Saúde e Bem-Estar

Reconstrução mamária. Uma ajuda para a autoestima

2 Dezembro, 2021

A perda de uma mama durante o cancro pode levar a mulher a sentir-se desfigurada e incompleta. A reconstrução mamária é uma solução!

A retirada da mama é sempre um processo difícil para quem é diagnosticado com cancro. A dura realidade é que em Portugal estima-se que cerca de uma em cada 11 mulheres vai sofrer desta doença e muitas destas mulheres serão alvo de mastectomias por tumor ou por profilaxia. Além da dor sentida por perderem um elemento da sua feminilidade, ainda existe um estigma muito grande por detrás dos procedimentos que pode mudar a autoestima de uma mulher.
Por isso é que a reconstrução mamária é um procedimento importante para a recuperação emocional. “É raro uma mulher que não queira fazer a reconstrução da mama. Esse passo é importante porque traz-lhe uma situação emocional muito melhor, é a recuperação da autoestima”, começa por afirmar o cirurgião plástico David Rasteiro, que no entanto avisa: “Nem todos os cancros possuem indicação para fazer uma mastectomia total. Por vezes, são apenas parte da mama, para retirar o tumor, que deixam sequelas, mas que também podem ser reconstruídas e assim restituir a feminilidade às mulheres.”

Aumento de bem-estar

O especialista destaca a importância da cirurgia plástica neste campo, “que permite obter resultados muito simétricos, adequados e naturais, e isso é uma mais-valia para realçar nesta fase do ano e neste mês de outubro dedicado ao cancro da mama. Não esquecer que esta patologia não é o fim de linha para uma mulher deixar de se sentir sensual e bonita. Existem muitas técnicas, desde pequenas remodelações da mama às famosas próteses mamárias e soluções mais naturais, para reconstruir a mama”, afirma.
Por isso, na sua opinião, nunca é demais lembrar que “cada caso é um caso, a mastectomia não é uma sequela para a vida e que tem de existir aqui uma componente estética nesta reconstrução”. Para David Rasteiro, a cirurgia plástica tem assim um papel quase tão importante quanto a cura, sobretudo no processo de recuperação da doença. “Uma mulher que fez o tratamento, mas no momento seguinte quando acorda e ainda tem mama, significa um importante passo na parte psicológica para a recuperação, para enfrentar depois as radioterapias e as quimioterapias que vêm a seguir, dando-lhe uma força anímica muito grande. A cirurgia estética, mesmo nos casos de pequenas coisas que ocorram na mama – sem ser o cancro –, traz à mulher um aumento da sua autoestima e bem-estar”, sublinha.

Força de viver

As intervenções na reconstrução mamária dependem de vários fatores, “como a idade da paciente e do formato do corpo, o que faz ter uma abordagem diferente quanto ao tipo de cirurgia a fazer. Existem duas grandes divisões: a utilização de materiais sintéticos como as próteses e de matérias a que chamamos autóctones – quando a reconstrução é feita com tecidos do próprio corpo. Ambas produzem muito bons resultados, sendo importante realçar que esta nem sempre é uma história com apenas um capítulo, sendo por vezes necessária mais do que uma cirurgia, como nos casos em que é preciso recorrer à reconstrução da aréola mamária”.
Tendo estas reconstruções mamárias uma elevada taxa de sucesso, o cirurgião plástico não deixa de questionar: “Muitas vezes isso é apenas uma quantificação subjetiva. O sucesso é o quê? É as pacientes sentirem-se bem, sentirem-se mulheres, com força de viver, e se em termos cirúrgicos isso acontece ao reconstruir uma mama, então sem dúvida que é uma taxa de sucesso elevada.”

 

Uma recuperação cuidada

Dependendo do tipo de cirurgia e sua evolução, a paciente tem alta do internamento num período que vai até quatro, cinco dias, podendo ir para casa com um ou mais drenos. Obviamente que, como todos os procedimentos cirúrgicos, pode haver complicações, que vão desde pequenas deformidades e assimetrias até hemorragias, infeções e outras. A paciente deve sempre informar-se destes riscos e contornos da cirurgia junto do seu médico. A recuperação varia de paciente para paciente, porém, alguns cuidados são necessários:

♦ A sensibilidade da “nova mama” será sempre diferente após a reconstrução mamária,ainda que possa modificar-se com o tempo;

♦ O edema e o hematoma demoram a desaparecer;

♦ A cicatrização é um processo lento, pode levar meses;

♦ Siga as instruções do seu médico e evite fazer esforços até à sua completa recuperação;

♦ Entre em contacto com o seu médico se notar qualquer alteração na mama reconstruída.

 

 

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Texto: Mário Rui Santos

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