Numa entrevista emotiva a Cristina Ferreira, Ângelo Rodrigues recordou os dias que o levaram ao hospital e o momento em que quase perdeu a vida. Em recuperação, contou como a relação com a família e consigo próprio mudou.
Leia algumas das frases mais marcantes do ator, que regressa este sábado, 21 de dezembro, à ficção da SIC com o telefilme Golpe de Sorte: Um Conto de Natal.
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O papel da família e dos amigos
- «Foi um período em que os amigos e a família foram o mais importante para me devolverem a vida.»
- «Tem havido uma onda de amor generalizada a que eu não estava habituado e que ainda não sei bem lidar com isso.»
- «Ia tomar banho de andarilho. A minha mãe ajudava-me a limpar o corpo porque eu não chegava às pernas.»
- «Foi o primeiro esboço de família realmente unida que tive na minha vida. Foi a primeira vez que tive esse retrato familiar. Num momento de aperto a sério eles estiveram lá.»
- «Foi impressionante o carinho que a Iva (Domingues) teve e o esforço de me ir visitar tantas vezes, de me levar comida. Tivemos uma história bonita.»
- «Propus à minha mãe mudar-se durante dois meses para Lisboa e aluguei um apartamento. Voltei ao colo da mãe. Estamos a redescobrirmo-nos como mãe e filho. Sinto-me bebé outra vez.»
O drama no hospital
- «Estava com uma carga de trabalho enorme, um stress profissional bastante grande e comecei a sentir febre, já estava com um
princípio de anemia, tinha quebras de força, estava um bocado em baixo.» - «Passei uma semana antes de ir ao hospital à espera de melhorar com os antibióticos. Esse período foi até o mais crítico, que foi quando o meu quadro clínico foi mesmo assombroso e foi nessa altura que eu deveria ter ido ao hospital e não fui.»
- «Abriram-me grande parte da perna, tenho uma cicatriz enorme até baixo do joelho. Retiraram-me pele para enxertar para a zona que era necessária.»
- «Há uma semana da minha vida que foi apagada da minha memória. Tive uma amnésia temporária e desde que vim cá para fora, recebo as histórias das pessoas e eu vou juntando os recortes para montar o meu puzzle.»
Sobre a morte
- «Acordei sem noção do que aconteceu. Nestas situações de quase morte, nestas situações traumáticas, o cérebro entra em mecanismo de defesa, de sobrevivência. Não me lembro de absolutamente nada desses quatro dias em que estive em coma e dos três dias anteriores.»
- «Sou a prova viva de que a vida pode ser um sopro.»
Ainda em recuperação
- «Não houve um segundo em que eu estive internado em que eu achei que não ia conseguir ou recuperar a 100 por cento. Essa força indestrutível que eu arranjei foi o que me alimentou.»
- «Parece que estou a começar a viver de novo. Vou-me culpabilizar, ou chorar sobre o leite derramado ou vou focar-me no que realmente importa?»
- «A minha maior luta tem sido conseguir viver em paz com a minha autoimagem e ter consciência que o meu corpo não vai ser o mesmo.»
- «Estou anestesiado ainda. Foi muito forte o impacto cá fora.»
Documentário a caminho
Na entrevista o ator revelou que foi-lhe proposto por Daniel Oliveira fazer um documentário especial que acompanhasse o processo de recuperação como forma de ajudar. «Não tive muito tempo para decidir se queria ou não. Posso de alguma forma servir de exemplo? Então vamos lá.»
Recorde-se que o elenco da série portuguesa Golpe de Sorte, emitida na SIC entre os meses de maio e novembro, é praticamente o mesmo deste telefilme. Ângelo Rodrigues ainda está em recuperação e, na pele de Bruno, filho da protagonista Maria do Céu (Maria João Abreu), o ator mostrou-se muito divertido nos bastidores e foi o mais requisitado para tirar fotografias, principalmente com os atores de palmo e meio.
Recorde-se que, no final da série, os telespectadores leram a frase «sem fim», dando a entender a continuidade da mesma, e o diretor-geral de Entretenimento da Impresa, Daniel Oliveira, não desperdiçou a oportunidade de manter a continuidade de um projeto de sucesso, que devolveu à SIC a liderança no prime time.
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