Nacional

Joana Amaral Dias denuncia negligência e incompetência do sistema nacional de saúde na morte do pai

8 Dezembro, 2019

Joana Amaral Dias culpa o sistema nacional de saúde pela morte do pai e defende que os impostos pagos pelos portugueses nãos servem só para salvar bancos.

Joana Amaral Dias quebrou o silêncio este este sábado, dia 7 de dezembro, sobre as circunstâncias da morte do pai. A ex-deputada do Bloco de Esquerda esteve na SIC Notícias onde fez duras críticas sobre os procedimentos médicos que não salvaram Carlos Amaral Dias, de 73 anos, da morte. O psicanalista morreu na terça-feira, dia 3 de dezembro, enquanto era transportado pelo Inem para o Hospital de São José, em Lisboa.

Joana Amaral Dias revelou que o pai se sentiu mal às 09h00, que a ambulância foi chamada poucos minutos depois, mas que o psicanalista só deu entrada na unidade hospitalar duas horas depois e já sem vida. «O meu pai vive no Marquês de Pombal. O trajeto da sua residência até ao São José é bastante curto. O que aconteceu foi um cocktail fatal de acidentes, negligência e incompetência», escreveu Joana Amaral Dias na legenda de um vídeo que partilhou no Instagram, que retrata um excerto da entrevista.

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Joana Amaral Dias revoltada

A psicóloga explica ainda que «houve uma ambulância que avariou, mas também se verificaram demoras. Só vinha um técnico no Inem e sem o equipamento de reanimação como a situação estritamente ditava». «O resultado foi a morte. Pedimos autópsia e o Inem abriu um inquérito. Aguardamos os resultados», acrescentou.

Sem papas na língua e ainda a fazer o luto, Joana Amaral Dias criticou o Serviço Nacional de Saúde e afirmou que a população portuguesa está «vulnerável, desprotegida e entregue à sorte»: «Se os impostos que pagamos não servem para acudir em situações limite, para que é que servem? Para salvar bancos? E se isto pode acontecer com um homem de 73 anos a viver no centro de Lisboa, pode suceder a qualquer um de 20 ou 30, em Viseu ou em Faro, ou no interior desertificado. Pode acontecer a qualquer um. Vivemos num país que cortou no essencial, deixou a gordura e talhou o osso, deixando as populações vulneráveis, desprotegidas e entregues à sua sorte.»

Joana Amaral Dias termina o seu discurso dizendo que o pai morreu sozinho. «É verdade que o meu pai era um doente com diversas patologias graves cuja expectativa de vida era já limitada. Mas certamente merecia ter partido em paz e com outra tranquilidade, com a mão segura pelos que amava, com os olhos postos nos que tinha. O meu pai foi estudante de medicina em Coimbra. Deu os seus melhores anos ao Serviço Nacional de Saúde, no qual deixou talento e pele. Morreu sozinho em agonia dentro de uma ambulância que não dispunha dos meios para o acudir. Que a sua partida sirva para que todos nós e finalmente rejeitemos este futuro», terminou.

Texto: Ana Lúcia Sousa e Mafalda Mourão; Fotos: Redes Sociais

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