Amor e Sexo

Timidez sexual? Acabe com ela

6 Maio, 2019

Anastasia Steele começou a saga 50 Sombras de Grey com o ar tímido de quem “não parte um prato” e acaboua trilogia a «partir a loiça toda»

Quem a vê, longe das quatro paredes da intimidade, não imagina o quão reservada é. Patrícia (nome fictício) anda na rua com uma segurança invejável. Roupas justas, que realçam a boa forma, e por vezes curtas, não muito, mas o suficiente para ser alvo da cobiça masculina.

Todavia, assim que se tenta entrar na intimidade dela, tudo muda. Patrícia fecha-se de tal maneira que ninguém a imagina a preferir fazer amor de luz apagada ou a encolher-se sempre que o companheiro tem um gesto mais atrevido com ela. Reage sempre de forma desconfortável com uma mão mais ousada ou uma frase mais provocante.

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Mas não pense que este é um caso único. São muitas as mulheres a sofrer de timidez sexual entre quatro paredes, condicionadas por experiências do passado ou um enorme pavor de serem rejeitadas. Nem toda a gente lida da mesma forma com a timidez. No dicionário Priberam a palavra tímido significa «o que ou quem mostra embaraço ou vergonha perante determinadas pessoas ou situações, que ou quem é acanhado».

Uma designação geral na teoria, que na prática nos atinge em muitos aspetos da vida: pessoal, social, cultural e profissional. Todavia, neste artigo,vamos apenas cingir-nos ao campo sexual.

Casais não falam

A timidez pode fazer-se notar de diferentes formas. As mais comuns talvez sejam o facto de ficarmos coradas depois de ouvir um elogio ou um piropo ou, simplesmente, embaraçadas perante uma conversa mais intimista, mas também é vulgar ficarmos sem palavras e de cabeça baixa, com vergonha, cheias de vontade de encontrarmos um buraco para nos escondermos… Contudo, o facto de sermos tímidos na adolescência não quer dizer que o sejamos em adultos e vice-versa, embora, quanto mais tardia for a timidez, mais barreiras vai criar em termos de obtenção do prazer.

Há, no entanto, uma série de circunstâncias que mudam o nosso comportamento ao longo da vida. Em termos sexuais, continua a existir uma grande falta de abertura nos casais. A ansiedade e o nervosismo apoderam-se de nós e deixam-nos, muitas vezes, frustradas em termos afetivos.

Ao mesmo tempo, a insegurança e o medo de fracassar, de errar na «hora H», contribuem para que não vivamos o sexo na sua forma mais bela. A timidez, entendida como inibidor sexual, resulta de uma panóplia de circunstâncias que podem ser motivadas por fatores internos ou externos e mesmo da vivência familiar. Por exemplo, se uma criança está habituada a ver violência física ou psicológica nos pais, dificilmente terá uma relação sexual saudável, acabando por valorizar certos tabus.

Efetivamente, a educação que nos dão, o meio em que vivemos e os padrões culturais e religiosos que nos passam têm grande influência na forma de entender e aceitar o outro na nossa vida. No entanto, também há casos em que as pessoas foram ensinadas segundo padrões rígidos, em que o sexo é entendido como algo proibitivo e, mais tarde, conseguem libertar-se e ter uma sexualidade
ativa, por vezes com uma carga de loucura.

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Ansiedade e medo de rejeição

As pessoas pensam em sexo, disso não há dúvidas, mas têm dificuldade em falar disso de forma desinibida com o parceiro. Logo, os desejos são sistematicamente reprimidos, o que não favorece em nada a relação. E como o companheiro não é adivinho e não consegue ler a mente, a insatisfação na cama faz-se sentir.

Outro dos problemas atuais, em termos amorosos, diz respeito às expectativas que se criam e isso varia de sexo para sexo. Enquanto as mulheres pensam muitas vezes: «Será que vou agradar-lhe?», «Será que ele vai considerar-me sensual?», os homens preocupam-se, na maior parte das vezes, com questões que andam à volta do desempenho, nomeadamente:

«Será que vou conseguir uma boa ereção, de modo a mantê-la pelo tempo certo e atingir o clímax?»Ainda nesta diferenciação sexual, note-se que as mulheres apresentam, regra geral, maior carga de repressão. Seja como for, a ansiedade e o medo da rejeição estão sempre presentes, não deixando que a relação resulte a cem por cento.

Curioso é ainda constatar que o nível académico e o estatuto social têm uma quota parte na cama e na intimidade do casal. De acordo com os especialistas, quem possui menos estudos é mais afetado pela
timidez sexual; pelo contrário, as mais letradas e abastadas conseguem libertar-se e isso repercute-se, como é óbvio, em termos sexuais. A explicação está no facto de estimularem mais uma zona do cérebro ligada ao simbolismo. Sim, porque todas sabemos que o sexo começa na nossa cabeça.

A parte psicológica é muito importante para que consigamos não só satisfazermo-nos a nós próprias como aos outros. E se a mente não estiver virada para o sexo, dificilmente a parte física por si só vai ter bons resultados.

Desgostos amorosos traumatizam

Seja como for, este receio não é fácil de identificar, nem de explicar aosoutros. Nalguns casos, há mal-entendidos e confusões e de um pequeno problema cria-se um grande e de difícil solução.

A timidez sexual também pode afetar quem nunca o foi. Parece incrível, mas, de facto, esta situação acontece algumas vezes. Normalmente, resulta de situações traumáticas, por exemplo, casos de divórcio, violência física e psicológica ou ruturas amorosas penosas que envolvam traições. Portanto, é lógico que uma mulher que enfrente tais situações não tenha depois abertura e espírito para voltar a entregar-se a alguém.

Regra geral, o que se verifica é um fechamento extremo, uma espécie de casulo, que, perante aproximação do sexo oposto, tem reações intempestivas.

Saiba também que, por vezes, a timidez pode converter-se em promiscuidade. Ou seja, a pessoa pode achar que é preferível aceitar as abordagens do parceiro a dizer «não» e deitar tudo a perder de uma vez por todas. Termos uma abertura com nós próprias é meio caminho andado para nos ligarmos em termos emocionais e sexuais ao outro, reconhecendo os verdadeiros desejos, gostos e preferências.

É possível superar a timidez, basta querermos e esforçarmo-nos para isso. A primeira atitude passa por um diálogo franco entre o casal. Sermos autênticas e verdadeiras e confiarmos na pessoa amada.

Texto: Redação Win – Conteúdos Online

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