Saúde e Bem-Estar

Menopausa: o que nunca ninguém lhe disse

2 Abril, 2023

menopausa

A menopausa não é uma fase fácil da vida das mulheres, por isso torna-se importante que procure um especialista e altere alguns hábitos de vida. Patricia Parenza, especialista em envelhecimento feminino, dá alguns conselhos.

Patricia Parenza, de 51 anos, jornalista brasieira e especialista em envelhecimento feminino, marcou presença no Women Aging Summit, que se realizou na Central Tejo, em Lisboa, onde falou da forma como as mulheres encaram a menopausa e o que devem mudar nas suas vidas. A especialista esteve à conversa com a Maria sobre o tema.

 
A menopausa é o momento da vida da mulher em que ocorre a interrupção natural da menstruação, uma vez que as hormonas femininas, o estrogénio e a progesterona deixam de ser produzidos pelos ovários. Isso costuma acontecer, em média, entre os 48 e 51 anos de idade.

“São mais de 50” sintomas na menopausa

Na opinião de Patricia Parenza, um dos grandes problemas associados à menopausa prende-se com o facto de as mulheres não serem informadas sobre o assunto, sendo um grande embate nas suas vidas. “A menopausa é aterrorizadora porque não somos preparadas para a enfrentar”, começa por dizer a especialista. Na realidade, são muitos os sintomas que acabam por alterar a nossa vida. “São mais de 50, como taquicardia, insónia, calores, afrontamentos, secura vaginal, etc. Começamos a ter esses sintomas e não sabemos porque é que os temos. Começamos a esquecer as coisas e pensamos que estamos com Alzheimer. Não temos energia para fazer nada, achamos que estamos com anemia, temos oscilações de humor e achamos que estamos deprimidas, vamos ao médico e ele tem de nos passar um antidepressivo, e na realidade o que temos de fazer é reposição hormonal”, afirma.

 
A mulher, regra geral, é cuidadora dos outros, mas não é uma prioridade para si, o que tem consequências nefastas para a sua saúde, especialmente se estiver na menopausa. “Nunca pensamos em nós, nunca olhamos para nós e nessa altura vamos ter de o fazer”, afirma a jornalista e explica que “precisamos de saber o que é que está a acontecer connosco, procurar informação. Eu fiz um curso no Brasil, que se chama Menopausa sem Pirar. É um curso de informação sobre tudo o que acontece na menopausa para que as mulheres possam chegar a essa fase sem medo e que possam entender o que é que está a passar-se com elas”, esclarece.

Aumentar a autoestima

Um dos grandes defeitos da generalidade das mulheres prende-se com o facto de elas só olharem para os seus defeitos, esquecendo as qualidades. “Isto é cultural. Não sei se é genético ou se está introduzido nas pessoas, mas é um facto. Olhamos sempre para os nossos defeitos”, confirma a especialista. Como é que podemos transformar isso? “Fazendo um exercício, como correr, praticar desporto, ter uma boa alimentação”, aconselha. Mas, além disso, também é imprescindível fazer um exercício diário para aumentar a autoestima, o que “é muito importante e em qualquer idade”, sublinha e acrescenta que, “quando começamos a envelhecer, a menopausa é o primeiro marco do envelhecimento feminino. Quando chega, perdemos 30 por cento do colagénio, as nádegas descaem, as pernas ficam flácidas, começamos a ficar cheias de rugas e isso incomoda-nos. Nessa altura temos de ir buscar força interior e encontrar um caminho para percebermos aquilo que temos de melhor. É nessa altura que se inicia o exercício. O que sugiro é que as mulheres todos os dias se olhem ao espelho e perguntem: ‘O que é que eu gosto em mim?’ E depois devem focar-se nisso”, explica Patricia.

“Nós somos únicas com a nossa beleza”

Compararmo-nos às outras mulheres não é, de todo, aconselhável. “A comparação é uma destruição que as mulheres fazem umas com as outras. Nós somos únicas com a nossa beleza, com as nossas imperfeições. Não precisamos de gostar de tudo em nós. Podemos não gostar de algumas partes e está tudo bem. Só temos de olhar para nós próprias com mais carinho, mais amor. Temos de nos acolher mais. Somos muito cruéis connosco mesmas”, assume. Contrariamente ao que acontece com os homens, as mulheres são muito críticas com as outras. “Não devemos fazer isso. Não podemos! Só vamos conseguir evoluir como espécie feminina quando nos apoiarmos umas às outras. Os homens protegem-se e unem-se, não falam mal uns dos outros. Temos de respeitar as pessoas como elas são e nos respeitarmos a nós próprias.”

Informe-se com um especialista

A melhor forma de conseguir ultrapassar esta fase da sua vida confortavelmente passa por informar-se ao máximo sobre a menopausa, os seus sintomas e tratamentos disponíveis. “Procure um médico especializado em menopausa, porque a maior parte dos ginecologistas é de obstetrícia. Eles tratam da mulher até esse momento e a partir dali não sabem o que fazer”, diz Patricia Parenza e acrescenta: “Faça exercício físico; tome vitaminas suplementares, porque os nossos intestinos, por exemplo, já não têm a mesma capacidade de absorção como tinham antes”. Por outro lado, também “já não temos progesterona, a hormona que acalma a mulher e dá sono. A progesterona desaparece e nessa altura ficamos irritadas, então, se não a pudermos repor, o melhor é fazer ioga, meditação, devemos procurar algo para nos acalmarmos, ao mesmo tempo que o exercício físico de intensidade é necessário para equilibrar os níveis de irritação”.

Conheça bem o seu corpo

Durante muitos anos foi-nos dito que a masturbação era algo proibido. Nos dias que correm isso já não se passa tanto, no entanto ainda existe esse tabu. “Sou uma das pioneiras que falo sobre isso (no Brasil) para abrir a mente das mulheres, mas sei que em Portugal o preconceito ainda é maior”, conta a jornalista. É importante que a mulher observe a sua anatomia. “Pegue num espelho e veja a vulva, a vagina, perceba onde é que está o clítoris. Há mulheres com 50 anos e que nunca fizeram isso”, diz admirada e acrescenta: “Devemos saber onde está cada coisa e para o que é que serve.” Antes de comprar um brinquedo deve tocar-se. “A mulher tem de conseguir chegar a um orgasmo pela masturbação. O brinquedo sexual é um complemento. Ele vai ajudá-la a chegar mais facilmente ao orgasmo, de uma forma mecânica”, explica.

Orgasmo como tratamento

“O orgasmo faz bem a uma série de coisas”, quem o diz é a especialista e elenca alguns dos benefícios: “Acalma, ajuda a promover o sono, a pôr termo à enxaqueca, na concentração”. E vai mais longe, afirmando que, “qualquer dia, os médicos vão estar a receitar o orgasmo como um tratamento”. E dá o seu exemplo: “Eu tenho enxaqueca crónica e o meu neurologista disse-me que devia ter um orgasmo três vezes por semana, para aliviar as terminações nervosas. Foi o que me receitou. As mulheres têm de entender isso, não podem colocar nas mãos do outro o seu prazer. Elas têm de ser donas dele. Porque, se nós não nos soubermos dar prazer, os outros também não vão saber dar-lhe prazer”.

Brinquedos sexuais aconselhados

Na opinião de Patricia Parenza, as mulheres não devem ter vergonha de se deslocar a uma sex shop, até porque os brinquedos sexuais podem fazer toda a diferença na sua vida íntima. A especialista aconselha não só “os vibradores mais tradicionais, que vibram e fazem uma vasodilatação que vai irrigar toda a parte interna da vagina, o que ajuda na lubrificação e com ele podemos chegar ao orgasmo”, mas também uma nova geração de vibradores, que se chamam “sugadores de clítoris, que têm uma vibração interna que nos leva ao orgasmo em minutos. Um orgasmo intenso e de uma forma que não conseguimos com a mão ou com o parceiro. É uma experiência que temos de viver”.

 

Texto: Carla Vidal Dias

 

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