Saúde e Bem-Estar

Anorexia nervosa: Quando a dieta se torna regime alimentar

28 Maio, 2019

A época mais quente do ano faz com que mais gente queria perder peso. Mas, atenção, uma coisa é evitar certos alimentos outra é castigar-se.

Com o verão chega o calor, a praia a roupa mais leve e fresca e também a revelação de que aquela colega ou amiga está demasiado magra. Claro que o sonho da maioria das mulheres é pesar menos mas… será que não está a colocar em risco a própria vida? Elisabete Albuquerque, Psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, explica-nos tudo sobre a anorexia nervosa.

Considerada uma perturbação do comportamento alimentar, esta patologia atinge um por cento da população e, como nos explica Elisabete Albuquerque, «pode surgir em qualquer faixa etária e afetar indivíduos de ambos os sexos, embora seja mais prevalente em jovens adolescentes do sexo feminino».

Com um quadro clínico complexo o principal indício é «preocupação exagerada com o peso, acompanhada de uma distorção na forma como o indivíduo se perceciona». Ou seja, a pessoa pode já estar magra e continua a ver-se com excesso de peso.

Paciente rejeita a doença

Numa fase inicial da patologia: «Há uma diminuição da ingestão de alimentos que é autoimposta de forma rígida e que não se associa, na maior parte das vezes, a uma verdadeira diminuição do apetite. A par desta conduta alimentar extremamente restritiva e onde não há lugar para certo tipo de alimentos, surgem outras estratégias que potenciam a perda de peso, como a prática de exercício físico intenso, a indução de vómito ou o uso de laxantes e diuréticos. Para além dos sintomas nucleares da doença, surgem muitas vezes outras queixas psiquiátricas, como o humor depressivo, a ansiedade aumentada, as alterações do padrão habitual de sono, o isolamento social, os sentimentos de tristeza, culpa e desvalorização pessoal».

Já a médio longo prazo, a psicóloga explica que «as consequências podem ser muito graves, colocando mesmo em risco a vida». De um momento para o outro aparecem: «Anemias por défice de nutrientes, alterações em análises de rotina ou amenorreia».

A anorexia nervosa apresenta muitas vezes um curso crónico e o tratamento pode ser longo e difícil. O não reconhecimento da
doença e a relutância em aceitar o projeto terapêutico são, porventura, o maior entrave ao tratamento. E se nos casos de gravidade ligeira a moderada o tratamento pode ser realizado em ambulatório, nos casos mais graves a médica salienta que «pode ser necessário um internamento hospitalar em regime integral ou parcial. A juntar ao acompanhamento por um médico psiquiatra, pode ser necessária a intervenção de outros técnicos de saúde, designadamente psicólogos, nutricionistas ou médicos de outras especialidades».

Sintomas

Tenha em atenção as dietas demasiado rígidas, em que nunca há lugar para a «transgressão» e que incluem «alimentos proibidos» (doces, farináceos…). Apesar da perda de peso, a pessoa com anorexia continua a achar que tem peso a mais. Por vezes, e de forma quase paradoxal, podem existir episódios de ingestão alimentar compulsiva (ingestão de uma quantidade exagerada de alimentos, a que sobrevêm muitas vezes sentimentos de culpa e arrependimento). Esteja atenta às estratégias compensatórias: o vómito após a refeição, as idas ao ginásio cada vez mais frequentes, ou o uso de substâncias que promovem a perda de peso. A contagem de calorias é também sinal de alerta

Ajuda deve pedir-se

Apesar de normalmente as pessoas que não estão contentes com o peso não pedirem ajuda, a verdade é que só com ajuda  especializada poderá fazer uma dieta equilibrada e evitar ficar doente. «Importa referir que, em caso de dúvida, a procura de ajuda profissional é sempre uma boa opção», alerta Elisabete Albuquerque, Psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra.

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