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Relato de uma mãe que viveu momentos de terror na praia com os filhos

3 Agosto, 2017

Uma avioneta caiu esta quarta-feira, 2 de agosto, na praia de São João da Caparica. Conheça o relato de uma mãe com três filhos que estava presente e viveu momentos de horror

Maria Ana Ferro estava esta quarta-feira, dia 2, na praia de São João da Caparica quando se deu a tragédia da queda da avioneta. A irmã de Rita Ferro aproveitava uma tarde normal de praia com os três filhos e o pior aconteceu:

“Era só um dia de praia que prometia o do costume. Fui eu e eles. Os meus três filhos. Estivemos algumas horas na praia e íamos ficar mais. Encontrámos uns amigos. Os miúdos andavam entre areia seca o enrolar na toalha a reposição de creme e os dentes a tremer.”

Uma avioneta aterra de emergência no areal e o pânico instala-se. Duas pessoas perderam a vida – um homem de 57 anos e uma menina de oito anos. A correria para cada um salvar os seus foi imediata. Maria Ana Ferro descreve o momento que viveu:

“Estou de pé a olhar para eles e do nada surge uma aeronave a um metro do chão. Põe as rodas na areia, levanta as rodas volta a pôr. aterra. Desliza. 10 segundos. Atirei a Luísa para o meu colo e corri. Aos gritos. Descontrolada. Fora do meu corpo. ‘Os meus filhos! Os meus filhos! Não vejo os meus filhos! Os meus filhos!’ Foi isto que gritei enquanto corri. Vejo o Zé Maria primeiro e depois a Leonor e arrasto todos para a areia seca.”

Nada aconteceu aos filhos de Maria Ana, mas nem todos tiveram a mesma sorte.A irmã de Rita Ferro revela o quão agradecida está por tudo ter acabado bem para si e para os filhos:

“Saímos o mais rapidamente possível dali. Antes chorei muito. Abracei-os o mais que pude e chorei mais e gritei e questionei e agradeci e pensei naquele homem sozinho deitado ali sem um abraço e nos dele que os procuravam. E na outra pessoa que eu ainda não sabia que era uma menina de 8 anos e que tinha a mãe ali. A viver o que eu só temi. Numa escala diferente, muito diferente porque que direito tenho eu, a minha noção da vida deles e do tamanho que ocupam em mim, mudou para sempre. Para sempre vou ter este sentimento do que é a ideia de os perder. Não consigo falar em sorte. O que lhes aconteceu e às outras pessoas que ali estavam foi um milagre. E ao homem de 57 anos e à menina de 8 anos a maior e mais parva tristeza da vida.”

Os motivos da aterragem de emergência são ainda desconhecidos

A avioneta acidentada é um CESSNA C152, de 1978, com uma envergadura de 10 metros, autonomia de seis horas e capacidade para atingir uma velocidade máxima de 145 km/h. A aeronave é propriedade do Aeroclube de Torres Vedras, apesar de estar emprestada há vários anos à escola de aviação G-Air.

Segundo as autoridades, a avioneta será removida ainda hoje de São João da Caparica e prevê-se que amanhã a praia retome à normalidade.

Pilotos já estão a ser interrogados pela Polícia Marítima

O comandante da Capitania de Lisboa, Paulo Isabel, confirmou que a aeronave teria dois tripulantes, nomeadamente, o piloto e o copiloto. Segundo a Lusa, o piloto e o copiloto escaparam ilesos e estão a ser ouvidos, neste momento, pelas autoridades.

“Lamentando as duas vítimas mortais, num dia de Verão como este, se um avião aterrar numa praia destas, com centenas ou mesmo milhares de pessoas, poderia ser considerado um verdadeiro milagre só termos duas vítimas mortais”, afirmou Paulo Isabel, comandante da Capitania de Lisboa.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários revelou que uma equipe da instituição foi enviada para local para dar início à investigação.

 

Leia o testemunho na íntegra aqui:

 

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