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Rita Pereira dá cartas em Quero é Viver e revela como Maria a tem feito crescer como atriz

25 Maio, 2022

Em entrevista exclusiva à Maria, Rita Pereira fala da cena marcante de Quero é Viver que a deixou de rastos e assume que Maria é o desafio da sua carreira.

Em entrevista exclusiva à Maria, Rita Pereira fala da cena marcante e que vai mudar o rumo da história de Quero é Viver, TVI, em que Zé Luís (Filipe Vargas) assume que é gay e Maria explode. A cena foi amplamente elogiada pelos telespectadores, assim como a performance da atriz. Rita revela que a cena a deixou de rastos e assume que Maria é o desafio da sua carreira.

Entrevista a Rita Pereira

Como foi fazer estas cenas com o Filipe Vargas?

Tem sido um prazer enorme trabalhar com o Filipe, não nos conhecíamos, tínhamos alguns amigos em comum, mas nunca tínhamos privado e à partida não temos muito a ver um com outro a nível de personalidades e depois no final resultou supre bem. E agora damo-nos muito bem, tanto dentro do set como fora e as cenas tornam-se muito mais fáceis de gravar.

Como atriz, quando recebe estas cenas, como reages?

É difícil porque realmente a  Maria é totalmente diferente de mim, principalmente na forma de pensar e nos seus ideais e tenho completamente de me abstrair dos meus ideais e acreditar firmemente nos ideais da Maria. Portanto, quando as recebo, são sempre cenas em que eu demoro muito mais tempo a trabalhá-las, porque acima de tudo tenho de me convencer da verdade.

Viu o original?

Não vi.

Chorou, a sua respiração estava ofegante, o sofrimento e desespero estavam estampados na sua cara, a sua linguagem corporal acompanhava as suas palavras. Como se chega ali?

Lá está , é uma preparação prévia muito mais difícil do que uma cena em que seja só uma conversa normal ou de uma cena mais cómica. Chega-se ali com a verdade, sinceramente, não sei muito bem explicar, eu estudei vários métodos ao longo da minha vida, desde Lee Strasberg e Fátima Toledo, mas acabei por compor o meu próprio método e acredito sinceramente na verdade da personagem. Não sei bem responder, mas é através da verdade, acreditando que aquilo está a magoar a Maria de uma forma absurda, porque é uma mulher que idealizou a perfeição e que aquilo está a romper na totalidade com o que ela idealizou.

Repetiu as cenas duas vezes. Depois de as fazer ouvir corta, como fica a Rita Pereira?

A Rita ficou completamente de rastos, é engraçado porque eu às vezes chego a casa e comento com a minha família que estou super cansada porque tive muitas cenas de choro, por exemplo, porque às vezes cansa-nos mais física e psicologicamente uma cenas destas do que gravar 30 durante um dia. Depois de alguns familiares meus terem visto a cena perceberam porque é que naquele dia eu estava tão cansada, não me apetecia falar com ninguém e estava de rastos. Fico mesmo de rastos, é mesmo cansativo.

Rita Pereira: “Às vezes as palavras custam-me a sair da boca”

A Rita Pereira consegue desligar-se facilmente da Maria?

Tenho que me desligar. Às vezes o que me acontece é que quando estou a fazer cenas em que estou bêbeda, ainda saio da cena a cambalear ou a piscar os olhos de forma diferente e depois é que percebo que já não preciso de estar assim (risos). Mas não sou aquela pessoa que fica em personagem forever. Acabou a cena, respiro um bocado, não estou em personagem estou só em Rita a tentar recuperar do que acabou de acontecer e sigo a minha vida porque tenho mais 20 cenas para gravar.

Não sei se foi a primeira cena do dia, mas como disse teve de gravar mais cenas a seguir. Onde foi buscar energia?

Tem que se ter essa energia, não há como dizer à equipa que estou extremamente cansada e que preciso de descansar. Fazer-se novela é isto. O ator tem de se entregar por completo numa cena e na cena a seguir estar bem com energia e continuar a fazer o resto. Por isso é que eu defendo sempre que um ator de novela sabe trabalhar em qualquer campo. Sabe fazer teatro e consegue fazer cinema. Porque a intensidade de fazer novela é algo que só quem vive, percebe.

A Maria tem-na posto à prova?

A Maria põe-me à prova constantemente, principalmente pelo facto de eu discordar de tudo o que ela diz, de sermos totalmente  diferentes. A diferença põe-me à prova.

Enquanto atriz, tem descoberto sítios em si que não conhecia?

Enquanto atriz, fazendo a Maria estou a tentar arriscar mais na forma de interpretar cada cena. Estou a tentar desviar-me do que eu já fiz e a arriscar em novos caminhos nem  que seja a simples forma de dizer olá.  Tem-me posto à prova todos os dias. Tento nunca relaxar, tento sempre  fazer algo diferente que eu não tenha feito nestes 18 anos. E acho que é esse risco que tenho corrido que me tem beneficiado e tem feito a diferença e que as pessoas começaram a olhar para mim de outra forma enquanto atriz.

A Maria tem sido o seu maior desafio enquanto atriz?

Sim. Felizmente tive vários desafios ao longo destes 18 anos, mas acho que também pelo feedback que tenho tido do público, faz com que  realmente a Maria esteja a ser um dos meus maiores desafios senão o maior e um dos que me tem dado mais prazer de viver.

Sendo uma mulher tão diferente de si, o desafio torna-se maior, claro. Mas como se defende uma personagem que é o protótipo de algo que não se identifica?

É o desafio, é o pôr-me à prova, é arriscar e é o acreditar. É tão difícil, juro. Às vezes as palavras custam-me a sair da boca de tão contra eu estou ao que a Maria está a dizer sobre o que quer que seja. É tão raro eu concordar com alguma coisa do que ela diz em relação a determinados assuntos, mas tenho de defendê-la e vou defender sempre, ela está a ajudar-me enquanto atriz. É acreditar.

O que disse ao Filipe antes e depois de gravarem as cenas?

Antes disse: ‘Hoje o dia é difícil, ah?!’. E depois disse: ‘Espero que a chapada não tenha doído muito, mas acho que valeu a pena’. E quando a cena deu, falámos um com outro através do whatsapp e escrevemos tão simplesmente isto: ‘Valeu a pena’.

Recebeu mensagens de alguém que se identifica com as vossas personagens?

Ui, desde o dia 3 de janeiro que recebo mensagens de alguém que se idêntifica com a Maria, é inacreditável. E pessoas que se confessam sem orgulho de o serem, mas que continuam a sê-lo.

Que final que a Rita Pereira gostava para a sua personagem?

Essa é uma pergunta que me começaram a fazer agora, mesmo nas gravações, às vezes comentamos entre colegas, entre as equipas, como é que achamos que devia acabar a Olga, a Irene ou a Maria ou a Natália. Eu ainda não encontrei o final da Maria que acho que seria bom. Não sei.

 

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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Divulgação TVI

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