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Anjos celebram 20 anos: Primeiro cachet foram 15 contos (75 euros)

5 Fevereiro, 2019

Nelson e Sérgio começaram a cantar aos 12 e aos oito anos. Numa entrevista intimista, recordam o início de carreira e revelam o segredo da longevidade.

Fazem 20 anos em 2019, e continuam na moda. A fama que os irmãos Anjos desfrutam provam-no.

Sentem que ainda são um sucesso?

Nelson – Este ano foi particularmente atribulado, positivamente falando. Tivemos o sucesso do novo álbum de originais que lançamos sete anos depois e que se refletiu na nossa agenda profissional. Foi uma boa forma de preparar a tournée dos 20 anos que irá acontecer em 2019. Foi dos nossos melhores anos de sempre.

Como vão ser as comemorações?

Nelson: Vamos começar a 23 de março, no Coliseu do Porto e terminamos em Lisboa, no final do ano. Temos muitas surpresas. Temos visto, pelo Revenge of the 90º (festa temática e secreta com músicas e convidados dos anos 90) que as pessoas continuam a gostar. Estas festas levam uma geração que não viveu os anos 90. É no final dos anos 80 que os Anjos aparecem e que foram referência para uma geração que vibra muito.

«Ainda temos pica»

Qual o vosso segredo?

Nelson – Temos imensa sorte termos tido sucesso sendo nós próprios, a cantar o que gostamos. Em termos de criação e processo de criação não é possível estarmos sempre lá em cima. Mas mantivemo-nos no campeonato de primeira divisão, conseguimos fazer o projeto acústico, que durou cerca de dois anos. Percebemos que temos um grande público e que não podíamos dormir «à sombra da bananeira», com tudo o que conquistamos. Ainda temos a pica de querer fazer mais e melhor. Acho que isso é o segredo.

A relação de irmãos que têm é sempre boa?

Nelson: Como trabalhamos na música desde miúdos, nós conseguimos ter uma boa relação. Tinha 12 anos e o Sérgio oito quando recebemos um cachet pela primeira vez. Pequeno, mas era bom, 15 contos (75 euros), para os dois. Fazíamos a escola durante a semana, tínhamos o futebol e ao fim de semana os espetáculos. Andámos sempre juntos, sempre em bloco.

Sérgio – Eu e o Nelson temos personalidades muito diferentes e é na diferença que nos encontramos e que dá o resultado que conhecem em termos profissionais e pessoais também.

Foi a vossa avó que vos batizou como banda?

Nelson – Sim, a avó Gilda. Morreu há dois anos, no Alentejo. A minha avó chamava-nos anjinhos. Quando decidimos sair dos Sétimo Céu, num período conturbado da nossa vida, tivemos que nos resguardar, viemos para o nosso refúgio no Alentejo, nos meus avós. E tivemos ali uma semana e meia até decidirmos o que iríamos fazer… Eu ouvia o minha avó a chamar Anjos.

Sérgio – Quando ouvi o Nelson a falar em Anjos não achei muita piada e pensei logo naquela imagem com asas… (risos) Mas não demorei muito tempo a dar o braço a torcer porque o nome é bom, é forte, é curto e tem energia.

Foi uma homenagem também à vossa avó?

Nelson – Sim e acaba por ser uma homenagem a todas as avós que chamam anjinhos aos netos. Ela ficou muito contente, cheia de orgulho, e contava às pessoas na aldeia. Quem conhecia os nossos avós brincava com isso. Era um motivo de orgulho. Ela morreu muito doente. Tinha muitos problemas de saúde, foi uma mulher de muito trabalho. A minha avó fazia queijos e eu sou o único da família que não gosta de queijo. A minha avó fez queijos até morrer. A minha família chegou a ter uma queijaria.

Avô era pastor

Tiveram uma infância feliz?

Nelson – Recordo o Alentejo pela infância. Passava 80 por cento das minhas férias no Alentejo e 20  por cento no Algarve, porque o nosso pai é de Aljezur. Fazíamos um bocadinho de praia, mas a maior parte era campo. Nós gostávamos desta liberdade do campo, dos animais, das patifarias que fazíamos uns aos outros, das atrocidades. Eu andava enfiado nas árvores, ia aos ninhos com os meus primos. Eu fiz parte disso.

Assume que ia aos ninhos, numa altura em que se fala tanto dos direitos dos animais…

Nelson – Os direitos dos animais devem existir, mas há muita coisa ainda a fazer. Partidos como o PAN são bem-vindos. Se calhar alguns colegas meus agora estavam aqui a culpar-se porque em pequenos foram aos pássaros, ou deram uma fisgada num porco ou com uma pedra a uma galinha. Fiz isso tudo. Eu vinha da cidade para aqui e era normal acontecer. Foi uma infância muito bem vivida. O nosso avô era pastor, chegou a guardar rebanhos de 900 ovelhas.

Nelson casou-se com Sílvia: «Não somos perfeitos»

Nelson Rosado está casado há 14 anos com Sílvia e o casal tem dois filhos, Kelly, 11 anos, e Kevin, com seis. Sobre a relação o cantor diz: “Temos as discussões que quase toda a gente tem, as relações são  feitas de avanços e recuos e isso fortalece a união”, explica Nelson, durante o evento em que foi nomeado embaixador do Alentejo, em Beja. O cantor desvenda qual o segredo da relação: «Há alturas em que tem de haver um elo de amizade forte que sustenta tudo. O amor está lá sempre, às vezes esvai-se um pouco, mas está lá. Não somos perfeitos”.

Sérgio e Andreia: «A vida ficou melhor depois do casamento»

Sérgio e Andreia casaram-se em maio, depois de 21 anos juntos. A lua-de-mel, essa, ficou adiada por motivos profissionais. «Já tivemos várias e vamos continuar a ter. Temos a Academia de Música e não podíamos fechar. A nossa vida ficou ainda melhor depois do casamento», assume o cantor. Sérgio explica que resolveram casar tantos anos depois porque a filha Lara, de cinco anos, ia ser batizada. «A Andreia já tinha tirado da ideia que não ia casar pela igreja, mas houve um dia que estávamos a falar do batizado e que eu disse que podíamos casar no mesmo dia. Ela fez uma pausa como se eu estivesse a brincar. E a partir daí tudo se desenrolou», conta.

Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Paula Alveno; Agradecimentos: Turismo do Alentejo

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