Em Terra Brava, Tomás acaba de chegar de viagem. Entra em casa, pousa o saco de viagem e as chaves e fica imóvel, por um instante, como que a processar algo que o
abalou. Vem cansado, com o olhar triste e a expressão pesada. Entra Tiago. Inquieto,
pergunta-lhe: «Não me atendeste porquê? Já estava a ficar stressado!».
Tomás encara o filho com a dor e a deceção estampadas no rosto. O médico percebe que algo grave se passa. «O que foi?», questiona. O dono da taberna responde-lhe quando é que ele tencionava contar que foi responsável pela morte da mãe.
Tiago chora e pede desculpa ao pai
Tiago está muito tenso depois de confrontado por Tomás, que está a desdobrar uma carta. «Eu recusei-me a acreditar quando a Polícia me deu isto para ler. O meu filho?! Não. Ele nunca seria capaz! Mas foste, não foste, Tiago? Foste tu que organizaste o assalto à nossa casa. É o que diz aqui o teu amigo… Aqui. Lê! Diz-me que não foi assim. Porque a tua mãe, a Amélia, morreu nessa noite. A mãe que te amava mais do que tudo.» O ex-marido de Beatriz começa a chorar e pede desculpa, mas Tomás continua: «Meu sacana egoísta. Ganancioso! Por causa de uma viagem?! Por não saberes ouvir um ‘não’?! Enfiaste em nossa casa os homens que lhe tiraram a vida. Sabes do que é que mais me arrependo? De ter-te adotado. Foi um desperdício de amor para um ingrato miserável, que é o que tu és.»
O presidente da Câmara olha para Tiago com profunda mágoa, arranca-lhe a carta das mãos e sai porta fora, para o exterior.
«Talvez tu não me culpes», diz Tiago
No dia seguinte, Beatriz exercita um cavalo e é interrompida por Tiago, que se aproxima, abatido. «Beatriz… eu não sabia para onde ir, não tenho ninguém com quem falar», diz ele. Ela pergunta o que se passa e o médico, desesperado, tenta soltar as palavras: «Eu… eu… talvez tu não me culpes», afirma. «Culpar do quê?», pergunta-lhe a irmã de Afonso. «Fiz mal às duas pessoas que mais cuidaram de mim nesta vida. Muito mal.» Ele abraça Beatriz, que fica sem reação e deixa que ele a abrace. «Tiago, estás a assustar-me. Fala
comigo. Se me procuraste é porque confias em mim… o que é que tu fizeste?», refere a mãe de Martim, enquanto desfaz o abraço calmamente. «Eu sou o maior culpado pela
morte da minha mãe», confessa o médico.
«Infernizaste-me a vida»
A ex-mulher não percebe e ele continua: «O meu pai foi a Londres porque apareceu uma carta de suicídio de um dos assaltantes que estava na prisão. Os assaltantes eram meus amigos. Fui eu que lhes disse que a minha casa tinha dinheiro, peças valiosas, e que ia estar vazia nesse fim de semana». Passam uns instantes de silêncio e Tiago continua a conversa: «Eu não tinha como saber que os meus pais iam regressar a casa mais cedo.»
Incrédula, Beatriz pergunta-lhe: «Estás a dizer que conhecias os assaltantes que mataram
a tua mãe?». Ele não consegue continuar a falar diante da filha de Francisco, que se mostra horrorizada. «Queria que soubesses por mim», revela o médico. A amiga de Carla está em choque: «Infernizaste-me a vida! Justificavas os ciúmes, a necessidade de controlar os meus passos com a morte da tua mãe… Se vieste à procura de pena, Tiago, desta vez não a vais ter», diz. Ele fica sem argumentos e limita-se a chorar. Já Beatriz faz menção de sair com o cavalo, pelas rédeas.
Texto: Mário Rui Santos
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