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Suar no inverno pode ser sinal de doença!

15 Dezembro, 2019

Sua em excesso? Saiba que pode sofrer de hiperidrose. Conheça melhor a doença e um tratamento que pode mudar a sua vida.

Quem sofre de hiperidrose sofre de uma doença que, embora não seja grave, deteriora muito a qualidade de vida das pessoas no âmbito pessoal e profissional. Contudo, existe já tratamento para este problema.

A Clínica Liberty, em Lisboa e no Porto, usa um tratamento inovador, o Miradry, que foi desenvolvido em 2011 nos Estados Unidos e que chegou há um ano ao nosso país, deixando já muitos pacientes com menos sintomas. Saiba que não é apenas no verão que vai suar mais. Na realidade, o grave deste problema de hiperidrose pode desenvolver- -se na parte mais fria do ano.

Por isso, tenha cautela e leia com atenção a entrevista do médico especialista João Lima Gabriel.

O que é isto de suar em demasia?

A hiperidrose é, hoje em dia, considerada como um distúrbio neurovegetativo. Isto significa que afeta a forma como o organismo se relaciona com as glândulas, ou seja, não é entendida como uma doença de pele, mas sim das próprias glândulas. Estas glândulas são normais, mas estão a ser superestimuladas
pelo sistema nervoso periférico, nomeadamente pelo sistema nervoso simpático.

Mas o que pode provocar este problema?

Habitualmente distinguimos dois grandes tipos de hiperidrose: temos a generalizada e a focada/localizada. O que distingue uma da outra é que, na generalizada, a pessoa transpira de igual forma por todo o organismo e, normalmente, está associado a alterações, sejam elas do foro metabólico, neurológico ou, às vezes, por causa de algum tipo de traumatismo, ou ainda, mais frequentemente, por causa da obesidade. A pessoa com excesso de peso vai transpirar mais.

Quanto à localizada, os especialistas suspeitam que tem um fundo hereditário muito forte. Até dois terços da população com hiperidrose têm familiares com a mesma situação. Ou seja, hoje em dia entendemos que, apesar de não estar identificada a causa ou a mutação genética que provoca este tipo de situação, existe uma evidência de que, provavelmente, a transmissão será sempre feita de pais para filhos.

Depois, dependendo do tipo de mutação, a forma como a hiperidrose se vai manifestar, a zona ou a idade com que se começa a manifestar, será diferente. Na realidade, existem muitas pessoas que não manifestarão a hiperidrose, mas que são portadoras desta mutação.

Sintomas no período frio

Como é feito o diagnóstico?

É puramente clínico, ou seja, não existem análises ou um exame que possamos usar para determinar a hiperidrose localizada. Isto em oposição à generalizada, que efetivamente pode ter outro tipo de situações base que justificam um exame mais detalhado a nível complementar. A nível da localizada, o diagnóstico é puramente clínico.

Procuramos saber qual a longevidade dos sintomas porque, por definição, a pessoa terá de ter estas queixas excessivas de transpiração há mais de três meses. Procuramos também saber como é que os sintomas se comportam ao longo do ano. Habitualmente não está inerente a situações de calor ou esforço.

Não é então um problema só do verão?

Não. Para quem tem hiperidrose, por vezes o período do inverno é até mais complicado, porque a pessoa está sempre húmida, sempre a transpirar, e apesar do frio, vai sentir esse incómodo da roupa molhada e vai ter uma maior dificuldade em tolerar isto, ao passo que no verão, apesar da transpiração excessiva, usamos roupas mais leves e mais frescas. Por vezes, os sintomas são sentidos com maior gravidade durante o período frio.

Novo tratamento

Que tipo de tratamentos existem?

Digamos que existe uma escalada terapêutica. Nós devemos sempre ponderar que tipo de tratamentos já foram feitos, entre os utópicos, ou seja, a colocação de antitranspirantes, à medicação, à colocação de Botox, à iontoforese, à Miradry e até à cirurgia. Dentro dos váriospatamares, nós temos obviamente de perceber qual a zona onde a pessoa tem a transpiração excessiva e quais são as indicações para pode atuar consoante essa áreae dentro do que está disponível tecnologicamente. Habitualmente, as pessoas que cá vêm já experimentaram efetivamente uma elevada quantidade de tratamentos e quando aqui chegam procuram, de facto, outro tipo de patamar da resolução do problema.

Desde 2011, com o aparecimento nos Estados Unidos do Miradry, surgiu uma hipótese de tratamento definitivo a nível axilar que não existia antes. Isto veio, de alguma maneira, criar uma nova investigação e um novo ânimo relativamente a esta patologia, porque definitivamente apareceu uma solução de tratamento relativamente fácil em ambulatório, sem necessidade de cirurgia. Até à data, só tem indicação a nível axilar.

E como funciona?

É um tratamento que usa ondas eletromagnéticas, do tipo micro-ondas. É um aparelho bastante seguro e minucioso na aplicação das micro-ondas numa profundidade muito específica da espessura da pele, ou seja, anatomicamente nós temos a maioria das glândulas a uma determinada profundidade e é aí que o Miradry propõe aquecer, na ordem dos 60 graus, causando uma rotura das membranas das células e a consequente destruição dessas mesmas células e a desintegração da glândula.

Ou seja, depois de aplicarmos o calor, após uma sessão, normalmente, temos uma eficácia de 70 por cento na redução do número de glândulas na zona tratada. Isso permite, consequentemente, diminuir a quantidade de transpiração produzida na zona.

Quantas sessões, normalmente, são necessárias?

Depende, mas habitualmente, segundo o protocolo, terá uma taxa de satisfação muito elevada após duas sessões.

Esta doença manifesta-se mais nas mulheres?

Não. A nível clínico existe uma igualdade de casos em ambos os géneros.

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Texto: Catarina Martins, Fotos: Pixabay

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