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Acredita no amor à Primeira Vista? Especialista do programa responde!

29 Outubro, 2018

Em exclusivo, o especialista Fernando Mesquita esteve à conversa com a Maria e dá a resposta a muitas das dúvidas dos telespectadores.

A polémica está instalada. O programa Casados à Primeira Vista estreou-se a 21 de outubro mas não tem sido visto com bons olhos pelos portugueses. Há quem critique o facto do programa da SIC desvalorizar a instituição casamento, mas Fernando Mesquita, psicólogo clínico, mestre em sexologia clínica e terapeuta cognitivo e comportamental, não concorda.

O especialista garante que «a maioria dos participantes já foi casada» e tudo depende «da forma como cada um constrói a noção de casamento». No entanto, não acredita no amor à primeira vista ,foco central do programa. Para Fernando existe uma «atração fulminante» e que o amor, esse sim, se trata de um processo completo que «implica tempo de relação com algumas dúvidas, perguntas, desejos, incertezas, momentos de exaltação».

O especialista esteve à conversa, em exclusivo, com a Maria e respondeu a muitas das dúvidas dos leitores:

O que leve as pessoas a entrarem neste tipo de programa? 

Espero que de facto seja encontrar o «Par ideal». Caso contrário estão a enganar-se e elas próprias e aos/às parceiros/as. Mesmo nas relações amorosas, do dia-a-dia, existem pessoas que se entregam verdadeiramente ao amor e outras que têm algum tipo de interesses (financeiro, profissional, de stauts).

Existe algum padrão em comum nos candidatos? Qual ou quais?

A maioria dos candidatos, ao Casados à Primeira Vista, revelou um passado com histórias de relações amorosas, mais ou menos longas. Algumas destas relações revelaram-se verdadeiras desilusões, outras terminaram por qualquer tipo de obstáculo que, na altura, enquanto casal, não conseguiram superar. A verdade é que, independentemente do passado amoroso, todos/as referiram que ainda continuam a acreditar no amor.

Como se faz o ‘macth’?

Existe sempre um risco enorme. Em primeiro lugar, nem sempre temos plena consciência do que nos faz falta. Sabemos que “necessitamos” de algo e por isso procuramos desesperadamente respostas. E, muitas vezes, isso leva a que se repitam alguns erros. Uns querem alguém mais alto/a, elegante, confiante, simpático/a, bonito/a ou qualquer outra coisa. Acontece que, nem sempre isso é o que necessitam em determinadas fases da vida. Além disso, ao manterem sempre o mesmo tipo de critérios, algumas pessoas acabam por cair num ciclo vicioso de relações mal resolvidas.

A ciência explica a química entre duas pessoas?

É importante referir que também existe a famosa “química”, que pode destruir um grau de compatibilidade muito elevado. Ainda hoje, a ciência não tem uma resposta clara para o que é isso de “química”. Mas, a verdade é que, quando se fala de paixão, a generalidade das pessoas refere que “existiu uma química”.  Acredita-se que, nesta “química”, estão envolvidas muitas variáveis: as vivências passadas, as relações amorosas prévias, a personalidade e os sentidos. Ao longo da minha experiência clínica já ouvi, inúmeras vezes, que certa pessoa parecia “perfeita”, aos olhos de alguém, mas que o seu cheiro ou toque era incomodativo. Também não é raro ouvir dizer que apesar do aspeto físico ser bastante “apelativo” não existiam pontos em comum (ou o seu inverso).

O assunto ‘sexo’ é abordado pelos participantes? Antes e/ou após o casamento?

A sexualidade em geral, e o sexo em particular, são parte integrante de qualquer relação amorosa, por isso, é natural que o assunto surja, ao longo da experiência.

A “noite de núpcias” é uma preocupação para eles? Em que medida? Que conselhos dá?

Acredito que sim. Na realidade, vão estar no mesmo quarto com alguém que conheceram poucas horas antes. Claro que, quando existe “química” ou empatia, as coisas tornam-se muito mais fáceis. Agora, imagine o que é estar, no mesmo quarto, com alguém que conheceu no próprio dia e com quem não teve grande empatia. Todos/as eles/elas sabem que devem respeitar o próprio ritmo e o ritmo do/a parceiro/a. Essa é a melhor forma de mostrarem que respeitam o outro e que se respeitam a si mesmos/as. Para mim, o respeito é um dos pilares que qualquer relação (amorosa ou de amizade)!

Encontrar o amor na televisão

Este tipo de formato já não é novidade. Apesar de os programas nacionais serem mais contidos, o certo é que os telespectadores estão habituados a programas cujo objetivo é encontrar o amor. Exemplo disso é o Love On Top, programa apresentado pela TVI, em 2016.  Alguns canais do cabo como SIC Radical, SIC Mulher e TLC são também alguns dos canais que transmitem programas internacionais deste género.

Estas pessoas dão ou não importância ao casamento? (casamento como é conhecido, com amor e para a vida) Ou gostam mais da festa?

Tal como referi anteriormente, a maioria dos participantes já foi casada. Tudo depende da forma como cada um constrói a noção de casamento. Penso que não só no caso deles, mas da população em geral, o casamento é encarado como uma união contratual entre duas pessoas que se complementam e acompanham.  Cada vez mais, as pessoas consideram que o casamento deixa de fazer sentido quando o balanço entre os momentos negativos (tais como tristeza, mágoa, desrespeito, conflitos ou infidelidade), são superiores aos momentos positivos (tais como cumplicidade, companheirismo, compreensão e respeito).

Há algumas criticas quanto ao formato por “desrespeitar a instituição casamento”. Como reage?

Sempre que surge algo diferente, é natural que as pessoas reajam com alguma apreensão. Perante este tipo de programas, muitas pessoas sentem que estão a mexer com os seus valores e crenças. E isso leva a que surja alguma resistência e critica. Como psicólogo, considero que a riqueza do programa não está nos casamentos, mas nas relações que se vão construindo e o modo como cada um dos participantes lida com os mais variados desafios.

O que é que as pessoas procuram neste programa? (Amor, companhia, sexo…)

A generalidade das pessoas procura a “felicidade”. Os participantes desta experiência acreditam que esta poderá ser uma oportunidade para se aproximarem desse objetivo!

Acredita no amor à primeira vista?

Em termos científicos , não podemos falar de amor à primeira vista. Podemos falar de paixão, enamoramento ou encantamento, que é caracterizado por uma atração fulminante. Mas, o amor é um processo muito mais complexo. Implica algum tempo de relação com algumas dúvidas, perguntas, desejos, incertezas, momentos de exaltação.

Está confiante em ‘finais felizes’?

Considero que os especialistas deram uma semente a cada um dos participantes. Agora depende deles regar e cuidar, dessa semente, para verem se dá frutos! O final depende de cada um deles!

Texto. Márcia Alves
Fotos: Arquivo Impala

 

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