Saúde e Bem-Estar

Endometriose: Saiba como acabar com a dor e viver com a doença

14 Março, 2022

endometriose endometriose

A endometriose pode ser silenciosa para as mulheres, o que atrasa o seu diagnóstico, mas também causar muita dor, que não deve ser desvalorizada...

A endometriose continua a ser uma doença desconhecida para a maioria do público em geral, mas o anúncio da apresentadora Raquel Prates, que será submetida a uma cirurgia, histerectomia total (remoção do útero), na sequência de vários tratamentos para a endometriose, veio contribuir para alertar sobre este problema, que impacta negativamente a vida de muitas mulheres.

 

 

No sentido de esclarecer dúvidas de uma doença cujo diagnóstico chega a demorar 11 anos, a Maria entrevistou José Reis, médico especialista em ginecologia-obstetrícia, sobre esta temática.

-Como se define a endometriose?

É uma doença inflamatória crónica, marcada pela presença de células endometriais (próprias da cavidade uterina) em localizações fora do útero. A implantação e o crescimento dessas células fora da sua localização habitual são dependentes da estimulação por hormonas femininas, que são os estrogénios, daí ser uma doença típica das mulheres em idade reprodutiva. Em casos mais raros pode prevalecer para lá da menopausa.
-É preciso desconstruir o mito com que as mulheres vivem, de que “é normal ter dor na menstruação”…

Definitivamente, é necessário trabalhar para desconstruir esse mito, que existe não só na sociedade em geral, mas também em muita da comunidade médica, menos desperta para o tema da endometriose.
-O tratamento médico destina-se apenas a controlar os sintomas, mas não trata a doença?

Tratando-se de uma patologia crónica, não tem uma cura definitiva. Contudo, na generalidade dos casos, deixa de ser sintomática a partir da menopausa, fase da vida da mulher em que diminui significativamente o nível das hormonas femininas em circulação, as quais são os principais estímulos dos focos de endometriose.

O medo da infertilidade

-Existe perigo da utilização da pílula poder mascarar a doença nas mulheres mais jovens?

Efetivamente, há um número significativo de casos em que os sintomas da endometriose surgem na altura em que a mulher interrompe a pílula para tentar uma gravidez. No entanto, não é lícito afirmar que a pílula mascare a doença. Ela é uma arma terapêutica valiosa no controlo da dor menstrual e na regularização dos ciclos menstruais em algumas adolescentes. Além disso, é um método contracetivo de enorme mais-valia ao reduzir o risco de gravidezes indesejadas nesta faixa etária.
-Pode levar anos a diagnosticar?
Apesar desta doença ser cada vez mais debatida, ainda existe um grande hiato temporal entre o aparecimento dos sintomas e um diagnóstico fiável, com uma média de 8-12 anos.
-Qual é, então, o objetivo da cirurgia minimamente invasiva ginecológica?

Nas situações em que a terapêutica médica se torna ineficaz no controlo da dor, quando a mulher pretende engravidar e não pode fazer tratamento hormonal ou ainda nas situações de invasão profunda de órgãos, então poderá ter indicação a cirurgia para remoção dos focos de endometriose profunda.

 

 

 

Quando se opta por intervenção cirúrgica, a cirurgia minimamente invasiva (endoscopia) deve ser a via preferencial, já que é associada com menos dor pós-operatória, estadia hospitalar mais curta, recuperação mais rápida e melhores resultados estéticos.
-A infertilidade surge como a principal preocupação para estas mulheres diagnosticadas com a doença? Que outros medos existem?

 

Algumas mulheres com endometriose são assintomáticas. Quando existem sintomas, a tríade clínica típica da endometriose consiste em dor menstrual, muitas vezes não controlável de forma satisfatória com os analgésicos comuns, dor nas relações sexuais e dificuldade em obter uma gravidez.

 

 

Neste sentido, o medo da infertilidade, o medo de não conseguir controlar a dor da endometriose, bem como o medo do compromisso de órgãos, como os intestinos ou a bexiga, constituem-se como os principais receios das mulheres com diagnóstico de endometriose.

 

 

A alimentação no combate à doença

De acordo com o especialista José Reis, os hábitos alimentares podem ter um papel importante na componente inflamatória da endometriose. “Tem havido diversos autores a defender o papel da dieta no controlo dos sintomas da endometriose.

 

Os ácidos gordos ómega-3 parecem ter efetivamente um efeito positivo na diminuição da dor menstrual. É possível encontrá-los em peixes como o salmão, o atum, a sardinha , em frutos secos como as nozes, amêndoas e sementes de linhaça e chia, leguminosas como o feijão, soja, ervilha e grão-de-bico e vegetais, principalmente os de folha verde-escura, como couves, brócolos e espinafres.”

 

 

Principais sintomas

-Dor, especialmente cólicas menstruais excessivas

-Dor ao urinar

-Diarreia ou prisão de ventre, náuseas e dor lombar

-Hemorragias menstruais abundantes

Infertilidade

-Dor nas relações sexuais

-Perda de sangue entre os períodos menstruais

-Fadiga

 

 

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Agradecimentos: Dr. José Reis Ginecologia/ Obstetrícia

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