«Vivi num bairro social na zona do Porto e aí é preciso sobreviver. Lá, existem imensos problemas, de droga a porrada constante». Foi assim que Liliana Aguiar, de 39 anos, começou por recordar a sua infância em entrevista ao programa A Tarde É Sua, da TVI, de Fátima Lopes. A apresentadora e empresária lembrou os seus primeiros anos de vida, passados com os pais e duas irmãs, durante os quais viu amigos morreram às mãos da droga.
«Nós tínhamos mesmo muitas dificuldades. Sou do tempo em que não levava lanche [para a escola] e não tinha 50 escudos para ir à cantina comprar o bolo que toda a gente comprava a meio da manhã. Acho que isso me fez crescer muito rápido, ao ponto de querer trabalhar muito cedo, mas sem deixar os estudos», explicou.
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O pai de Liliana Aguiar trabalhava na Segurança Social. A mãe é cozinheira e «ainda vive nesse bairro social». Liliana mudou-se aos 12 anos, mas ainda se «sente de lá». «Eu saí do bairro, mas ele não saiu de mim. As minhas melhores amigas estão lá», conta.
«Vemos muita droga»
A ex-modelo garante que teve «uma infância maravilhosa», apesar de algumas das amigas desse tempo, «por infelicidade da vida, tomaram outros caminhos». «Num bairro social, vemos tudo de mau muito cedo. Vemos muita droga e, quando digo muita droga, é pessoas a drogarem-se ao nosso lado. A injetarem-se», recorda.
«Eu acho que nunca fui por esse caminho porque vi amigos com 14 e 15 anos a morrerem. Eu vi. O meu pai não me deixava ir à janela talvez por isso, por saber que tudo era uma tentação. Houve amigas que se viraram para a prostituição para sobreviver ao vício da droga»
A saída da casa que a viu crescer não foi pacífica. «Quando eu tinha 12 anos, os meus pais compraram uma casa melhor, mas a verdade é que eu sempre quis estar na outra. Tive imensos problemas psicológicos porque sonhava com a casa [antiga]», confessou.
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Essa outra casa era, também, num bairro social, que Liliana Aguiar abandonou aos 20 anos para seguir o sonho da moda. «As minhas irmãs continuaram lá. Agora já saíram, são mães de família, e nenhuma de nós se meteu na droga», disse.
Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais e SIC
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