Ljubomir Stanisic esteve em Viseu, este domingo (12) e fez mais do que ser chef no restaurante. A Casa das Francesinhas foi o oitavo restaurante a receber a ajuda do famoso chef, na terceira temporada de Pesadelo na Cozinha, da TVI.
José Carlos e Fátima são os donos deste estabelecimento comercial há cinco anos têm vivido este sonho de uma vida mais como um pesadelo. Ljubomir teve, por isso, muito trabalho pela frente.
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Fátima é a proprietária e cozinheira. «Com oito anos, o meu primeiro cozinhado foi arroz de míscaros. O meu pai sempre me incentivou a gostar da cozinha», contou. Mas o ambiente entre a proprietária e Zé Carlos, o marido, que também trabalha no restaurante, nem sempre é o melhor: «Umas vezes corre bem, outras vezes só nos falta andar à chapada.»
Apesar de o restaurante se chamar Casa das Francesinhas, a proprietária admite que prefere confecionar outros pratos. «Para mim não mete piada as francesinhas, mas há dias em que só saem francesinhas», lamentou.
Zé Carlos também é mecânico, profissão que acumula com a de empregado de mesa no restaurante. Na Casa das Francesinhas há ainda outro funcionário, Nelson, o ajudante de cozinha, que se intitula de o «rei das francesinhas».
Os clientes escasseiam e só abundam durante a Feira de São Mateus. «Fora dessa época é mau. Temos meia dúzia de clientes», lamentou Fátima, que admite já ter pensado em desistir algumas vezes.
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Um almoço de cachecol, gorro, manta e luvas
Stanisic chega ao restaurante para fazer a primeira avaliação e a primeira coisa que repara é no facto de o lettering ser antigo e as fotografias da comida pouco apelativas. «Isto parou no tempo. Há 50 anos era igual», reparou.
A comida chegou e deixou o chef desiludido. O camarão está «seco», há gritos na cozinha, mas o que incomoda verdadeiramente a estrela de Pesadelo na Cozinha é o frio que se sente dentro do restaurante. «Deve ser dos sítios mais frios que eu já vi», reclamou. Ljubomir interrompeu mesmo a refeição para ir à rua buscar uma manta, um cachecol, um gorro e um par de luvas. «Com o frio que está, o arroz cru até sabe bem porque está quente», ironizou. Na cozinha, Zé Carlos pressionou Fátima.
Depois, Stanisic irritou-se com as interrupções de Zé Carlos, que está sempre a perguntar se «está tudo bem». «Não consigo comer esta merda, isto está horrível», atirou Ljubomir, lamentando que a carne seja seca, os cogumelos de lata e a francesinha feita com «molho de pacote». Zé Carlos acusou mais pressão e voltou a discutir com Fátima.
À noite, Ljubomir regressou. A cozinha parece limpa e «bem esfregada», mas a despensa está desarrumada. Ljubomir ficou incomodado com o facto de os congelados irem diretamente para a frigideira cozinhar.
“Investe mais em ti!”
Depois, pediu a Fátima que não ignore as suas recomendações. «A minha preocupação é grande: ou queres ouvir-me ou queres continuar a fazer a mesma mer** que estavas a fazer antes… O que eu não respeito é fazeres mer**. O senso comum é observar o que o cliente gosta ou não», alertou.
De seguida, deixou um recado a Zé Carlos: «Já vi ontem que eras bruto com a tua mulher e essa mer** incomoda-me muito. Odeio machistas. Não se trata mal mulheres.»
Nelson também é chamado à atenção por parecer uma «barata tonta» na cozinha, mas o ajudante defende-se com o número de tarefas que tem de realizar.
«Eu não tenho tempo para mim»
Ljubomir chamou Nelson para uma conversa séria e aconselhou-o a estudar mais sobre a área: «Temos sempre de querer mais. Se é cozinha que queres, estuda sobre ela. Investe mais em ti!» Nelson concordou: «Estava um pouco aéreo. A maior lição que aprendi é que não se pode brincar numa cozinha porque as oportunidades só aparecem uma vez na vida.»
Chegou a vez da conversa com Fátima e o chef procura conhecer melhor a sua história de vida. «Os meus pais de criação criaram-me, enquanto os outros dois não. Ainda hoje passam lá ao lado e não me vão ver. Quem tinha um restaurante era os meus pais adotivos. O Zé Carlos tem um feitio especial», revelou. «Eu não tenho tempo para mim», lamentou ainda. Ljubomir também aconselhou Fátima a estudar para aprender a cozinhar melhor.
Depois, foi a vez de José Carlos. «Nasci praticamente entre tratores. A vida de restauração começou com a Fátima», contou. E é feliz? «Às vezes sim, outras vezes não», admitiu. Foi nessa altura que Ljubomir chamou à atenção de Zé Carlos de que a mulher «trabalha o dobro». O mecânico admitiu que tem traumas do passado e explicou que tem outro trabalho (o de mecânico) que deixa de fazer para estar no restaurante a ajudar a mulher. Ljubomir assumiu o papel de mediador entre o casal e recomendou que tentem ser felizes.
O novo Miminho da Fátima
A equipa do programa Pesadelo na Cozinha renovou o restaurante e começou por mudar o nome. Agora, o espaço chama-se Miminho da Fátima. «Ainda parece que estou a sonhar. Está espetacular», chorou Fátima ao ver as mudanças.
O marido também ficou emocionado. «Está muito bonito, estou muito contente, não há palavras», disse. «Aproveitem esta casa e usem com mais amor», insistiu o chef, que pretende reaproximar o casal. «É fundamental estarem unidos. Que tu (Fátima) pares de teimar e que tu (José Carlos) pares de ser bruto. Quero que exista uma união.»
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A guerra entre sogro e genro
Chegou o dia da reabertura da casa e havia ainda uma questão importante por resolver. É que o pai de Fátima e José Carlos estão de costas voltadas. Mas Ljubomir alertou o mecânico que deve esquecer as guerras familiares e perdoar. Fátima também pediu ao pai para se relacionar bem com o genro.
Durante o almoço, Ljumor decidiu intervir e colocou sogro e genro frente-a-frente. Os dois enterraram finalmente o machado de guerra e deram um aperto de mão. «Foste um grande homem, com coragem de pedir desculpa», elogiou Stanisic, em conversa com José Carlos.
No final, todos estavam felizes. A família voltou a estar unida e Nelson agradeceu a lição de vida: «Aprendi a não brincar numa cozinha». «É um novo futuro pela frente», terminaram.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: TVI
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