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Sobrevivente de acidente de Angélico Vieira em entrevista: “Tenho lutado dia após dia”

4 Julho, 2021

Armanda Leite revela como vive os seus dias com a ajuda do seu herói, o pai, uma década depois do trágico acidente que roubou a vida ao cantor dos D’Zrt.

O dia 25 de junho estará para sempre marcado na vida de Armanda Leite, uma das amigas de Angélico que seguia com ele no carro, na data em que se deu o trágico acidente. Acontecimento que acabaria por, uns dias depois, a 28 de junho, resultar no falecimento do cantor. Isto foi em 2011.

Passam dez anos, desde a morte de Angélico. Armanda, foi uma das sobreviventes do desastre. Teve a vida em risco, esteve em coma, perdeu grande parte das suas faculdades, mas está viva e a recuperar.

Apesar do acidente ter sido um marco que lhe mudou a vida, à nossa revista Armanda revela não conseguir explicá-lo. “Não me lembro de nada do que aconteceu no dia do acidente”, diz-nos. Aquilo que a jovem, de 27 anos, recorda foi do momento em que recuperou a consciência. “Quando acordei do coma não tinha consciência de nada. Estava perdida no tempo. Apenas reconheci o meu pai pela voz”, desabafa.

Desde o dia em que, de alguma forma, voltou à vida, Armanda agarrou-se a ela com unhas e dentes e explica como são os seus dias. “Estes dez anos do acidente têm sido: casa e fisioterapia. Às vezes vou dar uma volta com amigas, com o meu pai e tios. São dez anos que mudaram a minha vida por completo, sei que nada vai voltar a ser como era antes, mas tenho que habituar-me com a vida que tenho agora, porque nada vai voltar a ser o que era”, lamenta a jovem. “Tenho lutado dia após dia. Lentamente sinto-me mais independente. Já consigo fazer várias coisas sem ajuda, isso para mim já é uma grande vitória”, assegura.

Os sonhos que ficaram por realizar

Do seu lado, Armanda tem o pai, José Leite. O homem, que vivia em Angola, deixou tudo após o acidente e mudou-se para Portugal. É ele quem toma conta dela.

“O meu pai parou a vida dele para viver a minha, deixou tudo trás em Angola, sempre me ajudou em tudo… Posso chamá-lo de meu herói. É ele que me dá forças para seguir. Nestes dez anos, o meu pai cuidou de mim como poucos pais fariam. Estarei eternamente grata pela dedicação que o meu pai teve comigo. Se ele precisar um dia também estarei aqui por ele.”

Antes do acidente, Armanda estudava e era modelo. É aí que ainda estão os sonhos desta jovem, que viu a vida por um fio. “Gostaria que durante estes dez anos, tivesse voltado à minha rotina de antes, acabar os estudos, formar-me em advocacia e continuar a seguir moda porque eu adoro”, não esconde. “O meu sonho é como de outros sonhadores que se encontram nesta situação: dormir, acordar e ver que não passa de um sonho horrível”, acrescenta, fazendo, ainda, um paralelo com o antes e o agora. “A Armanda do passado tinha tudo ou lutou para ter tudo. A Armanda do futuro tem que lutar com muita dor para conquistar ter tudo de novo”, conclui.

 

“Há muito que não temos contacto”

Apesar das limitações, Armanda está viva, o mesmo não aconteceu a Angélico. Armanda recorda-o. “O Angélico era um grande amigo. Jamais pensarei que por falarem no Angélico se estão esquecer de mim. Gostaria que falassem muito mais dele, porque acho que está a ser esquecido”, diz, admitindo não ter contacto com Filomena, mãe do cantor. “Já há muito tempo que não temos contacto uma com a outra. Mas entende-se, porque não é nada fácil perder um filho. Ainda mais daquela maneira. Foi uma notícia muito difícil para uma mãe. Ninguém está à espera”, salienta.

 

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Texto: Catarina Martins; Fotos: Arquivo/João Manuel Ribeiro

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