Amor e Sexo

O prazer sexual dos portugueses: estudo revela dados surpreendentes

1 Abril, 2023

prazer sexual

A confiança é fundamental para alcançar o prazer sexual e, embora mais de metade dos inquiridos diga que se masturba, vive este momento com tristeza.

A idade e a duração dos relacionamentos não interferem com o prazer sexual. Esta foi uma das conclusões preliminares do estudo sobre o Prazer Sexual, desenvolvido por Patrícia M. Pascoal, diretora do mestrado Transdisciplinar de Sexologia da Universidade Lusófona, com a colaboração de Marta Crawford, fundadora do MUSEX – Museu Pedagógico do Sexo, e de Tiago Sigorelho, presidente da Associação Gerador.

 

Outro dado curioso para Patrícia Pascoal foi o de que “a riqueza das definições de prazer, que são quase dois milhares”, apontam no sentido de que o prazer sexual é uma experiência muito rica, na qual a confiança e a segurança são fundamentais. Mais: o prazer sexual é uma “experiência complexa” que vai além do orgasmo, determinaram as respostas de 1624 pessoas, entre os 18 e os 83 anos, 63% mulheres, que responderam ao inquérito online até 23 de fevereiro. As relações monogâmicas constituem cerca de 63% das configurações relacionais das pessoas que participaram, “apesar de haver quem assuma relações extraconjugais e relacionamentos não monogâmicos consensuais”.

Masturbação: insatisfação na vida sexual

Segundo a investigação, a maioria das pessoas masturba-se (65%) e 48% tem atividade sexual semanalmente. “Cerca de 1% indica nunca se ter masturbado e 9% diz que o fazia e, entretanto, deixou. Os motivos são essencialmente diminuição de vontade, integração da masturbação no sexo a dois, ter perdido o interesse, privilegiar a atividade sexual com outras pessoas”, assim como a falta de vontade em casa, por vergonha ou por ser maçador.

 

Na verdade, em média, as pessoas sentem menos prazer na masturbação (74% de prazer) do que na atividade sexual com outra(s) pessoa(s) (83% de prazer). Admitem que a masturbação é importante enquanto indutor de relaxamento, mas encaram este momento com frustração e tristeza, porque simboliza a insatisfação na vida sexual ou “porque necessitam de recorrer à imaginação ou à pornografia”, algo que fazem com culpa.

Prazer sexual por mensagens de texto

Quanto aos comportamentos sexuais, cerca de 90% tenta novas posições sexuais com alguma regularidade e à volta de 80% vê pornografia a sós com alguma frequência. “Tem-se vindo a assistir à normalização do consumo de material sexualmente explícito.

 

O acesso anónimo pela Internet aumentou este comportamento entre as pessoas que se identificam como mulheres, já desde os anos 1990”, refere Patrícia Pascoal, que não fica espantada que cerca de 65% tenha revelado usar um brinquedo sexual com alguma regularidade e a mesma percentagem adiante fazer sexting (sexo com consentimento).

 

“É um comportamento que, apesar de ser regular, não se associa a maior ou menor prazer sexual, exceto na faixa etária entre os 45 e os 54 anos. Nestes casos, quanto mais as pessoas se envolvem em sexting, menores são os índices de prazer sexual. Não podemos saber quais os processos que explicam esta associação. Pode querer significar que estas pessoas têm menos prazer.”

Ansiedade e preocupação com o corpo

Embora a amostra deste estudo tenha sido constituída por pessoas que sentem muito prazer com a sua sexualidade, 17% admite ter um problema sexual, mas não procura ajuda por questões financeiras. As queixas mais recorrentes são “ausência da libido, dificuldades eréteis, dor sexual, problemas devido à existência de problemas de saúde e terapêuticas, ausência de prazer sexual, dificuldades em atingir o orgasmo ou inibição sexual”, às quais se soma a ansiedade do desempenho durante o sexo.

 

Ansiedade esta que também resulta da insatisfação da imagem corporal e se associa a menos prazer, principalmente nas mulheres jovens (até aos 34 anos), quando apresentam excesso de peso – muitas vezes no pós-parto –, pelos, flacidez ou envelhecimento, pois estão muito focadas em ter curvas graciosas e em agradar ao parceiro.

Mais comunicação

Ainda assim, já estão mais à vontade para comunicar sobre o que gostam, ou não, de fazer sexualmente. “O nível de proximidade, a iniciativa e a prática de sexo oral” estão associados também ao prazer sexual, algo que a duração do relacionamento não interfere. Para a investigadora Patrícia Pascoal não lhe parece que o prazer sexual tenha sofrido alterações ao longo dos últimos dez anos, por exemplo.

 

“Podem ter mudado algumas circunstâncias que impactam o prazer: as pessoas procuram relações mais gratificantes emocionalmente, procuram sentir-se melhor nas relações que têm, têm mais acesso a informação sexual e normalizou-se mais comunicar sobre sexualidade”, afirma, deixando uma ressalva: “O que não significa que a comunicação atualmente tenha mais qualidade”.

 

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Shutterstock e D.R.

 

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