Maria do Céu Guerra perdeu a vergonha de usar batom graças a Corcovada de Festa é Festa

Apesar de não gostar muito de rótulos, Maria do Céu Guerra é indubitavelmente daquelas mulheres que pertencem à categoria “grande senhora do teatro português”. Porém, ultimamente, é na ficção nacional que o público pode testemunhar o seu enorme talento, ao dar vida à centenária Corcovada na novela Festa É Festa. Um papel que a própria classifica como exigente, e que por isso a obriga a uma ginástica para tentar conciliar com a sua outra grande paixão, o teatro. “Tenho a minha companhia de teatro, A Barraca, onde estou presente nos 365 dias do ano. Felizmente consigo conciliar algumas coisas na vida, o que é bom. Quando me convidaram para integrar o elenco, disseram que era uma coisa para dar alegria às pessoas. De facto tem sido fantástico”, começa por referir.
A mais-valia deste papel tem sido, no seu entender, “colocar uma personagem idosa como o motor desta alegria, numa altura em que as pessoas estavam rodeadas de doenças, mortes e medos, e isso é muito gratificante. Eu própria fiquei surpreendida, pois nunca pensei que este projeto fosse tão giro”. A confirmar esta afirmação está o próprio feedback que a atriz recebe nas ruas. “Dizem-me que gostam muito da Corcovada. É uma mulher que gosta de partilhar alegria, luta contra a solidão e quanto mais gente possa estar perto dela, melhor”, refere.

“Não quero reformar-me”

Porém, dos muitos elogios que se fazem à personagem, será que esta tem dentro de si algo de Maria do Céu Guerra? A atriz assente sem hesitar: “Temos várias semelhanças, sim, como uma juventude dentro de nós que não se esgota. Ela também tem uma vontade de rir, de estar feliz e partilhar essa felicidade com os outros. Nisso é muito parecida comigo, exceto nos momentos em que estou irremediavelmente maldisposta e não há nada que me ponha alegre (risos).”
Com uma nova temporada de Festa É Festa a caminho, “já tinha a minha vida organizada para fazer o tempo que fosse preciso”, a atriz está longe de pensar no dia em que terá de abandonar a sua profissão. “Não quero reformar-me, só se ficar doente. Isto é o que gosto de fazer, não me vejo a ser eu sem estas obrigações. Não me estou a ver em casa, a usufruir de determinadas coisas que a disponibilidade e o ócio permitem.”
Com o aproximar do período natalício, Maria do Céu Guerra confessa não gostar muito de datas fixas. “Tenho um irmão que gosta muito de reunir a família, e isso é a coisa que mais gosto nesta altura. Também gosto muito de não fazer nada, tenho é de comprar os presentes, mas dá-me gosto e não me stressa nada”, confidencia.

Rendida ao batom

Uma das novidades que esta personagem lhe trouxe foi o facto de Maria do Céu Guerra ter perdido a “vergonha” de usar batom vermelho. A atriz nunca tinha usado a “não ser em cena. Por vezes, saio da Corcovada e apetece-me que fique lá o batom. Isto prova que ela me está a deixar muitas coisas”, revela.