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Covid-19 acaba com beijos técnicos nas novelas e põe lar de Nazaré a usar máscara

18 Maio, 2020

A pandemia da covid-19 obrigou a um conjunto de medidas no país que afetou o dia a dia de todos. As novelas não são exceção e as nossas histórias preferidas vão sofrer alterações para manter todos os profissionais em segurança.

Beijos, abraços, apertos de mão ou um simples carinho vão deixar de existir nas novelas, tal como estamos habituados. A pandemia da covid-19 obrigou a reestruturações na história e na forma de trabalhar em cena. A Maria falou, em exclusivo, com as autoras das novelas Nazaré, SIC, Terra Brava, SIC, e Quer o Destino, TVI, e conta-lhe o que vai mudar nas nossas histórias preferidas.

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«O truque aqui é tentar dar ao público alguma normalidade entre pessoas que mal se podem tocar. Não vai ser a mesma coisa, mas tentamos que a falta dessas ações seja o menos disruptiva possível. A realização também vai ajudar muito, creio», começa por explicar Sandra Santos, autora da novela da SIC, líder de audiência.

«Essas manifestações de afeto estão a ser reduzidas e substituídas por outras ações para demonstrar os sentimentos. Os olhares vão ser mais usados e a realização vai aproximar aquilo que não pode estar tão próximo. Todos temos de puxar um pouco mais pela imaginação. A Nazaré é uma novela particularmente física, não é fácil, mas estamos a tentar salvaguardar a integridade do elenco e técnicos, buscando soluções para manter essa característica», continua.

Inês Simões, autora de Terra Brava, explica como a criatividade está a ser a base para adaptar a história aos tempos de covid-19. «Reescrevemos os guiões de todos os episódios que ainda não estavam totalmente gravados, sempre a pensar na segurança dos nossos actores e de toda a equipa. Retirámos figuração para estarem menos pessoas presentes nas gravações, evitámos cenas com muitas personagens juntas,  alterámos as cenas de pancadaria e as cenas com beijos, abraços e toques entre as personagens», afirma.

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Mas então como ficam os namoros em tempos de pandemia? «Vão existir muito menos abraços e beijos, isso é certo. Mas o carinho e o amor vai continuar a existir. As emoções vão continuar a estar lá, só que sem proximidade física. Um olhar até pode ter mais força do que um beijo… Tivemos  de recorrer a toda a nossa criatividade e escrever cenas onde as relações físicas ficam subentendidas. Por exemplo, em vez de vermos os actores aos beijos, temos cenas de sedução onde se mantém o distanciamento entre eles. E temos encontrado soluções muito engraçadas e que acredito que vão resultar», responde Inês Gomes.

Helena Amaral, autora de Quer o Destino, TVI, é mais parca nas palavras, mas explica que «é ao coordenador do projecto, com a realização e a produção, que cabe criar condições, de modo criativo, para as  limitações que este momento tão difícil impõe, sem nunca ferir a essência da história ou os arcos das personagens».

«Neste momento, como antes, a escrita serve atores, realização e produção, como estes a servem também, com o objectivo único de servir o público que se apaixona pelas nossas personagens e pelas nossas narrativas», diz.

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Nazaré vai incluir covid-19 na história

A segunda temporada da novela Nazaré, SIC, que começa a ser gravada a 21 de maio, irá incluir na sua história a covid-19. Quem o afirma é Sandra Santos, a autora. «O contexto em que vivemos actualmente será naturalmente integrado. As personagens vivem neste mundo, portanto é mais do que natural que não se tenham alheado ao que está a acontecer a todos. Vamos passar mensagens que são importantes para a saúde e ordem públicas, como a importância do distanciamento social, a desinfecção das mãos e o uso de máscaras no Lar Terceira Onda, onde os riscos de infecção são tidos como mais elevados», explica.

Nazaré será a única novela que inclui a covid-19 na história. Terra Brava não o pode fazer. Inês Gomes explica porquê. «No caso da Terra Brava não era possível porque, como não gravamos os episódios sequencialmente, já tínhamos cenas gravadas de episódios que ainda não estão totalmente fechados. Se assumíssemos a COVID 19 na história, iria aparecer numas cenas e noutras as personagens estariam ainda num mundo pré-pandemia», afirma.

O mesmo acontece com Quer o Destino, cuja adaptação está ao cargo de Helena Amaral. «Mantendo intacto o curso da história, Quer o Destino não vai incluir a pandemia como linha narrativa. Recato os finais programados, como é suposto, apesar de estar certa que, quando o público gosta de uma história, quer assistir ao seu decurso, independentemente do  final. O prazer está em viver cada momento, como nas paixões, e não antecipar o fim», assume a autora.

Escrever em tempos de pandemia da Covid-19

Escrever uma novela em tempos de pandemia da covid-19 tem sido um desafio e a imaginação tem de estar ainda mais presente como nos conta Sandra Santos.

«Temos de puxar mais pela nossa imaginação, procurar soluções que antes dependiam só do toque e agora têm de depender mais da intensidade com que as palavras são ditas, dos olhares, da criatividade da realização para ultrapassar cenas de acção física que não podem deixar de existir, mas têm de ser feitas de outra maneira, de forma a respeitar a integridade e a segurança de elenco e técnicos», sublinha.

Inês Gomes explica que quando as gravações pararam, há dois meses, ainda não havia «noção de como tudo teria de mudar» e que a equipa de escrita não parou de imediato. «Mas a seguir tivemos de parar e reunir (via videoconferência) para planear como iríamos alterar tudo o que estava escrito (por gravar). E depois começámos a fazer essas alterações aos guiões. E foram muitas… Há sempre muita proximidade, muitos beijos e muitos toques entre as personagens», afirma. As gravações começam dia 25, mas o elenco já está a ensaiar.

«O elenco tem estado a ensaiar todas as cenas por videoconferência com a direcção de actores e a coordenação de projecto para garantir que é possível gravar as cenas mantendo a distância entre os actores. Além disso, existe um conjunto de normas, incluído no nosso plano de contingência (semelhante ao da novela Nazaré), designadamente: redução de equipas em plateau; marcações de cena também respeitarão a distância mínima de segurança; não existirão sequer retoques de maquilhagem em plateau; os actores passarão a vestir-se sozinhos, aumentámos também o número de camarins em cada estúdio; fora de estúdio existem vários espaços no exterior para que todos se possam dispersar e evitar aglomerações, criação de espaços extra para refeições dos 2 projectos, separadamente; desfasamentos de horários para evitar contactos; circuito de circulação por estúdio e por equipa (em anexo, um exemplo de um dos estúdios afecto a Terra Brava)», partilha.

Dificuldade em manter o foco

Para Helena Amaral, de Quer o Destino, a grande dificuldade tem sido «manter o foco quando se vive num momento de grande inquietação colectiva». «No entanto, certa de que a coordenação do projecto, e a Plural, criaram todas as condições de segurança para que a história decorra sem riscos para os seus profissionais, mantenho total empenho neste projecto e convicção de que a ficção televisiva sairá ainda mais forte deste momento. Confinadas em casa, as populações procuraram – como em poucos momentos – as vidas paralelas que a ficção cria e promove. Neste momento, e nos que se seguirão, as narrativas seguem os seus caminhos e cumprem a sua função: dar prazer a quem assiste», termina.

Hugo de Sousa, realizador português na Globo

Hugo de Sousa, a trabalhar no Brasil como realizador da novela da Globo, Salve-se Quem Puder, e considerado o pai de Morangos com Açúcar, TVI, explica que ainda não há diretivas oficiais sobre assunto. «Temos observado desde a semana passada várias produtoras de audiovisual a adaptarem-se à nova realidade pelo mundo fora, mas certamente que tudo irá passar pela a utilização de todos os equipamentos de proteção existentes, muitos testes a todas as equipas e atores, e claro que as histórias terão que ser adaptadas para o mínimo contato entre atores», explica o responsável para depois exemplificar.
«Tudo o que forem cenas de beijo, afetos, ação, entre outras, vão ser adaptadas. Claro que nós realizadores teremos uma função essencial na gestão cautelosa do dia-a-dia, mas também na criação de soluções técnicas que permitam os atores estarem com distâncias de segurança mas que pelo olhar da câmara tudo pareça que estão bem próximos, e a utilização de técnicas digitais para fazer sequenciais com muitos personagens, em que gravaremos por partes de forma a evitar grandes grupos», diz.

Havendo tantas restrições para segurança de todos será que o produto final pode ficar afetado? «É normal que numa primeira fase possa ser complicado evitar que os produtos sejam afetados, até porque todos os espetadores sabem o que está a acontecer no mundo, e não vão conseguir abstrair-se num primeiro momento de estar a ver em casa e pensar “como terá sido feito sem se tocarem”. Mas acredito que num curto espaço de tempo saberemos todos dar a volta e continuar a fazer o nosso trabalho, com segurança. Quero acreditar que tudo isto será uma fase, que pode durar algum tempo, e que depois voltemos à “normalidade”», desabafa.

Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Divulgação SIC e TVI

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