Nacional

Rui Porto Nunes com falta de trabalho e situação financeira fragilizada

20 Março, 2019

Em 2015, Rui Porto Nunes concluía mais uma trama, sem sonhar que, daí para a frente, não iria voltar a receber um convite para integrar, a tempo inteiro.

Desde que se despediu de Jardins Proibidos, em 2015, o último produto de ficção onde interpretou uma personagem do início ao fim da trama, que Rui Porto Nunes, de 32 anos, está a atravessar uma fase delicada. O ator não é convidado para um projeto continuado desde então.

À Maria, encontrou-o na passada quarta-feira, dia 13 de março, a colocar música na inauguração da nova loja C&A do Colombo e pediu-lhe para nos prestar umas declarações. Tímido, não negou e dispôs-se a abrir o coração, desde o primeiro segundo…

Ao ouvir a pergunta ‘O que é que anda a fazer, em termos profissionais?’, o ator começou por suspirar… De seguida, deu uma resposta curta e a tristeza com que proferiu as primeiras palavras foi suficientemente esclarecedora. «Nada… Neste momento, não estou a fazer nada», assumiu, baixando o olhar.

É que até o papel de DJ que Rui Porto Nunes vai explorando, aos poucos, é esporádico. «Sim, muito de vez em quando. Não há eventos todos os dias…», conta, num discurso onde as reticências não faltam.

«É um sabor amargo»

Em 2015, o ator concluía mais uma trama, sem sonhar que, daí para a frente, não iria voltar a receber um convite para integrar, a tempo inteiro, um projeto na área da ficção. O trabalho tem surgido a conta-gotas e tudo o que tem conseguido são apenas participações especiais, geralmente (muito) curtas, que nem lhe permitem viver o ritmo frenético que sentiu durante uma década.

«Não sei o que se passa, isso também gostava de saber. De facto, é um bocadinho estranho», responde, quando a Maria lhe pergunta por que motivo os convites não chegam até ele. «Também gostava de perceber o que é que se está a passar. Não é de agora, já são quase quatro anos. Não sei… Se eu tivesse explicação e respostas, com certeza que já estaria a trabalhar.»

Certo é que Rui Porto Nunes ainda não encontrou uma explicação para o facto de não ser solicitado para a ficção e, quando se pergunta se «tem pena», o ator faz um esclarecimento. «Não é pena, mas, de facto, é um sabor amargo, porque foram dez anos a trabalhar sem paragens e de repente quando parou, parou mesmo a sério e sem uma explicação aparente.»

«Eu, no esquecimento do público, não caí de certeza, agora se caí no esquecimento de quem realmente manda, não sei… não faço mesmo ideia», refere, sem conseguir apontar o que terá corrido mal no seu percurso que justifique esta falta de interesse por parte das grandes produtoras.

Sem querer aprofundar em demasia o assunto, a Maria relembrou a Rui Porto Nunes o dia em que Diogo Valsassina o apontou, quando questionado sobre a pessoa com quem tinha gostado menos de trabalhar.

«Nessa altura, já estava nesta fase, já estava num período em que não trabalhava… Mas ele justificou e justificou bem, disse que tinha a ver com o Curto Circuito [programa da SIC Radical] e não enquanto ator e isso deixa-me descansado. Acho que é uma coisa que ninguém está à espera, mas tudo bem», comenta, sem se mostrar incomodado com o assunto e sem querer relacionar a observação do colega com a sua atual situação.

Jani Gabriel, «muito mais do que uma cara bonita»

Rui Porto Nunes e Jani Gabriel, de 28 anos, mantêm uma relação amorosa «há quase seis anos» e já partilham o mesmo tecto «há quatro», ainda assim, o ator não tem planos para ter filhos, para já. «Temos um cão, o Thor», conta, a rir. A verdade é que não é altura para pensar na paternidade. «Não tenho propriamente uma vida profissional, o que complica… E a Jani também está numa fase em que precisa agora de trabalhar e de mostrar o verdadeiro talento dela e mostrar que é muito mais do que uma cara bonita. E ela está nessa fase e bem e há que aproveitar», sublinha, elogiando a namorada pela progressão profissional.

«Quando essa fase acabar e quando ela cimentar o lugar dela enquanto apresentadora, porque ainda está numa fase, não digo embrionária, mas está a lançar-se e está a ser uma aposta da SIC… Mas, para já, com a minha situação e na fase ascendente dela, ter filhos seria muito precipitado.»

A situação financeira está realmente fragilizada. Rui Porto Nunes conta à Maria que até frequentou o Ensino Superior, mas não chegou a acabar nenhuma das licenciatura. «Estudei duas vezes na Lusófona em Cinema e, mais tarde, em Gestão de Empresas, mas não concluí nenhum dos cursos.»

Pensar, neste momento, em prosseguir os cursos está fora de questão. «Para concluir é preciso haver dinheiro… E a vida tem sido assim, uma gestão de tudo.» Não tem sido fácil, como conta. «Já houve momentos de tudo, mas atualmente, já é normal, já não é uma coisa que me tire o sono, já me habituei, já me adaptei».

Se 2019 será um ano de viragem, não sabe. «Já estamos em março, eu queria… Nunca perco a esperança, porque perder a esperança de uma coisa que eu gosto tanto, que é o meu trabalho, ser ator, acho que isso já era muito grave… Eu acredito que isto é uma fase e que, mais cedo ou mais tarde, vou voltar a trabalhar com a mesma regularidade com que trabalhava.»

Entretanto, vai indo a audições e garante que não fica à espera que um convite lhe caia do céu. «Eu vou a castings, não fico à espera que me liguem.»

«Sou embaixador de uma marca, estou com outras marcas… Mas isso nem me dá dinheiro.Também não gasto, mas ao menos mantém-me a mente ocupada e todos os dias tenho um objetivo, para me sentir bem e para me distrair um bocado desta ausência de trabalho. Eu vou trabalhando, mas é muito pontualmente, ou um filme ou uma peça de teatro, ou uma dobragem… mas um projeto a tempo inteiro há muito que não tenho.»

Texto: Tânia Cabral; Fotos: Helena Morais e Arquivo Impala

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