Gisela Serrano despediu-se esta manhã da mãe, Dona Dilar, que morreu na quarta-feira, (18), vítima de cancro. A antiga concorrente de Masterplan, SIC, era o rosto de sofrimento, mesmo por baixo da máscara que levou para se proteger da covid-19.
Devido à pandemia e ao estado de emergência no combate ao coronavírus, o funeral e velório não decorreram de forma normal e esteve presente apenas um número limitado de pessoas. Gisela, o marido Nuno Pereira e alguns amigos. Dona Dilar foi cremada esta manhã na Póvoa de Santa Iria, Loures.
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O último suspiro da mãe
«Queria ter a minha mãe comigo, sim, mas não posso ser egoísta ao ponto de a querer ali deitada numa cama a sofrer. Estava com ela quando deu o último suspiro. Ainda me apertou a mão. A sensação que tive foi que ela me estava a dizer: ‘agora vai, que eu também quero ir’». É assim que Gisela Serrano descreve, em declarações exclusiva à Revista Maria, o «suspiro final» da mãe. Dilar perdeu a vida esta quarta-feira, aos 65 anos, vítima de cancro do pâncreas.
A mãe da concorrente de Masterplan, concurso emitido pela SIC em 2020, foi diagosticada com a doença no final do ano passado. «Estava avançado, era de estágio 4, e alastrado a outros órgãos. Já não era possível operar», contou Gisela.
A equipa de médicos que acompanhou Dilar deixou que fosse esta a decidir se queria fazer quimio ou radioterapia, tratamentos que não iam «adiantar muito». «Ia apenas prolongar-lhe a vida por mais um mês e sem qualquer qualidade. Ela estava lúcida e decidiu não fazer», recorda a empresária à Maria.
«Eu tinha medo quando o telefone tocava»
O último mês foi passado num centro de cuidados paliativos, depois de ter estado internada durante cerca de quatro semanas numa mesma unidade no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Dilar deixou de comer, de beber e «vomitava tudo».
Gisela manteve-se sempre ao lado da mãe, de quem era «muito cúmplice», até há seis dias, quando Dilar «deixou de poder receber visitas por causa da pandemia» do novo coronavírus. «Ligaram-me todos os dias do centro para me dizerem como ela estava. Eu tinha medo quando o telefone tocava», diz-nos, sem esconder o choro. «Sabia que ia acontecer, mas uma mãe é sempre uma mãe. Eles prometeram ligar-me se acontecesse qualquer coisa. E assim foi».
Os cuidadores pediram a Gisela para ir ter com a mãe «assim que pudesse». «Fui com o meu irmão. Despedimo-nos da mãe. Ela ainda abriu os olhos muito rápido, levantou a mão… tentou dizer adeus ou assim. A médica chamou-me à parte e disse-me que faltava muito pouco. Parece que ela estava a espera de se despedir de nós», lembra.
Funeral sem «o calor humano que nestas alturas existe»
As cerimónias fúnebres realizam-se esta quinta-feira apenas para os «amigos mais próximos». «Vai entrar apenas uma ou duas pessoas de cada vez na igreja. O caixão vai estar fechado e ninguém lhe pode tocar. E vamos todos de luvas e máscaras, mantendo entre nós a distância recomendada de pelo menos um metro», explica Gisela Serano.
«Também não vai haver beijos e abraços. Não vai haver o calor humano que nestas alturas existe. Haverá o olhar… Temos de ser conscientes, independente de estarmos a velar a minha mãe, sobre o que se está a passar no mundo», remata.
Recorde-se que, de acordo com as recomendações de Conferência Episcopal Portuguesa, as cerimónias fúnebres são abertas apenas aos familiares diretos e o velório fica limitado ao dia do enterro. É mais uma forma de minimizar o risco de contágio do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.
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Texto: Ana Lúcia Sousa e Ana Filipe Silveira; Fotos: DR
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