A Direção de Informação da RTP demitiu-se, na manhã desta segunda-feira, depois das últimas polémicas que envolvem a jornalista Sandra Felgueiras e o Sexta Às 9.
A demissão aconteceu no dia em que estava marcado um plenário de redação.
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Comunicado
«O Conselho de Administração (CA) da RTP recebeu uma comunicação da Diretora de Informação Maria Flor Pedroso a colocar o seu lugar à disposição, por esta considerar que, face aos danos reputacionais causados à RTP, não tem condições para prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como sempre tem feito.
Após auscultação dos motivos invocados pela Diretora e exclusivamente por esses motivos, o CA considera que não tem outra alternativa que não seja aceitar essa decisão.
O CA agradece a Maria Flor Pedroso, jornalista de idoneidade e currículo irrepreensível, o trabalho desenvolvido de forma dedicada, competente e séria enquanto Diretora de Informação de Televisão da RTP.
A CA acredita que a linha editorial que vinha a ser desenvolvida pela direção, assente num jornalismo objetivo e rigoroso, livre e independente, isento e plural é a matriz de um serviço público de excelência , em absoluto contraste com a crescente tendência para um jornalismo populista e sensacionalista que repudiamos veemente e que é imperativo combater.
O CA nomeará em breve uma nova direção à qual continuará a exigir a implementação das melhores práticas, para que o jornalismo feito pela RTP seja o mais completo, o mais sério, o mais credível e o mais isento, ao total serviço do público».
Caso com Sandra Felgueiras chegou ao Parlamento
A RTP1 protagonizou um intenso frente-a-frente entre Maria Flor Pedroso e Sandra Felgueiras, a apresentadora e coordenadora do programa de jornalismo de investigação Sexta às 9.
O primeiro embate deu-se aquando do alegado adiamento de uma reportagem sobre a concessão de exploração de lítio no concelho de Montalegre, inserida naquele formato, envolvendo negativamente o Governo, nomeadamente o Secretário de Estado da Energia, João Galamba.
A emissão deste trabalho jornalístico estaria marcada para 13 de setembro, mas tal só aconteceu a 11 de outubro, já os socialistas tinham saído vencedores das eleições legislativas.
O caso mereceu mesmo a atenção do Parlamento. A comissão de Cultura e Comunicação pediu uma audição a Sandra Felgueiras e à agora diretora demissionária. E a primeira não poupou na frontalidade, admitindo, pela primeira vez, que «era possível» transmitir aquele trabalho de investigação durante o mês de setembro.
Já na semana passada, numa reunião extraordinária do Conselho de Redação da RTP, veio a público uma nova polémica, desta vez relacionada com uma reportagem que estava a ser feita, também para o programa Sexta às 9, sobre o alegado recebimento indevido de dinheiro vivo no processo de transferência de estudantes do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM) para outros estabelecimentos de ensino.
Um dos alvos seria Regina Moreira, a diretora do ISCEM, onde Maria Flor Pedroso era docente a tempo parcial. A discórdia entre a então direção e a equipa do Sexta às 9 surgiu quando se descobriu que a então diretora de Informação da RTP contactou a responsável da instituição para a informar de que a investigação estava a decorrer.
Maria Flor Pedroso confirmou este contacto, justificando-o afirmando crer que estava a contribuir para a evolução da investigação de Sandra Felgueiras. Este não foi, porém, o cenário que se observou. Sabendo da reportagem que estava a ser preparada sobre o ISCEM, a sua diretora terá sanado as ilegalidades que iriam ser reveladas na reportagem do Sexta às 9. A reportagem acabou por ‘cair’.
Texto: Ana Lúcia Sousa e Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala
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