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Histórias da vida real. A mulher sem medo: Clarissa Ward, jornalista e mãe no Afeganistão.

13 Setembro, 2021

O local de trabalho de Clarissa Ward é dos os sítios mais perigosos do Mundo e nem o facto de ter dois filhos a impede de estar na linha da frente.

O Afeganistão ficou ainda mais perigoso para as mulheres desde o regresso do talibãs ao poder. Nos últimos tempos, noticiários de todo o Mundo têm aberto com o que está a acontecer em Cabul. Porém, entre todas as reportagens, há uma jornalista que nos chama a atenção. Trata-se de Clarissa Ward, de 41 anos, que tem percorrido as ruas da capital para mostrar a realidade.

No dia 18 de agosto, uma das suas aparições em direto deixou quem assistia com os nervos em franja. Enquanto Ward tentava chegar perto do aeroporto de Cabul, ouviam-se tiros que a faziam estremecer, mas não parar. Destemida, a jornalista não se deixava intimidar, enquanto se virava para o câmara e reportava o que estava a acontecer.

A determinada altura, Clarissa foi abordada por um grupo de talibãs que não só a impediam de seguir caminho como ainda a intimidavam para cobrir o rosto. Veterana na cobertura de guerras e política externa americana no Médio Oriente, Clarissa Ward cobre a situação no Afeganistão pela emissora de TV americana CNN, onde trabalha desde 2015.

Tem um percurso académico e profissional invejável. Ward tem experiência em situações de guerra, tendo já feito a cobertura de cenários bélicos no Iraque, na Síria e no Iémen, e trabalhado pelas principais cadeias de televisão americanas, como ABC, CBS e Fox.

Clarissa Ward: Marido e filhos em casa

Porém, é na vida pessoal que Clarissa nos deixa boquiabertas. Imaginamos que uma mulher que cobre cenários de guerra é uma “loba solitária” com pouco a prendê-la ao sítio de onde vem, mas Clarissa Ward surpreende por em casa ter deixado um marido e dois filhos. A jornalista é mãe de dois meninos, Ezra, três anos, e Caspar, um ano, e é casada com o alemão Philipp von Bernstorff. Quando não está no estrangeiro, Ward vive em Londres, no Reino Unido.

Enquanto percorre Cabul, a correspondente da CNN deve sonhar com o regresso a casa. Não só está na cidade mais perigosa do planeta como personifica tudo aquilo que os talibãs, o grupo fundamentalista islâmico que tomou o poder, querem “calar”: é mulher e vem do Ocidente. Os talibãs são avessos a jornalistas e entre as vítimas fatais de atentados nos últimos anos estão o radialista sueco Nils Horner, a repórter canadense Michelle Lang e dois fotógrafos, a alemã Anja Niedringhaus e o indiano Danish Siddiqui.

Restrições ao sexo feminino

Desde que os talibãs tomaram o poder no Afeganistão, em meados de agosto, que se levantou uma onda de preocupação pelos direitos humanos, nomeadamente das mulheres, crianças e outras minorias. As restrições impostas ao sexo feminino pela sharia (sistema jurídico do Islão) são tão extensas que destacamos apenas algumas. As mulheres não podem: trabalhar; sair de casa sem o marido ou um familiar masculino; estudar; mostrar o rosto; usar maquilhagem; rir em voz alta… entre outras.

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Texto: Carla da Silva Santos; Fotos: Reuters e Instagram

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