Amor e Sexo

Casados à Primeira Vista: Como amam as mulheres na idade madura? Especialista explica

27 Novembro, 2018

Graça Peralta e José Luís formam o casal mais velho do programa da SIC. Ambos falam de sexo e queixam-se da falta dele também. Falamos com a especialista Vânia Beliz que nos explica como é amar em idade madura.

Jane Fonda deu o mote em 2016. É conhecida como atriz, guru do fitness e ainda por, aos 80 anos, ser uma das mulheres mais bonitas da atualidade. Sem papas na língua, a atriz disse: «Eu sou velha e gosto de sexo. Até escrevi um livro sobre isso», confidenciou. Graça Peralta, a noiva mais velha do Casados à Primeira Vista, com 55 anos, garante que é ativa sexualmente e fala do assunto abertamente.

Se para muitas mulheres, a idade influencia o sexo, estes dois casos a cima mostram o contrário. E ao que tudo indica não há uma idade para perder o desejo, nem para deixar de tocar no seu marido. Quem o explica é a sexóloga Vânia Beliz. Há, sim, fatores que deve ter em conta para que continue ativa na intimidade.

«O sexo na terceira idade pode ser bom. Há casos em que a mulher aumenta o desejo em vez de perder. Mas, às vezes, tem vergonha de sentir isso. Antigamente, o sexo era visto mais para procriar, não havia contraceção e as mulheres tinham medo da gravidez. Muitas acabaram por se reprimir, e depois da menopausa estão à vontade, os filhos já não estão em casa, há mais tempo. Normalmente, existe uma disponibilidade maior», começa por explicar.

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«A mulher deixa de lubrificar»

Mas atenção: no caso das mulheres há fatores que condicionam. «Psicologicamente, têm mais dificuldade em lidar com o envelhecimento. A menopausa leva à alteração das hormonas, a perda do estrogénio faz com que a mulher deixe de lubrificar, ovular, de ser menstruada. Acham que não servem para nada”, alerta Vânia Beliz.

«Há mulheres que realmente perdem o desejo com a menopausa, mas porque é um carimbo que se coloca. Quando assim é, devem procurar um ginecologista. Hoje em dia, se a mulher for controlada e não tiver fatores de risco, é medicada e melhora a intimidade», frisa a especialista.

Vagina muda o formato

Mas, afinal, o que acontece à mulher quando envelhece? «Os nossos lábios vaginais são carnudos, mas com a idade ficam mais sensíveis.A mulher deve usar  lubrificante, aliás, deve usar sempre. Deve também usar um hidratante vaginal sempre que se lava. A falta de hidratação faz com que faça fissuras, o que provoca ardor quando faz chichi, por exemplo. E se essa zona  provoca desconforto, a mulher não quer tocar ali», diz Vânia Beliz. Porém, não fica por aqui. «Algumas mulheres também passam a ter dor no ato. Ao envelhecer, a vagina muda o formato, fica mais estreita, menos elástica, e não tem tanta capacidade de se adaptar ao pénis», acrescenta.

Os calores, afrontamentos e flacidez associados à menopausa não ajudam, mas uma consulta no ginecologista consegue aliviar sintomas. «Muitos dos medicamentos para tratar doenças da idade comprometem a intimidade. O segredo é ter uma vida saudável e manter-se ativa», revela a sexóloga.

Mas, afinal, há uma idade para deixar de estar ativo? «Noventa e cinco por cento dos homens são sexualmente ativos aos 60 anos, e 50 por cento aos 75. Eles são ativos mais tempo porque as mulheres, a partir do momento em que têm a menopausa, a coisa muda, mas depende de mulher para mulher», explica Vânia Beliz.

No entanto, «se elas não tiveram uma vida sexual boa antes do envelhecimento, depois também não é melhor», salienta. Porém, nada está perdido. Há quem descubra a sexualidade depois. «Tenho recebido mulheres que até sozinhas descobriram o orgasmo, que nunca tinham sentido. Uma senhora viúva, dez anos depois de o marido morrer, conseguiu. Foi tomar banho, usou o chuveiro para lavar aquela zona, sentiu prazer e teve um orgasmo”, lembra.

Autoestimulação e vibrador

Vânia Beliz defende que a autoestimulação nas pessoas mais velhas não deve ser tabu. “Na ausência de um parceiro, a pessoa pode tentar a masturbação. O problema é que muitas não veem isso com bom olhos, acham que é errado», relata e prossegue: «Quando falo com mulheres que já não têm ninguém, dizem que agora já não podem pensar nisso. Elas próprias bloqueiam. Não imaginam a sexualidade de outra forma que não seja a penetração. Há um investimento emocional no outro que também é sexualidade.»

Contudo, há mais: «Existem mudanças, sim, mas hoje em dia há muitas respostas no mercado para melhorar a intimidade dos mais velhos. As mulheres têm linhas completas que vão desde lubrificante ao estimulador. Há vibradores no hipermercado e farmácia, não é preciso ir a uma sex shop. Existem produtos para lavar, hidratar, dar sensibilidade», sublinha.

Outra questão que salienta é nunca esquecer a prevenção de doenças. «Vamos imaginar que há traição, o sexo pode ser bom, mas tem de haver proteção. Já há preservativos que são colocados de forma mais facilitada para todas as pessoas, mais novas, velhas ou com mobilidade reduzida. Não é porque a pessoa está a envelhecer que pode deixar de se proteger. Nem é porque ficou viúva e vai para os bailaricos, e acaba por ter relações com este ou aquele, que não apanha doenças», termina.

Texto: Ana Lúcia Sousa

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