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Participámos num Speed Dating e contamos-lhe todos os detalhes de uma noite cheia de surpresas

14 Fevereiro, 2020

Entrámos num speed dating e contamos-lhe o que sentimos, o que vivemos e o que aprendemos quando nos predispomos a conhecer pessoas que nunca vimos antes.

Já tinha ouvido falar do conceito, mas nunca tinha arriscado inscrever-me. Numa altura em que encontrar o amor é tão desafiante, como seria participar num evento deste género? Que tipo de pessoas iria conhecer e qual seria a probabilidade de encontrar alguém com quem realmente me identificasse? Estas são as dúvidas que, provavelmente, surgem na cabeça de qualquer pessoa que pondera participar num Speed Dating e, eu, claro não sou exceção.

Quando fui incumbida de entrar nesta aventura para escrever esta reportagem, iniciei a minha pesquisa e rapidamente encontrei o programa perfeito: um evento que, além do speed dating, também incluía um espetáculo burlesco e uma festa que se prolongaria pela noite. A inscrição é feita online e basta inserir o nome e efetuar o pagamento para, em poucos minutos, recebermos o bilhete que nos dará acesso à oportunidade de conhecer a nossa «alma gémea».

As emoções do primeiro impacto

O início do evento está marcado para as 19h30. É uma quinta-feira e, portanto, corre um dia normal de trabalho. Depois de sair da redação, retoco a maquilhagem, troco os meus jeans por um macacão mais formal e coloco uns saltos altos. Sinto-me confiante. Afinal, vou entrar num contexto totalmente desconhecido para mim… Os minutos que antecedem a entrada no evento são vividos com alguma ansiedade… Penso em desistir três vezes. Mas não posso. É um compromisso profissional.

Respiro fundo e, para ganhar coragem, esqueço as circunstâncias e entro no evento como se estivesse a entrar num outro bar qualquer

Respiro fundo e, para ganhar coragem, esqueço as circunstâncias e entro no evento como se estivesse a entrar num outro bar qualquer para beber uma bebida com uns amigos. Sou recebida pela organização. Dão-me as boas-vindas, de sorriso no rosto, e entregam-me um cartão com o número que me foi atribuído (cada participante tem um diferente).

Quando chego, já estão vários homens no bar. Todos de copo na mão, aparentemente descontraídos. As mulheres começam a chegar mais tarde. Fico surpreendida, porque esperava encontrar homens entre os 40 e 50 anos e, para minha surpresa, há muitos com menos de 30 anos. Este é o primeiro mito a cair. Afinal, o speed dating não é só para pessoas mais velhas ou «encalhados», como ainda há muitas pessoas que imaginam.

Em breves minutos, a sala do bar fica repleta. Somos 60 pessoas (30 mulheres e 30 homens). As mulheres estão acompanhadas de amigas e conversam junto ao bar, enquanto tentam analisar o perfil dos homens. O ambiente é intimista mas nada constrangedor, nem mesmo para mim que estava ali sozinha, apenas a observar o que se passava à minha volta.

A sala está iluminada a média luz, há pequenas velas a arder em cima das mesas que estão preparadas para os casais se sentarem a conversar e a cor vermelha dos sofás e das cadeiras é o único tom que se destaca num cenário escuro, onde predominam os tons preto e dourado.

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A história da Sara que foi à procura do amor aos 50 anos

Acabo por não ficar muito tempo sozinha, não por ter sido abordada por algum participante masculino, mas por uma das participantes, a única que, além de mim, arriscou ir sozinha ao evento. Apresentamo-nos e conheço um pouco da sua história.

A Sara (nome fictício) é a mulher mais velha no evento, tem 50 anos. É a primeira vez que participa num speed dating, mas já fez uma viagem organizada para solteiros, na qual não encontrou a cara-metade, mas onde fez muitos amigos. Partilhou a sua experiência comigo.

Contabilista de profissão, é divorciada há quatro anos, tinha dois filhos já na idade adulta, e gostaria de encontrar uma companhia. Procura alguém especial porque, tal como acaba por me confidenciar, «faz falta» e, no seu dia a dia, não tem oportunidade para conhecer pessoas.

Entretanto, já com os participantes todos presentes no bar, somos encaminhados para a sala do lado. Sem lugares marcados, as mulheres escolhem uma mesa a seu gosto, onde temos de permanecer até ao fim do evento. Os homens circulam pelas várias mesas (da esquerda para a direita), ao fim de cinco minutos de conversa com cada mulher.

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Os homens que conheci

Sento-me de forma aleatória na mesa que está mais próxima, sem olhar sequer para o homem que já está ali sentado. Apresentamo-nos, começamos pelos nomes, idade e profissão de cada um.

Quero saber o que o trouxe até ali. Conta-me que estava à procura de algo diferente para fazer na véspera do Dia dos Namorados e que gostou da ideia de assistir ao espetáculo burlesco que o programa incluí.

Falamos de hobbies e confessa-me que tem «um grande amor»: a dança. Convida-me para aprender salsa, mas ficamos por ali.

É a sua primeira vez num evento deste género. Falamos de hobbies e confessa-me que tem «um grande amor»: a dança. Convida-me para aprender salsa, mas ficamos por ali. Ao longo das conversas, temos uma folha, onde podemos anotar o número das pessoas com quem nos identificamos, para no final perceber se há um «match» ou não. No total, ao fim de cerca de uma hora, conheço cerca de 10 pessoas (não sei precisar o número exato porque ‘perdi a conta’).

Passaram por mim diferentes perfis, uns mais extrovertidos, outros mais reservados. Conheço dois professores, incluindo um de matemática que, curiosamente, também gosta de escrever, nomeadamente sobre relações amorosas. Converso também com um economista que faz teatro, nos tempos livres, um engenheiro informático que partilha comigo a paixão pelas viagens e que, só no último ano, conheceu nove países e um gestor empresarial que viveu na Eslovénia e em Bruxelas. Cruzo-me ainda com uma pessoa que não achava provável encontrar, um gerente de uma sexshop.

Para a maioria dos homens, esta é a primeira vez que estão num speed dating, tal como eu. Conheço apenas o Pedro (nome fictício) que está a viver a experiência pela segunda vez. Da primeira, participou com um amigo que acabou por encontrar aquela que é hoje a sua namorada. Agora, inspirado neste exemplo, resolveu tentar de novo a sua sorte.

Vale a pena ir a um speed dating?

Num primeiro encontro, sobretudo, num contexto deste género, onde temos apenas cinco minutos para conversar com uma pessoa que nos é completamente desconhecida, é difícil perceber as suas reais intenções. No entanto, usando a intuição, sinto que há realmente o objetivo de conhecer alguém para um relacionamento amoroso sério.

Quem participa num speed dating quer uma companhia e, mais do que isso, um compromisso.

Tal como me disse um dos participantes que conheci – o mais ousado, diria eu – «se quiséssemos ter uma one night stand, não precisaríamos de estar aqui». Quem participa num speed dating quer uma companhia e, mais do que isso, um compromisso.

Num formato de encontros como este, há realmente algumas limitações e o risco de conhecermos pessoas com quem não nos vamos identificar minimamente. Sim, é verdade. Ainda assim, não deixa de ser uma oportunidade para conhecer pessoas novas e, se não conhecermos a nossa cara-metade, quem sabe se não saímos dali com novos amigos e uma «porta aberta» para num futuro próximo conhecer outras pessoas e quem sabe, mesmo um amor.

O espetáculo burlesco que se segue depois das conversas é o «quebra-gelo» perfeito. A bailarina que dança e encanta no palco, sob o olhar curioso dos homens, mas também das mulheres, redireciona as atenções. A sala fica mais completa com a chegada de pessoas que não conseguiram vagas para o speed dating mas que quiseram entrar na festa.

As novas caras juntam-se às pessoas que já lá estão, a pista de dança abre e o ambiente muda. As mesas de dois transformam-se em mesas de grupo, nas quais homens e mulheres socializam, entre alguns olhares mais cúmplices e sorrisos e gargalhadas de quem está a viver uma experiência que já valeu a pena. Desconfio que tenha havido alguns casos de «match» nesta noite. Não aconteceu comigo. Mas quem sabe, se não acontecerá numa próxima oportunidade.

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Texto: Sofia Santos Cardoso | Fotos: Pixabay

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