Nacional

Pedro Barroso e o voluntariado com idosos em plena pandemia: «Somos os ‘netos’ do Restelo»

19 Abril, 2020

O ator arregaçou as mangas e faz parte do projeto Vizinho Amigo, que entrega bens alimentares e medicamentos a idosos em isolamento social.

Pedro Barroso é um dos famosos que arregaçou as mangas para ajudar quem mais precisa nesta fase de pandemia do coronavírus, e o projeto a que se associou foi abordado no programa Estamos Aqui, deste sábado, emitido pela SIC. Alexandra Lencastre, apresentadora do formato, deu a conhecer o Vizinho Amigo, que visa «oferecer ajuda aos vizinhos mais velhos» no que toca à recolha e entrega de medicamentos e alimentação.

Este projeto foi criado em março e já conta com mais de 5 500 voluntários. «Neste confinamento que nos é pedido, eu senti que queria fazer algo mais e fui fazer uma pesquisa básica no Google: voluntariado covid. Descobri este projeto do Vizinho Amigo, portanto eram duas da manhã quando eu mandei mensagem. Com alguma ansiedade e necessidade de fazer algo mais. Acho que foi isso que mexeu comigo. Foi sentir que poderia fazer algo mais neste momento, para além do muito que é tu estares em casa», começa por contar o ator.

«Somos considerados os “netos do Restelo”»

A acompanhar diariamente Pedro Barroso está Tomás Carolino, também ele voluntário, que considera que ser “vizinho amigo” é muito mais do que ir às compras. «É criar laços de amizade com muitos idosos e muita pessoas que precisam de ajuda e que, neste momento, estão isoladas em casa. Esta relação de amizade que nós conseguimos criar com as nossas avós – nós já somos considerados os “netos do Restelo” – é muito positiva e para mim enche-me o coração», afirma Tomás.

Para Pedro Barroso, a sua participação, que é restrita à zona de Caselas, em Belém, é uma forma de retribuir todo o carinho e cuidado que foi recebendo por aqueles que cuidaram de si em criança: «Nós crescemos aqui. É uma forma de eu dar de volta a todas as pessoas que cuidaram de mim, nos meus tempos de infância, porque aqui eu cresci de uma forma muito saudável também. Houve muita gente e muitas mãos que estiveram disponíveis para me ajudar, e isto fez-me um sentido maior, poder dar este retorno à vida e que é, realmente, preciso neste momento».

Identidade protegida pela máscara

São várias as “avós” que, tanto Pedro como Tomás, visitam diariamente e o ator conta ainda que, até ao momento, a sua identidade como figura pública ainda não foi revelada, pois surge sempre de máscara e está «com mais barba».

«Acho que a única que, realmente, conseguiu desvendar até agora foi a avó Isilda. E desvendou só à segunda vez. Há ali um momento de encanto mas, na verdade – e é isso que eu gosto, esta normalidade – eu gosto de ser só o Pedro. E, às vezes, é um bocado difícil. Eu sou o Pedro que está ali a entregar, sou o Pedro vizinho amigo que mora próximo e, que na verdade, estabeleço aqui este laço de confiança», acrescenta.

No programa de Alexandra Lencastre, Isilda Gonçalves, uma das idosas ajudada por esta dupla de amigos, também foi entrevistada: «Estes jovens sentem prazer em estar a prestar um serviço aos outros, serem úteis aos outros. Graças a eles a minha sobrevivência está assegurada».

«Pensei que estava sozinha no mundo»

Nesta reportagem, foi possível acompanhar Pedro e Tomás numa entrega de bens alimentares a Teresa Ferraz, depois de os recolherem num supermercado próximo. Assim, rechearam a dispensa desta “avó” que não pode sair de casa.

«É uma mais valia a vossa existência, porque a pessoa deixa de ficar tão abandonada. Fica mais confortável. Pensei que estava sozinha no mundo. E soube muito bem perceber que existem e que qualquer coisa posso ligar. É tranquilizante ter alguém que nos vem trazer aquilo que precisamos», disse esta “avó”, emocionada.

E, para Pedro Barroso, este serviço que tem prestado também tem um lado emocional muito forte. «Eu fui criado pelos meus avós, talvez por isso tenha aqui um olhar diferente sobre esta geração mais velha. E isso também é um dos fatores que me move, porque sei que as necessidades são outras e mantê-los em casa é aquilo que é essencial», diz.

Para Pedro, este é um tempo em que «as expressões mudam», em que «a oscilação das emoções é grande» e em que este projeto traz «um lado de carinho, esperança». «Muitas vezes não é só com as compras, mas é este porto de abrigo que nós representamos. Muitas vezes é só para falarem, terem uma voz amiga do outro lado e é este elo de confiança que me faz todo o sentido», termina.

 

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Texto: Marisa Simões; Fotos: Divulgação SIC

 

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