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Ana Marta Contente. Atriz de Festa é Festa canta e toca piano em casamentos

13 Novembro, 2021

Ana Marta Contente como nunca a viu. Aos 22 anos dá cartas como atriz em Festa É Festa, mas formou-se em Engenharia Informática e canta em casamentos.

Na novela da TVI, Festa É Festa, Ana Marta Contente é a sedutora Betinha, que vai desviar Bino do seu casamento. Na vida real é uma jovem simples e humilde que revela à Maria aspetos bem curiosos do seu lado pessoal.

Como é que uma engenheira informática é atriz há 14 anos?

Ana Marta Contente: A engenharia informática veio como plano B. Acho que, para qualquer ator, quanto mais contacto tivermos com áreas diferentes, melhor.

Exerce essa profissão?

-Não e não sei se algum dia vou exercer. Para isso gostaria de ter algo meu. A forma como as pessoas que saem das universidades trabalham é horrível, há muito trabalho, mas é muito mau. Nesses termos, só se realmente não corresse bem a representação.

Sempre quis ser atriz?

Sempre. Mas sempre tive os pés bem assentes na terra, sei que é um mundo complicado.

Mas nunca parou de trabalhar desde os oito anos?

Parei uns anos durante a faculdade, só fiz um trabalho.

Começou a carreira no Conta-me Como Foi, na RTP1…

Em televisão, a primeira coisa que fiz a sério foi o Conta-me Como Foi. A Floribella foi a segunda, mas foi para o ar primeiro. Mas comecei com uma publicidade da sociedade Ponto Verde e uma figuração para um filme francês.

Da música ao ballet

Tornou-se atriz através de um casting e quando começou a trabalhar passou a ser conhecida. Como é que os seus colegas reagiam?

Depende. Na escola era muito mau. Não era muito fixe ser conhecida. Os miúdos têm invejas e eu como sou um bocado extravagante, era muito atenta nas aulas, gostava de falar, então diziam que eu tinha a mania que era melhor do que os outros. Foram anos muito difíceis para mim.

Como conciliou o trabalho com a escola?

Para lá de gravar, tinha aulas de música, ballet… Fiz isso sempre desde muito nova. Era o normal e o que me tornava mais produtiva. Quando comecei a fazer menos coisas fiquei muito menos produtiva.

O público pede a Ana Marta Contente para não se envolver com Bino

Em Festa É Festa, a Betinha tem uma obsessão pelo Bino e acaba por ser ousada nesse sentido. Como lida com essa exposição?

No início há sempre o constrangimento de não conhecer a pessoa, mas é uma coisa que com os ensaios se foi dissipando. Até porque não sou eu, é a minha personagem. Por exemplo, eu odeio ver-me em entrevistas, mas gosto de me ver a representar, porque na entrevista sou eu e na ficção não. Por isso é que é mais fácil ter essa ousadia.

O Pedro Alves tem mais 24 anos do que a Ana…

Quando estamos a fazer as cenas ou a falar eu não sinto isso, essa diferença. A Betinha também não sente isso, a dinâmica é essa. Quando estou a fazer aquilo, não estou a pensar nem a sentir que ele é muito mais velho do que eu.

Como é que as pessoas reagem à Betinha?

A primeira coisa que me dizem é que eu pareço muito mais nova ao vivo e que sou muito diferente. E dizem-me para largar o Bino porque ele tem mulher. Dizem-me para escolher o Paulinho. E é engraçado que sinto que os mais novos gostam muito da minha personagem, sinto muito carinho da parte deles. As pessoas têm sido muito queridas e respeitadoras.

Quando começou o Festa É Festa não sabia que ia ficar tanto tempo a fazer a Betinha…Ainda tem energia para a terceira temporada ou já acusa cansaço?

Claro que sinto algum cansaço, mas a energia permanece, porque é uma coisa que eu adoro fazer. É muito bom saber que as pessoas gostam. É sinal que estamos a fazer um bom trabalho e isso é compensador.

Namorado apoia profissão

O que faz nos tempos livres?

Aos fins de semana canto em casamentos. Durante a semana preparo isso, leio, escrevo, vejo séries, filmes, gosto de ir ao teatro e de estar com amigos.

Como é que começou a cantar em casamentos?

A música sempre esteve presente na minha vida, a minha irmã já estudava música e, por isso, seria um caminho natural a seguir. A minha irmã queria ir para Londres estudar e precisava de arranjar dinheiro. A minha mãe teve esta ideia de a pôr a cantar em casamentos, entretanto, estendeu-se para mim. E agora faço eu.

Toca sozinha?

Toco piano e às vezes tenho alguém a acompanhar-me com violino. Mas normalmente sou eu a tocar piano e a cantar.

E como é que as pessoas chegam a si?

Tenho uma página no Facebook, sousacontente.

“Ele é muito fixe”, diz apenas sobre o namorado

Tem namorado? Ele acompanha o seu trabalho?

Sim. Ele acompanha a novela quando pode, não tem problemas com isso, é uma pessoa muito fixe. É difícil arranjar pessoas fora da área que saibam lidar com isso. Namoramos há algum tempo, mas eu prefiro não falar desta parte da minha vida. Não gosto de expor.

Trabalha desde os oito anos. Já tem um grande pé-de-meia?

Vou tentando juntar o que posso. Eu gostava muito de ir estudar representação para fora e isso é muito caro. Vamos ver se consigo. Mas, sim, sempre fui uma pessoa muito poupada, a minha mãe sempre incutiu isso desde sempre.

Quais são os seus maiores luxos?

Comida, viagens e arte é onde gasto dinheiro.

Mãe não gosta que ela seja atriz

Vive sozinha ou com os pais?

Ainda vivo com os meus pais. Gosto deste miminho. Os meus pais sempre trabalharam imenso, sempre estiveram lá para mim, mas quem me acompanhava era o meu avô, não sou exatamente menina dos papás. Não sou nada de ter saudades, até sou um bocadinho fria nesse aspeto. Gostava de viver sozinha quando realmente tivesse esse nível de estabilidade financeira.

Os seus pais sempre a apoiaram nesta carreira?

A minha mãe não gosta nada que eu seja atriz. Apoia-me, mas não gosta. Se ela pudesse escolher, não era isto de certeza. Preferia que fosse engenheira informática. O meu pai é muito respeitador do que eu quero fazer.

Na sua profissão há cenas mais íntimas. Como é que a sua família lida com isso?

Há uma história engraçada, não com os meus pais, mas com os meus avós. Eu estava na casa deles a ver uma novela que fiz, O Sábio (RTP1), e apareceu uma cena em que dois atores se estavam a enrolar e a minha avó disse “mas que pouca vergonha” e a seguir apareci eu numa cena mais quente e ela ficou calada. A minha mãe está sempre a brincar. Ao meu pai acho que não faz muita confusão.

“Acredito em Deus”

Ana Marta Contente é cristã evangélica e assume que essa “é uma parte muito importante” da sua vida. “Eu acredito em Deus e quero um dia casar-me. Sou evangélica, mas acho mais importante Deus e Cristo, o que isso significa, e o amor, do que rótulos ou a religiosidade”, termina.

Trabalho infantil

Apesar de trabalhar desde os oito anos, Ana Marta Contente não sente que tenha perdido a infância e a adolescência. “Não sentia o trabalho como tal. Era uma coisa que eu queria e não era imposto por ninguém”, diz. “O único problema que os meus pais tiveram comigo é que eu sou muito desarrumada e por isso ficava de castigo. Ou quando entrei na adolescência, contava umas mentirinhas, mas sempre fui muito boa filha.”

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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Henrique Isidoro

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