Nacional

Jornalista da TVI chorou ao ouvir mulher que quer engravidar de marido morto

3 Fevereiro, 2020

Ângela e Hugo queriam ter filhos, mas ele morreu antes de realizarem esse sonho. Agora, ela quer engravidar com o sémen que o marido deixou criopreservado.

Final de outubro de 2019. O jornalista Emanuel Monteiro estava na redação da TVI e resolveu consultar, por acaso, as mensagens enviadas por espectadores para a página de Facebook do programa de grande reportagem de Alexandra Borges. O destino quis que lê-se apenas uma: aquela que tinha sido enviada por «uma mulher que dizia que queria engravidar do marido que já tinha falecido, e que a lei não permitia».

Desde esse dia, o repórter deixou-se levar por esta história real, que começa a ser contada esta segunda-feira, 3 de janeiro, num especial de quatro episódios. Uma minissérie documental que resulta de «três meses de trabalho, com muitos dias a durarem 48 horas, e muitas noites por dormir», e que torna público o «amor sem fim» dessa mulher, Ângela, pelo marido, Hugo, que perdeu a vida para o cancro com apenas 29 anos. A morte tirou-lhes a oportunidade de concretizar um sonho: terem um filho.

«No início, tudo me custou»

«No início, tudo me custou», recorda Emanuel à revista Maria. «Tive muita dificuldade em lidar [com esta história]. Estamos a falar de um casal jovem e eu pensei muita vez que poderia ser uma daquelas pessoas», prossegue. «Estamos a falar de uma história de amor arrepiante. Costumo chamar-lhe um amor moderno à moda antiga, porque senti que aquela relação era, de facto, muito genuína, autêntica e apaixonada e isso, hoje em dia, é tão raro. Um amor que foi interrompido por uma doença cruel, como é o cancro, e que ficou com tantas coisas por viver: as experiências a dois, as viagens, e o filho, a grande jura de amor que ficou por concretizar entre aquele casal», lembra ainda.

Com o passar do tempo, o jornalista foi-se «tornando imune», mas admite «que nas primeiras semanas» de trabalho chegou «a chorar muitas vezes a contar a história aos amigos e à família».

«Estava tudo preparado»

«Quando a Ângela me contou uma série de pormenores, que pareciam saídos de um filme, pensei que não era verdade, que só podia ser mentira. Pedi-lhe documentos que comprovassem o que estava a dizer, e tive a certeza de que estava perante uma história inédita, e que tinha de ser contada ao país», afirma.

Alexandra Borges, a coordenadora do programa de nome próprio, também não teve dúvidas de que estavam perante uma boa história. «24 horas depois estávamos no Porto, onde vive este casal, a começar todo este trabalho».

A ideia de realizar mais do que um episódio, como é habitual no espaço de informação da TVI, é reflexo disso mesmo. «À medida que fomos descobrindo os detalhes deste grande amor, percebemos que coisas tão boas não cabiam em trinta minutos de televisão. Aumentámos primeiro para três episódios, mas ainda havia muito para contar. Surgiu, então o quarto», explica o repórter.

«É a história mais bonita que já me passou pelas mãos»

E é esta apenas uma história de amor? «É, em primeiro lugar, uma grande história de amor que, fisicamente, na Terra, terminou com uma grande tragédia. Não só pelo facto de Hugo ter morrido, mas por Ângela não conseguir concretizar a grande promessa que fez ao marido», responde o autor de Amor sem Fim.

«Estava tudo preparado. O Hugo deixou por escrito a vontade de que a mulher engravidasse a partir de uma amostra de sémen que ficou criopreservada. Só depois da morte é que a jovem se apercebeu que a lei portuguesa não permite inseminações post mortem», acrescenta.

Ângelo vive, desde então, «numa luta e numa corrida contra o tempo para cumprir o desígnio de um grande amor». «É a história mais emocionante, e bonita, que já me passou pelas mãos. A Alexandra diz o mesmo, e ela já tem mais de 25 anos de carreira», termina Emanuel Monteiro.

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais e TVI

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