Embora ainda seja vista como um assunto tabu pela sociedade, a masturbação é um ato íntimo e que faz parte da vida sexual de cada uma de nós. Se por um lado, há quem o faça com regularidade, por outro, há quem nunca se imagine a fazê-lo… mas porque é que quase ninguém fala sobre ela?
«É normal que exista um certo preconceito em relação à masturbação devido a questões culturais porque, ainda hoje, pensamos que os homens são mais sexuais do que as mulheres»,começa por nos esclarecer Fernando Mesquita, psicólogo clínico, sexólogo e terapeuta sexual. «Mas, felizmente, isso já está a mudar e são as próprias mulheres que estão a fazer por isso», acrescenta.
É certo que a sexualidade feminina e masculina ainda são vistas de forma diferente, mas a verdade é que a sexualidade é para todos… e não só para os homens! Perante isto, e na opinião do nosso especialista, «não é fácil avaliar se os homens se masturbam mais do que as mulheres, mas o que se verifica é que elas querem uma vida sexual mais ativa do que os homens, ao contrário do que se possa pensar. As mulheres procuram muitas vezes ajuda nesse sentido», revela-nos.
Explorar o próprio prazer
Há quem diga que a masturbação só traz benefícios: diminuiu o stress, queima calorias e melhora o humor. Mas será que é mesmo assim? «A masturbação, e a atividade sexual em si, não são consideradas dietas, mas pelo menos há quem fique mais bem humorado», garante-nos Fernando Mesquita, enquanto solta uma gargalhada.
Na verdade, um dos grandes benefícios da masturbação prende-se com um autoconhecimento do corpo. «É muito mais frequente as mulheres que se masturbam atingirem o orgasmo do que as que não o fazem, simplesmente pelo facto de que as que o fazem conhecem o seu próprio corpo, exploram-no e, desta forma, sabem o que é necessário para atingirem o prazer. É sempre positivo as mulheres explorarem o seu corpo e ter autoprazer», aconselha o terapeuta.
Mas há uma outra questão que se impõe e que o sexólogo explica. «Há muitas mulheres que se masturbam quando não têm parceiro, mas depois não o fazem quando o têm. Isto pode ter a ver com o facto de, tendo parceiro, a vida sexual é mais ativa… ou não. Com certeza que haverá alturas em que a relação até esteja conturbada e que um deles procure masturbar-se para se satisfazer.»
Porém, há uma ressalva que o especialista faz questão de referir e que se deve ter em conta. «Quando temos um parceiro, ou parceira, há sempre aquela questão de querermos saber se o outro tem prazer ou não. Mas pode ser muito preocupante quando um dos elementos do casal prefere masturbar-se do que ter relações sexuais», alerta, acrescentando que a masturbação é um dos exercícios que indica na terapia de casal, nomeadamente «quando existe dificuldade em ter prazer e atingir o orgasmo».
O preconceito da sociedade
Quando quisemos saber se é verdade que os homens se masturbam mais do que as mulheres, Fernando Mesquita esclarece. «O facto de se achar que eles o fazem mais do que elas, pode não ser bem assim. O que aqui está em causa é, muitas vezes, um preconceito da sociedade. As mulheres masturbam-se tanto quanto os homens», garante-nos.
«O sexo é muito mais do que penetração», alerta, acrescentando: «Não havendo penetração pode e deve haver masturbação.» Quanto aos casais de meia-idade, o especialista reage: «Os casais mais velhos têm bastante prazer sexual, ao contrário do que se pensa, porque já experienciaram, de forma plena, a sua sexualidade.»
Masturbação obsessiva
Não deixa de ser preocupante o facto de muitas mulheres, e homens, refugiarem-se na masturbação. «Quando assim é, estas pessoas não procuram ter um parceiro, pois têm o prazer da masturbação como o seu porto seguro. Contudo, têm muita vontade de ter um relacionamento, mas receiam não atingir o prazer da mesma forma que atingem quando se masturbam, o que pode limitá-las de alguma forma», alerta ainda Fernando Mesquita.
Texto: Rita Leal
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