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Atriz Noémia Costa cuidou de doentes com demência do ex-marido Lícinio França, em Londres

29 Novembro, 2019

A atriz esteve dois anos em Londres depois de se ver sem trabalho com atriz. Tirou um curso de saúde e exerceu até Adriano Luz lhe ligar com uma proposta de trabalho. O ex-marido, Licínio França sofre de Alzheimer.

Noémia Costa está de regresso a Portugal, depois de dois anos em Londres. É com «uma personagem fantástica» que Noémia Costa pode ser vista pelos portugueses na nova novela da SIC, Terra Brava. A atriz regressa à representação depois de ter emigrado para o Reino Unido, por falta de convites na sua área, um facto que a própria só revelou, na apresentação à imprensa da trama.

«Estive a trabalhar em Inglaterra. Estive a trabalhar em saúde e, neste momento, além de atriz, sou formada em healthcare assistant [assistente em cuidados de saúde, em tradução literal]. Tirei este curso porque achei que tinha acabado a minha carreira de atriz. Eu vivo sozinha e tenho de me fazer à vida», explicou Noémia Costa, justificando a sua escolha com o facto de este país «ser perto» de Portugal e por dominar a língua.

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Com esta formação, «estou apta para fazer todos os serviços», adiantou a atriz. «Trabalhei com alta demência, o que foi bastante cruel mas que me preparou obviamente mais para a vida», acrescentou, referindo que, com este trabalho, aprendeu «a relativizar muito mais as coisas».

Curioso, é que o ex-marido da atriz, Licínio França, sofre de Alzheimer há cerca de 10 anos. O ator está a viver num lar, em Lisboa, e já está a ser alimentado por uma sonda. Aparentemente é uma coincidência, até porque os dois atores perderam o contacto quando se separaram. Recorde-se que a relação entre Noémia Costa  e Licínio França não acabou da melhor forma. A atriz já assumiu que sofria de violência doméstica.

«Desfiz-me em lágrimas»

Prazeres é o nome da personagem que possibilita o regresso de Noémia Costa ao seu país. O convite veio do coordenador de projeto. «Quando recebi este convite, estava lá, a acabar de fazer um turno de 15 horas. O Adriano Luz ligou-me e disse-me que tinha boas notícias para mim. Ele sabia que eu estava há dois anos fora do país e, não sendo um colega com uma amizade muito próxima, esteve sempre presente. É incrível quando a ajuda vem das pessoas de quem menos se espera», sublinhou.

E o que lhe disse ele? «Disse-me: ‘Miúda, apanha o avião e vem para casa. A personagem é muito boa’», parafraseou Noémia Costa, que descreve a sua personagem como «uma mulher religiosa, de valores, muito rica a nível de sentimentos e para quem a família é tudo»«Desfiz-me em lágrimas», confessou agora a atriz, ela que só naquele momento revelou às colegas de trabalho que era atriz.

Seguiu-se um breve período «para tratar de algumas coisas» no seu país de acolhimento e «para dar o tempo necessário» à unidade de saúde em que trabalhava. Só depois, em maio, regressou a Portugal para o pontapé de partida de um projeto que espera que indicie o seu regresso definitivo a Portugal.

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«Espero que seja de vez, pelo menos para aquilo que eu gosto de fazer. Há uma coisa que eu não tenho: medo de lutar», vincou, assumindo que deixou de «fazer planos». «Podemos recomeçar. Eu recomecei em Inglaterra a fazer outro trabalho. Mas recomecei uma nova vida. Depois, venho para Portugal e estou novamente a recomeçar aquilo que eu gosto de fazer. Estou muito grata.»

«É difícil viver sempre no fio da navalha. Eu já vivo nele há 39 anos, porque comecei muito nova. Há paragens que são forçadas e não são as melhores para nós. Temos de faz contas à vida. Os atores em portugal não ganham de todo o que as pessoas pensam que ganham. Têm todos os deveres, mas não têm direitos nenhuns. Penso que com isto digo tudo», rematou.

Texto: Ana Filipe Silveira e Dúlio Silva | Fotografias: Impala

 

 

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