a coisa gere-se mais facilmente. Mas já não acredito na Super Mulher. No entanto, continuo a gostar dela. Da ideia dela existir.

De mulher para mulher, que conselhos dá às suas filhas mais crescidas (Em relação aos homens… fujam, não fujam? O melhor é agarrarem-se aos livros)?

Que sejam sempre mulheres verdadeiras, de fibra, que não se deixem manipular, que tenham uma opinião estruturada e sustentada em tudo o que acreditam, mas sobretudo, que sejam felizes.

Como se gere um divórcio quando se tem quatro filhos?

Como tem e deve ser. Amando e protegendo os filhos primeiro que qualquer outra coisa. Eles, sempre em primeiríssimo lugar. Eles, sempre serão a minha prioridade absoluta. Sempre foram e sempre assim será.

Há muitas pessoas que dizem que está melhor agora do que aos 20. Concorda? 

Não consigo crer, mas agradeço o gentil elogio. Perdem-se umas coisas, ganham-se umas outras quantas. Até agora, balanço muito positivo, depois de tantas e difíceis etapas.

Como se consegue essa leveza, boa forma e brilho?

Com uma vida de mãe, actriz, empresária, chefe de família, dona de casa e mulher activa que sou, não sobra tempo para grandes desajustes ou desequilíbrios. Sempre a andar. Non stop. Energia ao rubro. Prazer de viver. Sorrir e agradecer todos os dias, o maravilhoso que tenho. 4 filhos maravilhosos, uma profissão que amo e na qual sou muito feliz e reconhecida, uma família unida e coesa e amo muito e sou muito amada. Estou muito feliz!

Que rituais de beleza segue?

Como bem, durmo bem, rio muito.

O regresso de Cristina Ferreira à TVI está a ser uma lufada de ar fresco? Em que sentido?

Na área do entretenimento, os resultados fazem-se notar, na minha área, a da ficção, e porque os projetos que estão a ser emitidos, já todos estavam a andar largamente, quando a Cristina entrou para esta vertente, ainda não há repercussão. Acho que se entusiasmará muito com a ficção, pois é de uma riqueza infindável. No entanto, apanhou uma fase atípica para tudo, tal como todos nós. É teimosa e entusiasta. Gosto disso!

Qual o seu lema de vida?

Ui! São muitos. “Vive e deixa viver” ; “Arranjem uma vida e ocupem-se a ser felizes”; “Um dia de cada vez”; “Nunca deixes para amanha o que podes fazer hoje”, “Nunca faças aos outros, o que não gostarias que te fizessem a ti”, “Sorri para a vida, assim como a vida sorri para ti”, são apenas alguns dos meus muitos e bons, sempre bons, leves e pro-activos lemas de vida.

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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Divulgação TVI

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