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A Serra. As últimas cenas de Maria João Abreu: Sãozinha vai para um convento

26 Novembro, 2021

A trágica morte da atriz levou a uma reviravolta da sua personagem na história de A Serra. Desta forma, a padeira deixa uma emotiva carta aos filhos.

A 30 de abril, quando se encontrava a gravar A Serra, Maria João Abreu foi vítima de um aneurisma. Depois do seu triste desaparecimento, logo se levantou a questão relativa ao futuro da personagem Sãozinha. E, finalmente, depois de várias especulações, sabe-se agora qual o destino que coube à mãe de Tozé, Jacinta e Guida.

Assim, nas últimas gravações, vemos Sãozinha colocar uma chaleira ao lume para fazer chá. Toca o telemóvel e, distraída, tira a chaleira do lume, mas deixa-o ligado. Pouco depois, abre a porta de casa, encosta-se à ombreira e uma corrente de ar apaga o bico do fogão. Ela não repara. Entretanto, desliga a chamada. Agarra na fotografia dos filhos e sente um odor estranho no ar. No fogão, o gás continua ligado.

Mais tarde, Salvador passa pela casa da família Grilo.
Sente um cheiro estranho no ar e bate à porta. Ninguém responde. Entra e sente o cheiro a gás. “Dona Sãozinha, acorde!”, grita. Ela está desmaiada e não se mexe. Quando se prepara para lhe fazer respiração boca-a-boca, ela recupera os sentidos. Está muito apática e tem dificuldade em manter os olhos abertos. “Tudo a andar à roda, valha-me Deus…” Jacinta leva-lhe leite e a padeira olha, atordoada, para Salvador: “Ai que me ia finando e nunca mais via os meus ricos filhos!”

“Tenho de expiar estes pecados”

No dia seguinte, Hortense vai ter com Jacinta e revela que encontrou duas cartas de Sãozinha no altar da senhora da Boa Estrela. “Uma é dirigida a ti e aos teus irmãos e a outra é para o Salvador.” Jacinta dá a carta ao namorado, que lê alto. “Meus queridos filhos do meu coração, ontem Deus mandou-me um recado que não posso ignorar. A noite foi reveladora e percebi que tenho de expiar estes pecados todos que trago comigo, todas as vezes que disse ou pensei mal de alguém. Sonhei que o meu lugar é ao serviço de Nosso Senhor, de maneira que vou penitenciar-me com um voto de silêncio e reclusão para o convento da Ordem das Cândidas, longe de Fraga Pequena, longe de tudo. Não vão conseguir impedir-me de seguir a minha fé, por isso nem vale a pena tentar.” Ficam incrédulos.

 

“Sentiu o chamamento”

De seguida, o filho de Carminho prepara-se para ler a sua carta, mas Jacinta tira-a e começa a ler. “Salvador, aceita o meu mais sincero pedido de desculpas por todo o mal que te fiz. Tu és um anjo. Obrigada por me teres mostrado um caminho novo. E, por favor, cuida da minha Jacinta, sei que ela não é fácil, mas tu tens fibra para a aturar.” Já em casa, os três irmãos estão reunidos e ainda em choque.

 

Hortense entra. “Eu já liguei para a Ordem das Cândidas, ela está mesmo com as freiras.” Eles querem ir ter com a mãe, mas Hortense ordena: “Parou! Vocês não vão a lado nenhum. Respeitem a decisão da vossa mãe. Se ela foi para um convento é porque sentiu o chamamento de Deus. Decidiu seguir um caminho diferente. Quem somos nós para interferir? A vossa mãe está bem, está entregue a Deus.” Os irmãos entreolham-se.

 

Sentimento de culpa

Guida fala com Remi. “Tem de conhecer a minha mãe”, diz a jovem. Ele força um sorriso. “Um dia desses vai ter de ser. A vossa mãe criou-vos sozinhos… Passaram dificuldades?”, pergunta. “Então não? Lembro-me de estarmos sempre com a corda ao pescoço.” Ele tem um sentimento de culpa.

 

Ausência dolorosa

As cenas da leitura das cartas foram feitas já depois da morte da atriz, pelo que a emoção tomou conta dos atores.

 

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Texto: Mário Rui Santos; Fotos: Divulgação SIC

 

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